domingo, 2 de fevereiro de 2014

QUANDO A TROCA ACONTECE


 Mais alguém que faz 50 anos, além da Mafalda do Quino, mas desta vez um grupo de pessoas que se juntaram para seguirem um sonho, um projeto juntas. Cinquenta anos é muita coisa! É de se tirar o chapéu!

"O que nos faz mantermos-nos juntos?" Pergunta mãe, questão primordial, frase mestra que encontro como paradigma para esta nossa passagem no planeta terra.

 Conheci o trabalho no Odin através do seu livro "Dicionário de Antropologia Teatral". Nessa época tinha acabado de sair da escola e vivia aquele momento do "E agora?". Estava entre ir estudar Antropologia ou aprofundar a arte do ator. Optei pela última. Doze anos sentada numa cadeira é muita fruta, pensei. Havia uns 4 anos que me apaixonara pelo treino de ator, pelas suas múltiplas possibilidades de explorar o corp, a voz, a energia e a emoção. Paixão, esse grande motor para continuar. Uma paixão que vai amadurecendo.
 Em 1998 o ISTA (International School of Theatre Anthropology) acontece em Portugal, no convento de Montemor o Novo e na Fundação Gulbenkian. Mais do que bonito foi interessante fazer parte desse encontro e assistir ao diálogo entre artistas da Ásia, América e Europa com diferentes linguagens e tradições e antropólogos.

Em 2011 conheço a sede do Odin em Holsterbo/ Dinamarca durante o Odin Week. O que guardo uma vez mais dessa experiência é generosidade, rigor, disciplina e humildade.
 Parabéns Odin! Parabéns do fundo do peito.

Deixo ainda um trecho de uma das publicações do Odin que penso que responde a essa pergunta mãe:
 "No rigor do inverno e no esplendor da primavera norueguesa entre brisas e turbilhões de paixão, orgulho, ciúme, animosidade e indefrença até à separação final.
 Isso acontece não só com os indíviduos mas também com os grupos de teatro. O principal motivo das suas crises e da dissolução que as segue é o tédio. Por trás dessa palavra se escondem situações muito diferentes entre si.
 O tédio vai se infiltrando clandestinamente porque o ator não é mais estimulado pelo diretor ou porque este não é mais estimulado pelos atores. O tédio aflora de uma atividade artística que virou rotina. Os desafios já são conhecidos e, geralmente, surgem sempre nas mesmas condições de precariedade material.
 O tédio pode ser sexual: o interesse pelo próprio parceiro vai desaparecendo e uma atração imprevista joga você nos braços de um colega. "
 Barba, Eugenio "Queimar a casa, origens de um diretor", São Paulo: Perspectiva, 2010.

Ana Piu
 Barão Geraldo, Brasil 2.2.2014

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