segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

AS PEDRAS CONTINUAM ROLANDO

Rua abaixo as pedras continuam rolando. Com o vento as pedras rolam. Chuvas, tempestades, dias ensolaradamente alucinados as pedras não se cansam. Ou cansam-se? Quem não se cansa? Existem horas nos dias dos anos que os minutos precisam de serem suspensos.
Na capa de revista os Rolling Stones estão uns jovens idosos de placa dentária semelhante aos modelos, aos políticos, o photo shop suaviza as rugas de expressão desenhando-as. Porquê? Para quê? Pergunto.

Gostava de apreciar a passagem do tempo nos corpos ainda vigorosos dos pedras rolantes. Por momentos pensei que estivessem anunciando o museu de cera consagrado aos Rolling Stones. É tão bonito "envelhecer", ver o sorriso generoso dos dentes resistentes e daqueles que já foram. Adivinhar em cada ruga uma história, na bifurcação das pregas o riso, o delírio, o cansaço, a tristeza da partida, a alegria dos pequenos grandes detalhes.

Ontem vi uma capa de revista com os Rolling Stones de velhice maquiada; hoje continuo viva, espero que amanhã e depois de amanhã ainda estarei por cá com as minhas rugas no lugar que o tempo escolheu, com uma vitalidade com sabor a vida. Olhar a pele curtida pelo sol que aquece e sorrir, quem sabe, com a boca quase desdentada. Ontem caiu um cadinho do meu dente molar.

a Na Piu
Brasil, 10.2.2014




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