A solidão é um
mal necessário. A solidão é um mal? Necessário? Somos um, mesmo quando queremos
ser dois ou muitos somos um ser uno, então estar só faz parte do processo de
não estar só(?). A solidão é um vácuo que fica por preencher. Podemos preencher
com ruído, com silêncio, com palavras, com ações, com imobilidades.Podemos
simplesmente aceitar que a solidão espreita a cada instante. Que está lá. Não é
um mal, nem um bem. É um estado.
Os amigos nós
escolhemos, a família não. Os amigos, que não precisam de ser de longa data mas
que o podem também ser, adivinham os nossos vazios e estendem a mão, abrem o
peito. O olhar, a voz, o silêncio, o sorriso ou a ausência do mesmo são sinais
que os amigos nos concedem para os entender e estendermos a mão e abrirmos o peito.
“Não somos
educados para a diferença”, diz-me uma amiga que é professora primária, a mesma
que mal eu cheguei em terra alheia com uma filha em cada mão me estendeu a sua mão,
abriu o peito e a sua casa.
A minha amiga vai
fazer uma pesquisa na área de educação com um grupo indígena. Quando ela
apresentou o seu projeto logo lhe disseram que não estavam interessados naquele
foco, mas que se ela quisesse poderia trabalhar sobre a inserção dos indígenas
na escola e a sua (não) desistência devido à estigmatização por eles sofrida.
"Que interessante, disse-lhe, que eles definam o conteúdo do seu trabalho
segundo as suas necessidades. Faz todo o sentido. Se é para produzir
conhecimento que o seja em função de algo concreto e necessário."
O que nós achamos
melhor, nem sempre é o melhor para os outros. Mas podemos melhorar se nos
escutarmos e escutarmos o que nos rodeia. Talvez não temos de ser uma grande
família, nem sermos todos amigos. Mas escutarmos o silêncio, a dança da vida a
coisa já vai ou dá para ir.
A piu
Br, 9 de Outubro
2012
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