Maria Ninguém era um alguém que preferia aparecer como Maria Ninguém. Quando alguém se abeirava de Maria Ninguém, sendo esta ninguém ela poderia sentir quem era esse alguém que ao seu lado, à sua frente,, um pouquinho afastado era ou poderia ser. Maria Ninguém era alguém, mas posicionando no lugar de ninguém poderia sentir qual o valor que cada um dava a si e ao outro. Maria Ninguém era como um livro de folhas em branco por escrever, quem mais atento estivesse descobriria o prefácio, e até pequenas letras na contra capa. Maria Ninguém era Maria Ninguém pois procurava-se a cada instante. Maria Ninguém procurava quem se procurasse e não quem se achasse. Para Maria Ninguém quem se achasse cheio de si, das suas riquezas conquistadas, perdia a oportunidade de enriquecer. A oportunidade de se enriquecer. Maria Ninguém era alguém que procurava outros alguéns que se procuravam umas vezes, se encontrando e se achando nessa procura outras continuando. Maria Ninguém procurava continuidade na longa jornada de atravessar desertos, mares, tempestades, florestas luxuriantes, florestas de asfaltos. Maria Ninguém não trazia consigo cartões de visita. Ia sendo. Descobrindo-se, descobrindo, deixando descobrir, permitindo-se descobrir. Talvez a únicas coisas que Maria Ninguém tivesse medo fosse da solidão e da morte que esta gera. Do ridículo não tinha medo. Tampouco tinha medo do erro, do beneficio da dúvida. Gostava do ridículo. Gostava do erro, da fabilidade. Gostava de tudo isso. porque era humano. Profundamente humano. Animalmente humano. Vivo. Ser vivo.
a piu
Br, 5. Agosto de 2012
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