A fotografia, o retrato vá!, tem como legenda: Os três Primos, entrada da casa Maio 1976, Poderia ser: Os três Porquinhos na entrada da casa de tijolo Maio 1976. Já que era uma história que muito eu gostava, pois o lobo mau tomava cá uma lição quando tentava invadir a sólida casa que Prático construíra!... Mas essa história também saiu-me cá uma história... Parece aquela propaganda em que o que é ser civilizado é ter uma casa de tijolo, que o resto é rudimentar e ao limite selvagem.
Aqui estou eu de sacoleta duma qualquer loja da baixa lisboeta, ou de Cascais ou da Parede. Na época as grandes superfícies não faziam parte da rotina do cidadão, pois não existiam, mas o consumismo já galopava, enquanto outros tantos cidadãos saiam à rua reivindicado "CASA PARA TODOS!"
Atrás de mim este o mê irmão Pedro e mê primo João com os seus chapéus à cow boy. Bom, nesta parte vamos combinar que estávamos na década dos filmes de "Indios e cowboys" aos domingos à tarde no televisor a preto e branco. E vamos também combinar que todos nós quando brincávamos aos "Indios e cowboys" queriíamos ser cowboys. Essa consciência de que ser índio é muito mais ético veio muito depois. Isto cabe também para os revolucionários da época que apregoavam que nunca tinham sido a favor da guerra com as ex colónias africanas até 1974. Rá Rá Rá. Mais vale assumir que o fascismo do Salazar lavou o cérebro à maioria do pessoal para matar 'pretos'- passo a expressão com todo o respeito pelos ditos africanos que eram tratados como ' turras' ( que causavam o terror por lutarem pela independência). E que era uma guerra inglória em que muita gente morreu estupidamente. A consciência veio depois, mas há ainda uns que defendem que "deveramos" continuar com as colónias. Bilhaque caria de pensamento escatológico!
Pronto, nesta parte quem se deu ao trabalho de ler e não fez um likezinho, uma curtida ainda vai a tempo de não dar esse passo e se arrepender. Ainda pode comentar: "Lá tás tu, Ana! Tava tudo a correr tão bem! Tinhas uma carinha tão querida e falas como se a tua vontade fosse bater em nós todos!" Ao que respondo: " Nã! Nada disso! Eu sou da paz! Nunca bati em ninguém, pois isso demonstra falta de argumentação e um produzir de toda essa violência física e moral que se reproduz há séculos e séculos! Mas, de facto, não fora eu trabalhar teatro físico onde falamos com o coração talvez emane essa intensidade da subjetividade do objetivo do ser objetivado no sentir e no defender dialogante- NÃO PASSARÃO! E assim o estar de bem com a vida é não nos pisarmos e aniquilarmos uns aos outros.
Ah! Por falar nisso! Neste canteiro da entrada da casa a nha mãe e nha avó plantavam flores, rosas e cravos. Quando nascia uma, uma qualquer vizinha que elas sabiam que era furtava a dita flor. Elas desistiram de plantar flores, para não serem furtadas. Sou de opinião contrária. Devemos continuar a plantar flores no nosso jardim e quando alguém quer vir usufruir das nossas flores sem mais nem quê, expressamos e verbalizamos olho no olho e peito aberto (talvez isso assuste um pouco, mas paciência. O tempo é sábio): ALTO E PARA O BAILE! QUERES UMA FLOR NA TUA MESA? VEM PLANTAR COM A GENTE!
Ana Piu
Brasil, 25.07.2016
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