sexta-feira, 6 de junho de 2014

BREVES NOTAS SOBRE BRAZIL DO PONTO DE VISTA DE QUEM VEM DE FORA

Em 1996 atravessar de carro o Rio de Janeiro, depois de chegar ao aeroporto internacional, é ter uma ideia nítida das diferenças de realidade social. Chegar a Copacabana é ter uma breve noção das discrepâncias que convivem lado a lado. As pessoas, de uma maneira geral, são simpáticas. Sorriem quando sorrimos. Gentileza gera gentileza. Mesmo que o sorriso seja de ocasião é sempre amistoso a troca de sorrisos.

Em 1999 o aeroporto de Salvador dava as boas vindas ao passageiro com suas belas palmeiras e aquele calor que amacia o peito e faz sorrir o ânimo. Praias bonitas umas vezes mais limpas, quando distantes da população. Um esgoto a céu aberto atravessa a cidade de Salvador da Bahia. Bahia é o Estado onde a luta pela identidade negra é efetiva.

Em 2000 chegar até ao aeroporto de Manaus a natureza dá as boas vindas ao passageiro com uma paisagem verdejante e luxuriante. O encontro das águas entre o rio Negro e o rio Amazonas é imperdível quando se desce para Belém do Pará ou se sobe para o Peru por barco. Manaus em 2000 é uma cidade suja com sinais decadentes de outros tempos áureos. O índio é um ser esquecido que ao limite  não é considerado cidadão brasileiro.  Também há que perguntar se os mesmos estão interessados serem brasileiros.

Em 2012 chegar ao aeroporto de Vira Copos é chegar ao Estado mais rico do Brasil. O Brasil é uma manta de complexidades. Pela sua imensidão existem muitas consciências. É espiritual e materialista. Consumista e alternativo. Com e sem consciência de cidadania. Tem muita gente. Oligarquias enraizadas, pessoas querendo romper essas oligarquias que enraizadas não abrem mão dos seus privilégios. Para quem vem de fora e se disponibiliza a a estar atento percebe que Gentileza gera Gentileza. Para quem vem de fora, forças de expressão como :"O que eu tenho é vontade de lhe dar um tiro na cara","Aaaaahhhh se ele não cumpre com o devido manda matar" ssão igualmente chocantes como as extensões enormes de favelas e dos condominios de luxo extremo. . Essas expressões, para quem vem de fora, são chocantes porque naturalizadas. Mas o mote diário de "Gentileza gera gentileza" é transversal desda a pessoa que dignamente vive numa favela à pessoa que vive numa condição melhor, fruto do seu trabalho. Quem vem de fora pode sentir que os sorrisos são sinceros e esperançosos de que vai dar tudo certo. Para quem vem de fora é essa a grande beleza do povo brasileiro de uma maneira geral.  Gentileza gera gentileza.

Ana Piu
Brasil, 6.6.2014



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