Em 1500 Índios brasileiros descobriram
Cabral perdido no mar. À deriva andava há coisa de 44 dias. Assim
que avistou terra gritou:”Chamuça! Chamuça!” Não obteve
resposta tentou outra palavra, pois soletrar “Chamuça” com a
boca naquele estado não era fácil. E bradou:” Badia! Badia!” E
no momento do “D” sentiu uma forte dor. Talvez aqueles indianos
não comessem nem chamuças, nem badias... Não sabiam o que perdiam.
Não se aventurou a soletrar “Garlica nan”, muitas consoantes
para a sua enferma boca...
Pedrito só veio a terra para beber um
suco de laranja, porque estava com escorbuto. Os índios que o
esperavam ofereceram-lhe um suco com açúcar e muito gelo.. Pedrito
sentiu alívio, mas aquele sabor tão adocicado era novo para
Pedrito. Logo o corpo começou a relaxar. Um monte de índias rodeou,
farejando a sua roupa de rendas fétidas. Mantiveram o seu sorriso
diplomático, embora tivessem todas sentido náuseas. Levaram-no para
um riacho ali próximo, bem no meio do mato. O rapaz assustou-se
olhando aquela beleza luxuriante, aquela natureza indomável e
guinchou:”Aaaaaahhhh isto é obra do diabo!!!” Mas pegajoso como
estava com a sujidade que se diluia em suor, aceitou o convite
deixando-se levar. Meloso estava também, sentia-se o maior garanhão
de todos os tempos.
Já não via mulheres há um bom par de
semanas. Achava que iria andar sempre junto à costa, já que seria
esse o caminho marítimo para a Índia. Porém, certa noite, durante
uma enorme tempestade Pedrito acordou em sobre salto!! Um sonho
terrível agoirava infortúnio!! “Nãããããooo! Vamos passar ao
largo do cabo das tormentas. Afastarmos-nos desses monstros terríveis
que roubarão o nosso espírito e nos colocarão para todo o sempre!
Vamos pelo meio do mar!” A sua turma, a turma do Pedrinho aceitou,
aliás obedeceu entre rum e umas beliscadelas nas três mulheres que
tinham trazido para uma tripulação de quarenta homens. Pedrito não
se misturava. Homem de finos hábitos, deixara a sua noiva chorando
em frente ao mar acenando um lencinho branco, enfiada num cinto de
castidade. Não se sabe se chorava pela partida de seu ilustre noivo
ou se pela revolta de estar trancada.
Pedrito e a sua turma partiu de Belém
no dia 8 de Março de 1500 pelas 7 e 5 minutos. Hora combinada por
todos, no dia anterior. Muitos nem foram a casa, vieram diretamente
da noite do Cais Sodré. Nesse mesmo dia, depois da caravela partir,
a noiva de Pedrito organizou um grupo de mulheres, cuja a causa
era:”Mulheres castas de Portugal inteiro, libertai-vos de vossos
cintos!” A noiva de Pedrito, Maria Joaquina, já tinha alguns
contatos feitos. Soldadores, arrombadores de fechaduras e barbeiros.
Maria Joaquina tinha preparado um intenso projeto de emancipação.
Além de se libertarem, temporariamente de seus cintos até seus
noivos e maridos voltarem, tinha o ensejo de cortar o seu bigode e
das suas conterrâneas. Tinha entrado em contato com as três
mulheres que acompanhavam a tripulação. O combinado era
comunicarem-se entre si através de breves mensagens em caldeirões.
Tudo pela calada, claro. Porque se não já sabiam o que as
aguardava! Um spa na fogueira mais próxima. Porém, até hoje é
comemorado dia 8 de Março como o dia da emancipação das mulheres.
Entretanto uma das índia começou a
dançar o samba e Pedrito logo se enamorou. As portuguesas não
sambavam, aquelas choronas! As outras índias distribuíram-se pela
turma do Pedrito. Não sem antes lavarem as suas partes baixas e
altas no dito riacho. Há registos que aquele riacho foi o primeiro
do planeta a ser fortemente poluído. Até hoje o planeta terra sofre
esses fortes impactos ambientais devido a tal episódio.
Desencardidos os corpos, fizeram um
churrasco e ficaram até altas horas da noite. Uns pegaram gripe...
Foi aí que umas das três cortesãs teve uma ideia!! “Deem-me um
punhado de açúcar para eu colocar sobre estas rodelas de cenoura!
Verão que com esta mezinha curarei a vossa gripe!”clamou a
portuguesinha atrevida. Nesse mesmo instante a pobre criatura foi
acusada de bruxaria por seus compatriotas. E começado o churrasco
aproveitou-se a deixa e naquele vai vem de primeiras entabulações
regados com muito rum, a cortesã foi degustada para horror da turma
do Pedrito. Assim, feitas e realizadas as primeiras entabulações
perceberam que estavam na companhia de canibais.
Porém já era tarde. Essas
entabulações deram origem a seres mestiços e a que os índios,
ofendidos, na sua virilidade e no facto de não terem sido convidados
para o banquete tenha causado tamanha revolta. Foi então que de
flecha em punho confrontaram os copinhos de leite sabichões. Estes
ainda imploraram clemência pois era dia 22 de Abril, dia da
ressurreição do senhor, dia de Páscoa. Os índios não tiveram dó
e limparam o sebo a quem não conseguiu fugir. Pedrito foi poupado
pois a sua apaixonada índia era filha do cacique. Os sobrevivente,
atordoados e amedrontados mandaram vir, de terras lusitanas,
reforços. Franciscanos e Jesuítas galgaram o mar por aí afora.
Para treinar o espalhamento da palavra de deus, começaram a pregar
aos peixes.
Chegando a terra amuados os
franciscanos seguiram um caminho e os Jesuitas outro. O amuo devia-se
a uns defenderem que deveriam andar descalços e o outros achavam que
pelo menos umas havaianas nos pés era razoável.
Assim que Pedrito foi avistado houve um
tremendo choque. Estava irreconhecível. De tanga, tentando de
cócoras caçar uma capivara. Urgia reconverter Pedrito. Foi assim
que começou um longo processo de espalhamento da fé. Uns
converteram-se, outros espalharam-se pelo o caminho, os convertidos
espalharam-se igualmente pelo caminho.
Saia do seu lugar e volte, pois a saga
continua.
Série:”As aventuras da turma do
Pedrinho”
A piU
Br, 28 de Outubro de 2012
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