Porque estás triste?, perguntou a mulher. Porque deixei a felicidade escapar por entre os dedos, respondeu. A felicidade vai e volta. Existe sempre uma ponta que finge se esquecer de ir embora. Talvez tenhas de pegar essa ponta solta, disse a mulher. Eu não presto, respondeu. Não prestas? Porque não prestas? Porque me embrulho dentro de mim. Desembrulha-te. Isso é fácil, voltou a responder. Mas também é muito fácil falar que passamos a vida embrulhados dentro de nós. Porque não escutas os sinais? Porque tenho medo?, respondeu perguntando com algum assombro. Tens medo de ti? Tens medo do desconhecido ou do que consideras desconhecido? Tens medo de te redescobrires? Tens medo do quê?, sorriu a mulher com um sorriso manso e provocatório. Um sorriso de uma provocação amigável. O olhar de quem respondia e era indagado vagueou por um tempo, depois focou-se e ganhou interesse pelo simples.
a piu
br, 16.08.2013
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