sábado, 30 de julho de 2016

“ ATIRA-TE AO MAR E DIZ QUE TE EMPURRARAM” ( Condado Portucalense, 2007)

Desde a pré-história que a humanidade é nómada. Umas vezes por necessidade, para fugir às intempéries e à escassez de recursos, outras porque viajar é satisfazer a curiosidade de conhecer o que está para lá do horizonte e por consequência transcender-se.
Volvidos sete anos, depois do tão esperado fim mundo, dá-se um fluxo migratório no Condado Portucalense e suas extensões já antes visto, mas desta vez por motivos inéditos na história da humanidade. Instala-se uma crise financeira que nada tem a ver com a falta de recursos, visto ser o momento de consumismo mais compulsivo gerado por grandes consórcios, hipermercados, grandes superfícies, multinacionais e os ditos bancos. Mas no cerne da questão está a milenar China, de tradições espirituais e recentemente maoista, esfrangalha o livre mercado aperfeiçoando a escravatura.
Savaresi Telles vai etnografar e analisar a importância do corridinho e dos cantos gregorianos dos dançarinos e cantores sociais que tem de se pôr a andar das suas terras por falta de emprego e para fugir à neurose coletiva de que o mundo acabou, mesmo parecendo que não, e que o sonho dum futuro mais digno é algo que é devaneio de sonhadores insanos e loucos. Savaresi Telles, em diálogo com a psicanálise e o misticismo, faz uma reflexão da loucura da normalidade e dos que são considerados loucos por não aceitarem as normas que os enlouquecem, por não respeitarem o valor do seu trabalho, como um ganho não só económico mas também como cultural e espiritual.
Ana Piu
Brasil, 30.07.2016

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