sábado, 22 de fevereiro de 2014

TENTAR OLHAR PARA LÁ DO LÁ

 Extisem perguntas fundamentais, essenciais que parentemente simples são cruciais para o rumo dos acontecimentos. Recebo esta pergunta após dois anos deste desafio a que me prestei. "O que a faz querer estudar antropologia?" Posso responder simplesmente:"Porque quero. Porque a antropologia é estudar o ser humano e suas relações com o meio envolvente que congrega seres humanos, outros seres vivos assim como a vida e suas complexidades. Como ser humano que sou tenho interesse em interessar-me pela vida e quem sabe a partir daí exercer a minha cidadania com mais eficácia." Poderia ainda responder simplesmente:"Quero estudar antropologia, porque sendo a vida um manto de retalhos interligado entre si quero estudar o pequeno grande detalhe da arte do viver e a arte no viver." Posso também responder:"Como artista quero compreender o meu trabalho numa perspectiva antropológica. Sair da zona de conforto e ir a encontro de um desafio maior." Depois pergunto, sem retórica, num tom desafiante e quem sabe para alguns mal educado, mal criado, arrogante porque não esperado (honestamente não sei):"Porque a arte, enquanto expressão criativa, é ainda vista com preconceito quando esta é dos veículos mais eficazes para nos superarmos com agentes, atores sociais nesta performance que a vida social com regras do jogo, que não são rigidas apesar de por vezes aparentarem ser?"
Depois ponho-me a pensar... Se essa pergunta tivesse sido feita há dois anos atrás e tivesse sido respondida e escutada como seria o roteiro de toda esta caminhada? Os diálogos? As contracenas entre atores sociais das ciências humanas e das artes performativas, de cena?
Estudo antropologia porque o questionar é o que me move nesse trânsito entre a arte e a vida, numa dança de tentar olhar para lá do lá.

Ana Piu
Br, 22.2.2014

imagem: Jean Dubuffet (arte bruta)

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