sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

CAI O PANO

Untitled
© V A D I M • S T E I N

E o vento bateu nas finas texturas que cobriam,
escondendo,
dissimulando o que fazia tempo que era mas que não era
fazia tempo que o tempo parara numa rajada de vento
no meio da rua
no meio da cidade
no meio de si

tudo suspenso
tudo francamente inconsistentemente tenso

cai o pano e fica o corpo
como ele é
como pode vir a ser

tudo o que não é
tudo o que se assemelha com mentira
que vá
com o vento
que voe para longe
e se aglomere numa nuvem
que negra se derrame numa chuva limpa
regando a terra
deixando-a fértil

que o vento leve a mentira e os panos que a cobrem embora
para bem longe
para muito longe

e que os corpos dancem sem pudor
sem rancor
sem dor

que os corpos dancem sem idade
com verdade
com a sua verdade

suspensa no tempo
mansamente tenso
segurando-se ao que é
ou ao que poderá vir a ser

que o pano caia e dê lugar a uma nova cena
amena
serena
delirante
contagiante

ana Piu
Br, 14.2.2014

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