terça-feira, 24 de junho de 2014

DIÁRIO DE BORDO (algumas ideias aparentemente soltas com uma imagem que aparentemente não tem a ver com o texto)



Meu querido diário, penso que o jogo já acabou. Será que o Brasil ganhou? Ouvi um Gooool e uns foguetes. Jogar em casa acaba sempre por ser jogar em casa. De vez em quando quem vem de fora dá umas abanadas. Umas lufadas de ar fresco. Penso nos artistas estrangeiros que enriqueceram o Paris do século XX e agora enriquecem Berlim do século XXI. Circular cria novos olhares e outras ousadias. Ontem falei ("disse" em português de Portugal) para um grupo de crianças dos seus 10, 11 anos que não estavam a acolher um outro de 6, 7 por ser mais novo: Quem já viajou aqui? (alguns responderam os destinos) Quem sabe o que é se sentir estrangeiro? (ficaram calados) Quando vimos de fora é gostoso sentirmos nos acolhidos. Não nos sentirmos estrangeiros, ao limite.

O jogo já deve ter acabado. Não sei quem ganhou. A menina Flor encontra três papelinhos iguais com um adesivo a uni-los. São três ingressos ("bilhetes" em português de Portugal) onde vem escrito o seguinte: Quanto vale a arte? Para os artistas ela vale a própria vida. E para você? Quanto vale? Fazer um espetáculo com "Ingressos no Chapéu" não significa que não custa nada, porque é trabalho de muitos e trabalho custa. "Ingressos no Chapéu" é o modo que encontramos de oferecer a você a possibilidade de dar o seu valor à arte que está vivenciando. E que este valor seja exatamente do seu tamanho. E do tamanho do que esta arte fez com você!"

Meu querido diário, é bom quando nos valorizamos uns aos outros. É o que tenho para te dizer às 20 horas e 11 minutos do horário de Brasília do 12 de Junho de 2014.

Ana Piu
Brasil, 12.6.2014
imagem: Marc Chagall

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