Marta
trabalhou até ao final dos finais da gravidez. Agarrar tudo o que
podia. Trabalho não se arranja todos os dias. E lá andava ela
em
dois trabalhos, sem dia de folga. Mas feliz por fazer o que gostava.
Enfim, lá ia ela com a sua pançola! Chegou a fazer uma aposta. Se
concluisse o trabalho ofereciam-lhe uma caracolada, caso contrário
seria ela a oferecer. O que interessava era a patuscada! E concluir o
trabalho. Ganhou
a aposta!
No outro trabalho, que há anos que o fazia e já com um verdete na
ponta dos dedos de tanto recibo verde passar, voltaria após dois
meses de licença de parto sem vencimento. E mesmo assim! Ainda bem
que tinha arranjado aquele segundo trabalho, senão como seria? Mas a
coisa ía na boa. P'ra frente que é caminho! Sabia que poderia
contar com o seu trabalho e pouco mais. E também sabia que não
podia contar com os seus colegas. Ninguém se mobilizou. Nem um gesto
de apreço por vir mais um ser ao mundo. A rotina continuou como
sempre. Logo
logo, como sempre, entendeu que nas situações limite a
solidariedade é uma espécie de milagre de Fátima. De
vez
em quando estão lá os três pastorinhos, outras vezes os três
pastorinhos foram dar autógrafos.
Marta
voltou ao trabalho, não havia tempo para lamúrias. Continuou e na
sua continuidade trabalhou com colegas que doentes se arrastavam no
trabalho. Se não fossem não recebiam pelo dia de trabalho. Quando
a dor do colega era insuportável, Marta fazia questão de ir na
frente e segredava ao ouvido:”Encosta-te que eu vou ou então
abranda que dou gás.”
Bom,
mas
fazer o quê? Trabalhar enquanto se pode na vida e até à morte se
tivermos sorte em arranjar um trabalhito e caminhar de bico caladito.
E
ao fim de semana, se der, dar umas beijaças e uns amassos a quem
mais gostamos e já tá!
A
piU
Br,
29 de Dezembro de 2012
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