sábado, 29 de dezembro de 2012

DAR UNS AMASSOS E JÁ TÁ!

Marta trabalhou até ao final dos finais da gravidez. Agarrar tudo o que podia. Trabalho não se arranja todos os dias. E lá andava ela em dois trabalhos, sem dia de folga. Mas feliz por fazer o que gostava. Enfim, lá ia ela com a sua pançola! Chegou a fazer uma aposta. Se concluisse o trabalho ofereciam-lhe uma caracolada, caso contrário seria ela a oferecer. O que interessava era a patuscada! E concluir o trabalho. Ganhou a aposta! No outro trabalho, que há anos que o fazia e já com um verdete na ponta dos dedos de tanto recibo verde passar, voltaria após dois meses de licença de parto sem vencimento. E mesmo assim! Ainda bem que tinha arranjado aquele segundo trabalho, senão como seria? Mas a coisa ía na boa. P'ra frente que é caminho! Sabia que poderia contar com o seu trabalho e pouco mais. E também sabia que não podia contar com os seus colegas. Ninguém se mobilizou. Nem um gesto de apreço por vir mais um ser ao mundo. A rotina continuou como sempre. Logo logo, como sempre, entendeu que nas situações limite a solidariedade é uma espécie de milagre de Fátima. De vez em quando estão lá os três pastorinhos, outras vezes os três pastorinhos foram dar autógrafos.

Marta voltou ao trabalho, não havia tempo para lamúrias. Continuou e na sua continuidade trabalhou com colegas que doentes se arrastavam no trabalho. Se não fossem não recebiam pelo dia de trabalho. Quando a dor do colega era insuportável, Marta fazia questão de ir na frente e segredava ao ouvido:”Encosta-te que eu vou ou então abranda que dou gás.”

Bom, mas fazer o quê? Trabalhar enquanto se pode na vida e até à morte se tivermos sorte em arranjar um trabalhito e caminhar de bico caladito. E ao fim de semana, se der, dar umas beijaças e uns amassos a quem mais gostamos e já tá!

A piU
Br, 29 de Dezembro de 2012

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