terça-feira, 13 de agosto de 2013

PENSAMENTOS VESPERTINOS DOMINICAIS


A Clarice pintava as unhas dos pés
e as das mãos também
A Clarice trazia dentro de si um enorme vazio
A Lispector não gostava de dar entrevistas porque pintava as unhas à Clarice
A Lispector considerava-se uma pessoa normal, comum, mortal
A Lispector trazia a morte dentro de si e tornava-a viva através da escrita
A Clarice e a Lispector são fruto das insanidades impostas por guerras, perseguições e fugas

A Carmen tinha um sorriso largo
Mira a Miranda que é roliça
Não mires a Carmen que está submissa
Ao seu esplendor
Passa noites fechados num quarto com dor
Passa os dias como cobaia dos avanços da medicina psiquiátrica
Pobre Carmen que empobreceu com a riqueza do seu exterior

Será que para nos transcendermos precisamos de sofrer?

Aquele meu amigo, de gestos generosos, limpa a bosta de um estábulo como limpeza espiritual. Uma tarefa precisa.
Uma semana retirado do mundanismo do dia a dia
Alegria (?), agonia, silêncio

Não somos nada e somos todos. Somos matéria. Somos espírito. Somos bosta. Somos ar. Somos água límpida. Somos água turva. Somos monstros. Somos grandes. Somos monstros frágeis. Somos grandiosamente monstruosos. Somos fogo que aquece. Fogo que queima. Fogo que destrói. Somos mar. Mar de amor, de horror, de dor, de sabor. Somos odor. Somos também paz.

Será que para nos transcendermos precisamos de sofrer ou existem outros caminhos? Caminhos percorridos nos veios de uma folha que baila ao vento...

(esta última frase soa mesmo aquela "poesia" vespertina domingueira de sarau do grupo recreativo de São José de Sericaia mas fica assim. Gosto da imagem, apesar do cliché)

a piu
11.Agosto.2013

Sem comentários:

Enviar um comentário