segunda-feira, 22 de outubro de 2012

TRIBUTO AO ZÉ RAMALHO

Meu querido diário,

Ontem, bem pertinho duma catedral do consumo, passei por um ponto de ônibus onde estava escrito:” Pessoas ricas tudo filho da puta e miseráveis.” Voltei atrás e apontei no meu bloquinho cuja a capa tem um galo de Barcel

os, com olhos de carneiro mal morto, engaiolado dizendo Piu Piu.
A custo entrei nessa tal de catedral igual a tantas outras em outras tantas partes do mundo. Magotes de gente circulando, saracoteando lá dentro. Comprando ou olhando as montras e comendo aquela tal de comida a preços catedráticos.

Oh carga de trabalhos tentar resolver coisa que não tem solução ou fica dificil de resolver! Lá voltei para casa quase resignada que aquele pacote de internet em que me meti é uma absoluta treta.... Mas uma coisa estou quase certa! Qualquer dia já posso recitar o meu cpf como se dum poema tratasse!! Hhhhooooommmmmmmrrgghhhhhmmmmmmmhhhhhhmmmmnnnnmmm

Volto a casa. Mesmo com a net aos bochechos e caprichosa, que só visto, a noticia corre depressa. O Zé faleceu. O chat/ bate papo fica aberto e o quintal tá logo ali ao lado para descomprimir. Primeiro às cegas e depois de peito caído. E com tantas voltas que o mundo dá é nestes momentos que concluo e confirmo o carinho muito especial que nutro pelos meus amigos, mesmo quando andamos aos calduços.

Hoje, finalmente, consigo visionar o video que o Adriano me enviou sobre a classe média paulistana, mais as suas “virtudes”. E volto a lembrar-me da frase no ponto do ônibus. (Desculpem lá ó tugalhada se a o meu linguajar se está a colinisar!).
E vai daqui e vai dali e vou ter a uma palestra do Mário Cortella (“Voçê sabe com quem está falando???) onde fala da nossa insignificância neste cosmos imenso.

E volto a lembrar-me do Zé, depois duma caminhada onde a alma se foi lavando com minutos de silêncio, várias lágrimas e um monte de pensamentos cá dentro. E no meio de tanto pensamento veio este:”Temos responsabilidade de alimentar a nossa paz interior enquanto cá andamos. É uma obrigação homeopática, acho. Previne arrepipes na nossa saúde física e mental. E a paz interior não é aquela COISA “do viveram felizes para sempre”. Andamos para aqui na corda bem e para mantermos equilibrados teremos de fixar um ponto. Técnica! ;) E respirar. Outra vez técnica! Relaxar! Técnica! Sentir! Técnica (?!?!) Sentir ensina-se? Aprende? Ou exercita-se?

Não cultivo o hábito de idealizar as pessoas, principalmente quando falecem. Gosto de me recordar dos momentos. Do Zé recordo-me do seu olhar vulnerável naquele corpo desajeitado e de gestos desajeitados com um coração desajeitado, mas enorme. Aquele ar de menino mauzão e cruel, mas de gestos e sentimentos também nobres. Gosto de ti Zé! Porque és, ou eras (?) uma pessoa como eu, como nós. Com uma doçura monstruosa! Com um monstro, que amansado, era um Toucinho do Céu. E crescemos tanto quando assumimos os nossos monstros, as nossas vulnerabilidades, a nossa imensidão insignificante neste cosmos infinitamente infinito.

E há tantas maneiras de sair das nossas gaiolas e sermos ricos. Por isso aquela frase, do ponto do ônibus, cheia de revolta deixa de fazer sentido. Só fará numa lógica de consumo e poderzecos caducos mas existentes...

Não apontei no meu caderninho como queria homenagear o Zé Ramalho, pois está inscrito no meu peito. Espero sinceramente que o seu peito se tenha erguido num paz profunda. Quem sabe de monóciclo com a boina à banda. :)
Abraço muito especial para ti, da reguilona para o reguilão!!! ;))))

a piu
br, 22 de Outubro de 2012

Sem comentários:

Enviar um comentário