Chove tanto
lá fora. Como vou sair daqui? Tanto calor que é preciso refrescar. Às vezes é necessária
uma tempestade para limpar tudo. Pelo menos para refrescar. Para que a chuva se
confunda com as lágrimas e com o riso. Estou do outro lado do mar e não sinto
saudades de voltar, mas sinto vontade que algo mude aliviando as pessoas. Temo
por Portugal e pela Europa. Temo que uma noite longa e escura se aproxime.
Oxalá que não! Oxalá que não! Quero pôr-me a salvo. Será egoísmo ou instinto de
sobrevivência? Tanta gente que por lá continua e que eu quero e desejo bem. Oxalá
que tudo tome um rumo respirável. Oxalá. Quem manda não sabe mandar. O que
pretendem então? Enlouquecer as pessoas? É sinistro. Muito sinistro. Quem está
a poder vir embora, vem. E quem quer ficar? Não tem direito? Ou passa a ser um
miserável estranho no lugar onde nasceu? É sinistro. Oxalá que tudo tome um
rumo refrescante. Enquanto isso, aguardo que a chuva pare, aguardando que tudo
se refresque.
A Piu
Br, 5 Out
2012
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