domingo, 28 de outubro de 2012

AS AVENTURAS DA TURMA DO PEDRINHO I


Em 1500 Índios brasileiros descobriram Cabral perdido no mar. À deriva andava há coisa de 44 dias. Assim que avistou terra gritou:”Chamuça! Chamuça!” Não obteve resposta tentou outra palavra, pois soletrar “Chamuça” com a boca naquele estado não era fácil. E bradou:” Badia! Badia!” E no momento do “D” sentiu uma forte dor. Talvez aqueles indianos não comessem nem chamuças, nem badias... Não sabiam o que perdiam. Não se aventurou a soletrar “Garlica nan”, muitas consoantes para a sua enferma boca...
Pedrito só veio a terra para beber um suco de laranja, porque estava com escorbuto. Os índios que o esperavam ofereceram-lhe um suco com açúcar e muito gelo.. Pedrito sentiu alívio, mas aquele sabor tão adocicado era novo para Pedrito. Logo o corpo começou a relaxar. Um monte de índias rodeou, farejando a sua roupa de rendas fétidas. Mantiveram o seu sorriso diplomático, embora tivessem todas sentido náuseas. Levaram-no para um riacho ali próximo, bem no meio do mato. O rapaz assustou-se olhando aquela beleza luxuriante, aquela natureza indomável e guinchou:”Aaaaaahhhh isto é obra do diabo!!!” Mas pegajoso como estava com a sujidade que se diluia em suor, aceitou o convite deixando-se levar. Meloso estava também, sentia-se o maior garanhão de todos os tempos.
Já não via mulheres há um bom par de semanas. Achava que iria andar sempre junto à costa, já que seria esse o caminho marítimo para a Índia. Porém, certa noite, durante uma enorme tempestade Pedrito acordou em sobre salto!! Um sonho terrível agoirava infortúnio!! “Nãããããooo! Vamos passar ao largo do cabo das tormentas. Afastarmos-nos desses monstros terríveis que roubarão o nosso espírito e nos colocarão para todo o sempre! Vamos pelo meio do mar!” A sua turma, a turma do Pedrinho aceitou, aliás obedeceu entre rum e umas beliscadelas nas três mulheres que tinham trazido para uma tripulação de quarenta homens. Pedrito não se misturava. Homem de finos hábitos, deixara a sua noiva chorando em frente ao mar acenando um lencinho branco, enfiada num cinto de castidade. Não se sabe se chorava pela partida de seu ilustre noivo ou se pela revolta de estar trancada.
Pedrito e a sua turma partiu de Belém no dia 8 de Março de 1500 pelas 7 e 5 minutos. Hora combinada por todos, no dia anterior. Muitos nem foram a casa, vieram diretamente da noite do Cais Sodré. Nesse mesmo dia, depois da caravela partir, a noiva de Pedrito organizou um grupo de mulheres, cuja a causa era:”Mulheres castas de Portugal inteiro, libertai-vos de vossos cintos!” A noiva de Pedrito, Maria Joaquina, já tinha alguns contatos feitos. Soldadores, arrombadores de fechaduras e barbeiros. Maria Joaquina tinha preparado um intenso projeto de emancipação. Além de se libertarem, temporariamente de seus cintos até seus noivos e maridos voltarem, tinha o ensejo de cortar o seu bigode e das suas conterrâneas. Tinha entrado em contato com as três mulheres que acompanhavam a tripulação. O combinado era comunicarem-se entre si através de breves mensagens em caldeirões. Tudo pela calada, claro. Porque se não já sabiam o que as aguardava! Um spa na fogueira mais próxima. Porém, até hoje é comemorado dia 8 de Março como o dia da emancipação das mulheres.
Entretanto uma das índia começou a dançar o samba e Pedrito logo se enamorou. As portuguesas não sambavam, aquelas choronas! As outras índias distribuíram-se pela turma do Pedrito. Não sem antes lavarem as suas partes baixas e altas no dito riacho. Há registos que aquele riacho foi o primeiro do planeta a ser fortemente poluído. Até hoje o planeta terra sofre esses fortes impactos ambientais devido a tal episódio.
Desencardidos os corpos, fizeram um churrasco e ficaram até altas horas da noite. Uns pegaram gripe... Foi aí que umas das três cortesãs teve uma ideia!! “Deem-me um punhado de açúcar para eu colocar sobre estas rodelas de cenoura! Verão que com esta mezinha curarei a vossa gripe!”clamou a portuguesinha atrevida. Nesse mesmo instante a pobre criatura foi acusada de bruxaria por seus compatriotas. E começado o churrasco aproveitou-se a deixa e naquele vai vem de primeiras entabulações regados com muito rum, a cortesã foi degustada para horror da turma do Pedrito. Assim, feitas e realizadas as primeiras entabulações perceberam que estavam na companhia de canibais.
Porém já era tarde. Essas entabulações deram origem a seres mestiços e a que os índios, ofendidos, na sua virilidade e no facto de não terem sido convidados para o banquete tenha causado tamanha revolta. Foi então que de flecha em punho confrontaram os copinhos de leite sabichões. Estes ainda imploraram clemência pois era dia 22 de Abril, dia da ressurreição do senhor, dia de Páscoa. Os índios não tiveram dó e limparam o sebo a quem não conseguiu fugir. Pedrito foi poupado pois a sua apaixonada índia era filha do cacique. Os sobrevivente, atordoados e amedrontados mandaram vir, de terras lusitanas, reforços. Franciscanos e Jesuítas galgaram o mar por aí afora. Para treinar o espalhamento da palavra de deus, começaram a pregar aos peixes.
Chegando a terra amuados os franciscanos seguiram um caminho e os Jesuitas outro. O amuo devia-se a uns defenderem que deveriam andar descalços e o outros achavam que pelo menos umas havaianas nos pés era razoável.
Assim que Pedrito foi avistado houve um tremendo choque. Estava irreconhecível. De tanga, tentando de cócoras caçar uma capivara. Urgia reconverter Pedrito. Foi assim que começou um longo processo de espalhamento da fé. Uns converteram-se, outros espalharam-se pelo o caminho, os convertidos espalharam-se igualmente pelo caminho.
Saia do seu lugar e volte, pois a saga continua.

Série:”As aventuras da turma do Pedrinho”
A piU
Br, 28 de Outubro de 2012

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