Lá nos "malditos" anos 80s, aquando da ressaca de tudo fazer e de tudo experimentar, surgiram por entre a cacofonia do disco sound, vulgus boite, os pós modernos. " Ah! Tá tudo feito! Tá tudo criado! Nada de novo aqui na terra! Oh mundo cão
globalizado, homogénio, sem sentido! Estamos cansados!"
Entretanto veio o boom da Pina Baush. Iuuu que maravilha! Toda a minha gente que se queria, cria e dizia contemporânea lá andava no enlaço da Pina. Porém, todavia, no entanto podiam imitar a forma, mas o contéudo, a alma!... Hmmmmmm Isso não se imita. Trabalha-se, desenvolve-se. Talvez seja essa a diferença entre imitação e inspiração. Em simultâneo apareceram os La Fura Del Baus. Eta! Eta!A provocação banalizou-se. Tal foi a fama, que o espectador antes de se surpreender já esperava ser surpreendido. Surpreendido andava com o seu entusiasmo e deslumbramento. Enfim, virou-se o feitiço contra o feitiçeiro.
E salta uma questão:" A partir do momento que se banaliza o "inovador", quando algo passa ser uma fórmula continua a ser arte? Mas a também há arte que vem da tradição. Bom, mas bom! Falamos de fórmulas esvaziadas de conteúdo, prontas para consumir e deitar fora."
Desde pequenita escuto as seguintes frases: "O que aqui vai não vai na nossa aldeia"(por muidos: "Olha lá a baderna!"), "Uma mão cheia de nada e outra de coisa nenhuma."
Gosto especialmente da última. Gosto tanto que a certa altura decidi entitular um espectáculo meu com tal palavrio e dizer.
Qual não foi o meu espanto, quando a Paula Só, que me dirigia, avisa que o Teatro O Bando já tinha um espectáculo, levado à cena nos 80s, com esse título.
Bem, vivemos no mesmo mundo e como tal seria pretensioso achar que o nosso imaginário é único. Memórias coletivas e interesses que convergem andam por aí, voláteis. Ainda bem que fui avisada a tempo! Como não gosto de plagiar, nem que me plagiem...
E novamente salta uma questão:" Plagiar e inspirar. Onde começa uma e acaba a outra?"
E numa respiração profunda fecho os olhos.
Quantas pessoas já fecharam os olhos depois duma respiração profunda?
E penso.
Quantas pessoas já pensaram, pensam e pensarão?
Espero que muitas, para que possa me inspirar nas mesmas.
Saber que não estou só. Que não estamos sós. Que o que aqui vai não vai na nossa aldeia. Que o que aqui vai também vai na nossa aldeia.
Respiro profundamente. Abro os olhos. Olho para uma mão que está cheia de nada e para a outra de coisa nenhuma.Olho à minha volta e percebo que não sou a única, nem única. Uffff. Respiro com algum alívio.
A pIu
br, 8 de Outubro 2012
Entretanto veio o boom da Pina Baush. Iuuu que maravilha! Toda a minha gente que se queria, cria e dizia contemporânea lá andava no enlaço da Pina. Porém, todavia, no entanto podiam imitar a forma, mas o contéudo, a alma!... Hmmmmmm Isso não se imita. Trabalha-se, desenvolve-se. Talvez seja essa a diferença entre imitação e inspiração. Em simultâneo apareceram os La Fura Del Baus. Eta! Eta!A provocação banalizou-se. Tal foi a fama, que o espectador antes de se surpreender já esperava ser surpreendido. Surpreendido andava com o seu entusiasmo e deslumbramento. Enfim, virou-se o feitiço contra o feitiçeiro.
E salta uma questão:" A partir do momento que se banaliza o "inovador", quando algo passa ser uma fórmula continua a ser arte? Mas a também há arte que vem da tradição. Bom, mas bom! Falamos de fórmulas esvaziadas de conteúdo, prontas para consumir e deitar fora."
Desde pequenita escuto as seguintes frases: "O que aqui vai não vai na nossa aldeia"(por muidos: "Olha lá a baderna!"), "Uma mão cheia de nada e outra de coisa nenhuma."
Gosto especialmente da última. Gosto tanto que a certa altura decidi entitular um espectáculo meu com tal palavrio e dizer.
Qual não foi o meu espanto, quando a Paula Só, que me dirigia, avisa que o Teatro O Bando já tinha um espectáculo, levado à cena nos 80s, com esse título.
Bem, vivemos no mesmo mundo e como tal seria pretensioso achar que o nosso imaginário é único. Memórias coletivas e interesses que convergem andam por aí, voláteis. Ainda bem que fui avisada a tempo! Como não gosto de plagiar, nem que me plagiem...
E novamente salta uma questão:" Plagiar e inspirar. Onde começa uma e acaba a outra?"
E numa respiração profunda fecho os olhos.
Quantas pessoas já fecharam os olhos depois duma respiração profunda?
E penso.
Quantas pessoas já pensaram, pensam e pensarão?
Espero que muitas, para que possa me inspirar nas mesmas.
Saber que não estou só. Que não estamos sós. Que o que aqui vai não vai na nossa aldeia. Que o que aqui vai também vai na nossa aldeia.
Respiro profundamente. Abro os olhos. Olho para uma mão que está cheia de nada e para a outra de coisa nenhuma.Olho à minha volta e percebo que não sou a única, nem única. Uffff. Respiro com algum alívio.
A pIu
br, 8 de Outubro 2012
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