Hoje Sebastião Salgado faz anos. Setenta. Pessoalmente considero-o um grande fotógrafo. Conheci o seu trabalho naquela tal festa, a do Avante. O tema da exposição era sobre o Trabalho. Fotos épicas e belas mostrando o trabalho forçado e a sua exploração na atualidade. Anos mais tarde foi montada uma grande exposição em Lisboa da sua obra. Não lembro ao certo se era uma retrospectiva ou se era a exposição "Êxodos". Sei que o seu trabalho toca-me.
Porém, há quem o critique alegando que o rapaz, através do uso da luz, embeleza a miséria. Mas bora lá combinar! Miséria é miséria! Tem uma foto do Salgado onde aparece uma criança sub nutrida pendurada numa espécie de pendulo. A luz da foto é realmente bela, mas imagem não deixa de impressionar.
Podemos sempre encontrar virtudes e defeitos no trabalho dos outros, porém quando há trabalho e seriedade no que se faz considero que tem valor. Pode-se não apreciar, mas tem valor.
Ainda tem uma outra ala, a dos cientistas sociais que alegam também que o Salgado explora o exotismo. Pode ser. Concordo. Tem fotos lindissimas das tribos (vou usar o termo tribo como poderia usar grupo étnico) africanas e amerindias que parece que o pele branca não passou por lá.
Contudo, todavia, porém o rapaz dá a conhecer ao mundo o Movimento dos Sem Terra (que politiquices à parte é um moimento que embate com a lógica do coronel e do latifundio), dá a conhecer os fluxos migratórios mundiais. Se ele embeleza a sua "missão", o seu ativismo uns podem gostar outros não. Antes de tudo é um artista e que sai para o mundo e convive com o mesmo, mesmo que possa estar num lugar privilegiado. Mas pelo menos sai do seu sofá. E um pouco de beleza dá uma aliviada no inaceitável. Mas sem nunca perder o foco. Claro!
A na Piu
Brasil, 9.2.2014
fotos: Sebastião Salgado
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