sábado, 29 de dezembro de 2012

FALTA DE AR

Acordava a meio da noite com uma tremenda falta de ar. Abria a janela na esperança de conseguir sorver o luar. Tudo em vão. Olha para a noite e de tão escura que estava mais o ar lhe faltava. Sentia frio e voltava a aconchegar as portadas no parapeito muito a esforço. Apoiava-se no pararapeito mas este repelia-o. Dum mármore viscoso o parapeito não permitia grandes aproximações. Voltava a deitar-se. Ao seu lado o filho dormia mexendo-se ora para um lado ora para outro. Todo aquele reboliço noturno contribuia a todos aqueles achaques.
Foi até à cozinha. A garganta estava seca. Precisava de água. Abriu a porta da geladeira. Nada. Abiu a porta do congelador e vasculhou ansiosamente por alguma bebida, mesmo que congelada. Enfiou a cabeça toda lá dentro e como por toque de magia a sua respiração intercortada voltou a cadenciar. Achou graça a tal acontecimento e começou a fintar a sua própria sorte afastando-se e aproximando-se do congelador.
Os vizinhos acordaram com um choro duma criança. A mãe estendida no chão com os lábios roxos. a porta do congelador entre aberta. No seu interior estilhaços duma garrafa de vidro de água tónica

a Piu
Br. 29 de Dezembro de 2012

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