quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

MOEDA NÚMERO UM

Entrei na Igreja da fé quadrangular e procurei um canto para me colocar. Em linha recta fui, em linha recta voltei. Minha blusa quadriculada reluzia ao som de preces amplificadas. Sentei-me e esperei que algum canto surgisse. Não surgiu. Não podia surgir. Os cantos não surgem, somos nós que os devemos procurar e anicharmo-nos neles.
Li o meu livro de quadradinhos preferido. Na capa tinha o Tio Patinhas fazendo as pazes com a Maga Patalógica. Um senhor abeirou-se de mim e disse:
- Não pode estar aqui com livros de quadrinhos!”.
- Mas eu tenho aqui uma autorização por escrito que posso ler livros de quadradinhos,
Respondi.
- Mostre lá! Hmmm Bom… Esta autorização é para livros de quadradinhos e não de quadrinhos. Como tal não tem efeito.
- E quadradinhos, posso?
- Já lhe disse que não!
- Mas é de quadradinhos e não de quadrinhos…
- Aqui neste espaço não existem revistas de quadradinhos. Nem sei o que isso é. Por favor, retire-se.
- Juro que não incomodo.
- Queres ver esta? Vou ter de chamar o Zé Carlos. Zé Carluuuuuus!
- Sim? Esta senhora está a ler este livro de quadri… quadrinhinhos.
- Aia! Eu não tenho esta!!! É das melhores!!! O senhora não tem autorização, não é? Vou ter que ficar com a sua revista de quadradidinhos.

Saí em círculos na esperança de reencontrar a minha revista preferida. Meti a minha mão ao bolso e senti um metal fino. A moeda número um do tio Patinhas já é minha!! Saí de fininho, de cabeça baixa para não dar nas vistas.


A piU
16. Dezembro.2012

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