sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

O ECO DO EGO

Na calada da noite o homem abriu a janela. Respirou fundo. Lá fora 7 graus negativos. O frio queimou o rosto. Primeiro silabando depois ganhando força: " Eu não sou um poço de virtudes tudes... tudes... tudes." Do outro lado do bairro, no quarto prédio a contar da direita, uma luz acendeu-se e alguém gritou: "Atitude! Atitude! Eu fico boçal com a boçalidade.... idade ..... idade....idade." Uma outra luz e outra e outra e mais uma voz:" Idade. Leviandade. Eu não tenho idade para isto.... isto...isto...isto."; "Quisto. Tenho um quisto no olho.... olho... olho...." Mais janelas. O bairro inteiro. "Isto ainda vai dar molho" gritou uma voz ruiva sem sobrancelhas." Não sou tolerante com a intolerância... ânsia...ânsia...ânsia " E duas e depois três janelas bradaram:" Não queremos estar sós.... sós.. avós... riquechós.... paletós.... ós...ós...ós" E as vozes misturavam-se.
Alguém lá em baixo passavam duas bicicletas; descendo a rua a toda a bisga. Um rapaz  que só se via a ponta do nariz e uma mulher que parecia um esquimó. "IIIIIIUUUUUUUUUUUUUUU" gritaram de alegria e satisfação da adrenalina das janelas abertas cheias de vozes que aqueciam o ar com pequenas nuvens e da quela descida hilariante numa terra tão plana.
"CHIIIIIUUUUUUU! Queremos dormir!" gritou o bairro inteiro em uníssono.

A piU
Br,  18 jan 2013

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