quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

FIQUE À VONTADE


"Fique à vontade. Mas não beba o wisqui todo." Era o que um professor de matemática dizia no meu 7ºano (13 anos) quando alguém ia resolver um exercício ao quadro/ loza. Foi o único professor que me fez gostar de matemática. Ficava até altas horas da noite resolvendo exercícios como se fosse um jogo. A matemática tem regras. Supostamente,a matemática é lógica. "Para que serve a matemática?". Quantas crianças já perguntaram-se quando tomam o ensino como algo enfadonho e sem sentido? Quantos adultos se perguntam: "Mas para que serve isto?". Muitas vezes essa pergunta é feita com intuito de encontrar um sentido para a própria pessoa.

Naquele ano tomei o gosto pela matemática, pois esse tal professor além de saber de matemática tinha gosto em partilhar esse conhecimento. E um elemento importante! Punha os alunos à vontade para tomarem o gosto. E não ter medo de errar e de experimentar não contribuirá para tomar gosto esse tal gosto? Se a pessoa já vai com receio de não acertar, com a preocupação de não ser o number one sem processo algum a pessoa bloqueia. A quem não bloqueia, tiro eu meu chapéu. Mas receio que lá mais na frente ou no momento não é senão um soldadinho de chumbo cuja a alma se disfuncionalizou.

Porque é que não se estuda matemática nas ciências sociais, nas línguas, nas artes? Porque é a música, cuja a sua lógica é matemática e onde o poder criativo caminha de mãos dadas, não é levado a sério no sistema de ensino? Será que é porque o sistema está falido? E porque está falido? Porque, mesmo com discursos com pretensões democráticas e libertárias ou libertadoras, consoante os gostos, o objetivo é formar soldadinhos de chumbo. Soldadinhos que até acham que são livres e com sentido crítico, mas não passam de soldadinhos de chumbo que de vez em quando esperneiam como crianças birrentas. Esperneiam e reclamam, mas tudo continua no seu lugar. E um dia, com sorte, o soldadinho de chumbo é condecorado com uma medalha de casca de cebola porque reproduziu a missa todinha que se esperava. E os que não reproduzem a missa todinha? São engavetados onde? Colocam-lhes à lapela uma estrela amarela, ou uma lua lilás ou um arco íris de uma só cor e mandam-nos de trem fazer uma bela de uma viagem sem regresso? Não será que ao invés de deixarmos que as regras nos usem sermos nós a usar as regras como numa composição musical, cuja lógica matemática espreita a cada esquina do viver?

A piU
Br, 9.Jan.203

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