quinta-feira, 5 de junho de 2014

AVÔ

Gosto de pessoas assim. Lembra um dos meus avôs. O que mais admirava nele era conseguir visualizar um jogo de futebol a partir do relato saído de uma telefonia. Entre um cigarrinho de enrolar e um ajeitar de óculos e boina na sua marquise ao domingo à tarde la´iá escutando aquela voz nervosa e frenética até chegar ao infindável Goooooooool. Também admirava certa rima proferida com a mão no queixo e olhar fixo na memória octogenária:
Galo, pirum, pavão
chapéu, boné, barrete
eu já vi um gato a ler
e uma formiga a tocar clarinete.

Acho que esse surrealismo dadista rural que tanto prezo é em parte devido ao meu falecido avô. Gosto dos figuras que com arame resolvem uma série de coisas, nomeadamente o quebrar das lunetas.




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