Lembrarmo-nos dos mortos é mantê-los vivos. Não esquecer de onde viemos, a meu ver, é importante. Nunca! Mas nunca ter vergonha das nossas origens e valorizarmos quem considerarmos que valor tem.
Outro dia uma amiga colombiana estava indignada porque alguém achou que o Garcia Marquez era mexicano ou argentino. Outra amiga não viu grande indignação em tal. Mas quando alguém disse que houve um outro alguém que achava que o Gilberto Gil era africano essa amiga entendeu o porquê. Da minha parte, sem patriotismo, também sinto orgulho de dizer que o José Saramago, o Agostinho da Silva, a Vieira da Silva, o António Damásio, a Paula Rego, do José de Almada Negreiros, do Mário Botas, entre outros são meus conterrâneos. Sim, sinto orgulho! Como sinto orgulho do Gilberto Gil, do Jorge Amado, da Elis Regina e outros serem brasileiros e terem contribuído para a minha formação enquanto cidadã do mundo. Ajudaram e ajudam a formar a minha sensibilidade.
Hoje é o aniversário da morte do escritor Al Berto e também do cantor e letrista de António Variações e do nascimento de poeta e escritor Fernando Pessoa.
Também dá estilo dizer que a minha falecida mãe frequentava o cabeleireiro do Variações em Lisboa lá nos anos 80. Mas o que dá mesmo estilo é sabermos que a escrita, a música, a pintura e outras artes e ciências saem para o mundo e que são pauzinhos na engrenagem neste nosso viver efémero, mortal e imortal na medida de quem se lembra de nós e nos valoriza.
Ana Piu
Brasil, 13.6.2014
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