sexta-feira, 22 de julho de 2016

UMA PORTUGUESA EM TERRAS DE BARÃO- quando o marketing de si mesmo vale muito mais do que SER simplesmente

ODIN WEEK 2011, Holstebo, Dinamarca. Da esquerda para a direita: Elena (México), Augusto Omolu ( Brasil in memoria), Laura ( Espanha), A Piu ( Portugal)

Ser estrangeir@ e qualquer parte do mundo tem as suas vicissitudes. Podemos ser estrangeiros no nosso país de  origem. Para assumirmos o papel de estrangeiros temos de ter muita presença de espírito, sejamos nós dos ditos países de primeiro mundo, daqueles em vias de desenvolvimento ou dos ditos de terceiro mundo.
Ser saltimbanco é um estilo de vida, que tanto pode ser admirado como segregado. Os saltimbancos apreciam encontrar outros saltimbancos. Quem não aprecia encontrar a sua familia? Quem não aprecia ser acolhido, poder dialogar e ser valorizado e a no final, como meta primeira, viver dignamente do trabalho ao qual se dedica?

Um lugar instigante é um lugar onde se cruzam saberes, vivências, curiosidades. Partir do principio que o outro não é interessante revela o desinteresse por si mesmo ou a inflamação dum ego que não tem lugar num espaço compartilhado. Sem precisarmos de fazermos marketing de nós mesmos sobre quem somos, de onde viemos e o que fazemos. Diálogos são fios sensíveis de comunicação.

Se um meio acadêmico, ou artístico ou outro meio profissional qualquer, tem como politica ser resistente à entrada de estrangeiros significa que é resistente ao crescimento de si mesmo.
De alguma forma os artistas já estão habituados a sere vistos com estranheza, pois para os que pouco contato tem com a arte consideram os artistas uns preguiçosos devaneantes. Desconhecem o trabalho  e a dedicação que está por trás e como a arte pode ser algo transformador na vida  social. Mas isso assusta a quem almeja poder ou não abre mão  do seu lugarzinho ao sol.

As instituições são feitas por pessoas. A unicamp é mais uma ente muitas no mudo. Existem seres humanos, como existem os seus sucedâneos que seguem a pedagogia do autoritarismo e da meritocracia, que não passa duma falácia para perpetuar desigualdade de oportunidades à educação e ao mercado de trabalho. Obviamente que a unicamp, universidade estadual de Campinas,  tem aspectos positivos, mas as relações viciosas de produzir conhecimento descurando as relações humanas são uma lacuna para fazer desta nossa passagem por este plano algo emocionalmente mais sustentável.

Ana Piu
Brasil, 22.07.2016

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