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Eve, de Balla Demeter |
A Eva no paraíso estava. Momentos houvera que Eva queria ser interessante. Acordava de manhã com uma angústia! Às voltas na cabeça saltavam ideias, procurava rasgos de genialidade e nada encontrava. Bonita fora para os seus semelhantes. Pelo menos era assim que a reconfortavam. Em tempos fora uma bela mulher, diziam! Hoje sentia-se disforme. Procurava um sentido para a vida. Os sete filhos alisavam os seus cabelos escorridos e beijavam-lhe as bochechonas. Aconchegavam-se na sua celulite minuciosamente distribuida pelo corpo de uma mulher que ainda era. "És a mãe mais bonita do mundo! És uma GRANDE mulher!" Mas Eva não se conformava. Ela tomava essa grandeza como um tamanho que ela considerava disforme e incómodo. Pobre Eva. Escondeu-se no meio da floresta e aí reencontrou-se nas grandes árvores seculares. Encontrou-se na (h)umidade dos caminhos timidamente acariciados pelo sol. Afortunada Eva que agora era ela, sem ter que provar aquilo que não era nem nunca tinha sido. Afortunada Eva que agora poderia encontrar semelhantes a ela sem angústias.
Br, 13. Agosto de 2013
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