Olhou para o bom bom. Bom bom bonito debaixo da fina prata vermelha. Era aquele que tinha escolhido da caixa de mil bom bons coloridos. Ficaria guardado para um momento especial.
As pratas dos bom bons esticadas cuidadosamente com a ponta do dedo para não se rasgarem. A prata do bom bom guardada entre as folhas do livro. Daquele livro que trazia sempre consigo para se degustar em breves ou longas passagens. Voltar ao mesmo livro. Surpreender-se a cada chegada. Viajar nas palavras já percorridas e degustar lentamente aquele bom bom com recheio de rum.
Quem amarrotou a prata daquele bom bom que tinha escolhido com carinho para degustar lentamente entre breves e longas passagens, daquele livro que a fazia sonhar num mundo mais possivel e respirável?
Um vácuo no peito. Pacientemente, com a ponta do dedo, foi esticando aquela prata, amaciando os vincos, as dobras. Depois guardou perto de uma das suas passagens preferidas, entre as folhas, frenética e cuidadosamente sublinhadas e rabiscadas.
Um fiozinho de rum colou a ponta de um dos dedos a um outra ponta de outro dedo. Saboreou cuidadosamente a ponta dos dedos para que estas não se grudassem à fina prata. Cuidadosmaente, evitando que se voltasse a amarrotar.
Queria que aquele sabor de chocolate e rum se mantivesse entre o céu da boca e o palato e que a memória desse sabor não desaparecesse nunca.
a piu
Br, 1. Agosto. 20013
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