terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

DIÁRIO DE BORDO SOBRE SAUDADE E NOTAS SOLTAS

Alguns verbos de ação para continuar:

Digerir
Escrever
organizar ideias
Não deixar esmorecer o impeto de fazer, de propôr

Em Agosto de 2011, durante o Odin week em Holsterbo/ Dinamarca, assisti ao espetáculo 'Salt" com Roberta Carreri escrevi este texto sobre saudade. Lembro haviam alguns apontamentos a Lisboa e à saudade. Alguém aqui ao lado, enquanto escrevo, fala:"Ciao pessoa lusa!" Acho piada. O texto que aqui escrevo são reflexões de uma "pessoa lusa".  Saudade, sentimento que consta  ser tão tipico em terras lusas.

SAUDADE- sentir falta de algo que já passou. Sentimento nostálgico que nos aprisiona enquanto sentimento identitário. Saudade de um império edificado no meio do nevoeiro. Império de glórias vãs. Saudade daquilo que já não volta, que ficou para trás. Saudade do passado e do futuro, agrilhoando o presente. Saudade de saber quem sou, de saber o que faço aqui.

A saudade transporta-me para nostalgia, para uma incapacidade de agir, perto do bloqueio emocional e da sua exacerbação.

Vista de fora a saudade soa a poesia, a uma luminosidade nostálgica. Vista de dentro, a saudade é fruto de uma construção identitária. Em algumas línguas saudade não se traduz. Porque será? Será que outros povos não sentem saudades ou sentem de uma outra forma?

A saudade instala-se no peito e dança ora apertado, ora dilatado. Saudade é uma projeção de nós para o exterior num aconchego em nós mesmos que chega a ser desconfortável.
É bom sentir saudades, desde que seja em doses moderadas, para não esquecer o carinho que nutrimos por algo ou alguém.

Ana Piu
Barão Geraldo, Brasil

escrito entre Agosto de 2011 (Dinamarca) e Fevereiro de 2014 (Brasil)

'Salt", Roberta Carreri, Odin Teatret Dinamarca

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