Gosto
do feio, porque o belo não me convence. Gosto do belo porque o belo me
transcende. Gosto do feio e do belo porque ambos se riem um do outro.
Gosto do feio porque me acalma a urgência de ser belo. Gosto do belo
porque me acalma a dureza do feio. Gosto
do belo e do feio. Gosto do feio porque afinal não é feio, é grotesco.
Gosto do grotesco porque é ridículo. Gosto do ridículo porque o ridículo
sabe que nem sempre as coisas são belas. Gosto das coisas belas porque
são belas e porque podem ser ridículas e frágeis e frágeis e grotescas.
Gosto do belo grotesco. Gosto do feio sensível. Da beleza dessa
sensibilidade tão dura. Tão crua, tão viva, tão animal. Gosto da beleza
da animalidade. Gosto da beleza da não genialidade, da precariedade, da
imbecilidade, da vulnerabilidade que abre portas e caminhos para outras
dimensões. Gosto de dimensões reais criadas pelo sonho. Gosto do sonho
de simplesmente ser. Gosto de simplesmente ser, sonhando. Gosto do
deboche e do brioche. Gosto da inconveniência e da decência. Gosto do
riso escancarado e dos maus modos. Gosto da generosidade dos maus modos.
Gosto dos maus como rudeza. Gosto dessa rudeza que no fundo é
delicadeza. Gosto da delicadeza que é uma carência. Gosto de aconchegar a
carência e dizer baixinho, muito baixinho:” Já passou!” ou “Vais ver
que vai passar.”
A piU
Imagem: Pedro Zamith
Br, 19 de Dezembro de 2012
A piU
Imagem: Pedro Zamith
Br, 19 de Dezembro de 2012
Lindooo!!
ResponderEliminarPatrícia*