sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

PEIDAR NO MAIÔ


Meu querido diário, continuarás a ser querido mesmo quando tenho arrepipes. Meu querido diário,repito, hoje aprendi duas novas expressões:" Caguei no maiô" e "Peidar na farofa." Confesso que, apesar de ser muito educadinha e polida (só às vezes), foi uma grande galhofa descobrir tais imagens. Já vejo aquelas coreogragfias dos 70's e 80's. Tudo muito aeróbico. Tudo fantástico plástico. Uma espécie de paracetamol das derrotas da igualdade, liberdade e fraternidade. Uma vez mais. E o peace and love que amorteceu dores de três guerras consecutivas, esvaindo-se em desistência. Devaneios de de uma juventude consumista.

Hoje caguei no maiô. Cansei das piadas boçais contra minorias maioritárias. Piada de preto, de bicha, de portuga, de brazuca, de mangolé, de alentejano, de pobre, de analfabeto. Cansei dos piadistas que alegam que a revolução urge, mas que se esquecem de se revolucionar por dentro alterando o seu humor. Cansei de algumas vitimas da crise que chorão por ter só um carro em vez de dois e que já não podem ir ao restaurante todos os dias. Cansei e caguei no maiô. Caguei com carinho (que linda imagem). Peidei na farofa. Foi tudo pelos ares. Assumi o papel de má da fita. Da vilã que se dá ao trabalho de ir direito à farofa e peidar. E assistir a esse imperdível espetáculo visual. Caguei no maiô, porque a coreografia dessa revolução dos portadores de cartão de crédito já cheira mal. Quando eu lavar o maiô eu volto.

Meu querido diário, isto não era para estar no meu mural e sim num grupo restrito. Mas sabes, querido diário, a urgência de mudar o paradigma parece-me universal. Eu sei que não vou mudar o mundo com discursos peidolas. Mas é isto que eu sinto, meu querido diário. Queres continuar a ser querido para mim?

ass: a tua cagona

A piU
bR, 19 Jan 2013

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