quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

O MEU NOVO FUTURO VIZINHO DA MINHA NOVA FUTURA CASA

Dedicado à minha amiga Fernanda Cardoso com a frase que trago no título




Outro dia entabulei com o meu novo futuro vizinho da minha nova futura casa na Mouraria.Um artista.Um rapaz muito prendado. Ao que consta o país de onde ele vem, lá para os lados da terra do pai Natal mas um bocadinho mais a baixo, paga para ele escrever à luz do sol trigueiro e melancólico da minha linda e algo neurótica cidade. Debaixo dos raios que batem sobre o rio  e que bateram sobre a alma e o punho de Fernando Pessoa o meu novo vizinho da minha nova futura casa na Mouraria agaureleja com sua escrita paisagens românticas de pessoas ora doces ora mais mal criadas que as pedras da calçada quando atiradas das ameias do Castelo de São Jorge. Oh Castelo de são Jorge que beleza tu nos oferece! Dando-nos a oportunidade de vislumbrar um bonita e bela paisage sobre Lisboa. Nem parece que as pessoas andam com uma depresão miudinha desde o tempo de Dom Sebastião. O meu futuro vizinho da minha nova futura casa na Mouraria acha very tipical as pessoas que voziveram por tudo e por nada de modo irritadiço. O meu novo futuro vizinho da minha nova futura casa na Mouraria pensa na língua dele:" Que castiços! Isto é alma do fado." O meu futuro vizinho da minha nova futura casa na Mouraria é bom rapaz, digamos que também cultiva a depressão. Mas eu até acho que a cultiva porque sabe que lhe dá glamour. .... Ou talvez não... Talvez não cultive coisa nenhuma.... Talvez, o facto de que sobre o mar Negro os raios de sol reflectem timidamente... Ou será que foi porque os happy sixties roubaram os seus pais? O meu novo futuro vizinho da minha nova futura casa na Mouraria pergunta-me se houve happy sixties para os meus pais. De imediato respondo-lhe que não. Esses tais happy sixties foram riscados a lápis azul debaixo da narigueta dum Zé Mandão com voz de cana rachada."Aaaaaahhh!" responde-me o  meu novo futuro vizinho da minha nova futura casa na Mouraria... E continuo:"Ser Pessoa ou ser Fernando na época do Ze Mandão com voz de cana rachada era uma aventura que nem te digo nem te conto. Uma espécie de "Em busca da liberdade perdida na Floresta Negra" ou "Caça às bruxas em 48 anos. as há pessoal por aí que acha que era muita booom comer sopinhas de pão com vinho desde os 5 anos e dividir uma sardinhita anémica por 7.Talvez, com a entrada na (des)união europeia tenham comido muito queijo rockfort e tenha esquecido de tudo. Também dá medo lembrar uma época onde o pessoal até tinha medo de dar uma bufa de cereja. Imagine-se que que deixava um selo vermelho na cuequita!? A pessoa podia ser apontada como desacatodora. Uma bufa vermelha!!? Nem pensar!" O meu novo futuro vizinho da minha nova futura casa na Mouraria pergunta então:" Mas essas pessoas ainda estão vivas?" E eu respondo:
" Algumas sim outras não. Algumas sobreviveram outras o Zé Mandão com voz de cana rachada mandou-lhes limpar o sebo.; "Pois (repare-se na capacidade de adaptação do meu novo futuro vizinho às expressões locais), o século XX não foi nada fácil. Acho que os happy sixties são "só" um analgésico das duas grandes guerras."; "Pois, pois (para não ficar atrás na minha lusitanidade) esperemos que o século XXI seja diferente.";"Pois, pois, pois (disse o meu novo amigo, futuro vizinho da futura casa que demonstrou afinado sentido do humor para os meus parâmetros) esperemos mesmo."

Depois eu penso:"Um dia, se todos quisermos, o meu país vai ser um mix entre a terra do pai Natal, com cheiros mediterrãneos e energia tropical e um grande e inconfundível sorriso afro. Um dia, se todos quisermos, o meu país vai ser o Mundo sem Zés Mandões com voz de cana rachada, nem aldrabões e manhosos com carinha de sonsos e sorrisos de Dom Juans, nem Tios Sam de cartoleta e um dedorro espetado para mim e para ti, nem seremos obrigados a comer arroz tchau tchau (arroz "adeus vai-te embora, ser descartável") todos os dias. Um dia ainda gostava de ver e viver esses tais happy sixties.Mas com pinta! Sem folcolore! Bom, mas para já para já vivo o hoje que também é preciso e necessário.

A piU
Br, 9 de Janeiro de 2013

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