quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

HÁ QUEM JÁ ESCREVEU ANTES DE NÓS O QUE NÓS TAMBÉM SENTIMOS E VIVEMOS, PORQUE AFINAL SOMOS MASSA DO MESMO PÃO

Colocar-me na posição de desafio tornou-se fundamental para a minha visão desse trabalho catalisador de encontros-interessava-me a aproximação em si as trocas com pessoas de cada povoado, mais do que o lucro e o glamour trazido por espetáculos teatrais em cidade pequenas.  Buscava perceber o cotidiano e os conhecimentos presentes neste vivenciar, diferentes em cada região. Essa era a moeda de troca. (...) Assim, os dias ultrapassaram expectativas. Encarei frente a frente sentimentos dos mais variados, chorei de alegria e de tristeza inúmeras vezes. Fiz bolhas de sabão com o medo: eram coloridas e depois explodiam no vazio. Fiz das desconfianças força, bordei castelos de amanhecer do apreciar. Um dia de cada vez. Fugi, procurei, recomeços constantes. E aprendi. (...) Aprendi com o tempo que recebemos o que buscamos. Que onde há gente há gente, independente das barreiras ou cercas que enlaçam o viver. E, ainda, que "não como generalizar comportamentos por regiões porque isso desconsidera o fato de que, bem lá no fundo, independente do tempo/espaço, somos da mesma raça de bichos, nascemos, crescemos, cremos, tentamos, conseguimos algo em ciclos humanos intermináveis de esperança, parceria e solidão". Escrevi isso nomeu diário de bordo.

 Dimpério, Genifer Gerhardt " Uma palhaça entre mundos miúdos", Revista Anjos do Picadeiro 8, Encontro Internacional de Palhaços 2009/2010


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