sábado, 30 de julho de 2016

A VIDA E OS SEUS ODORES, AROMAS E SABORES


“A vida lá fora tem outro sabor” (Portela 2009)
Publicado em França, Alemanha, Suíça, Venezuela, Canadá, Estados Unidos, Brasil, Guiné Bissau, Angola, Austrália e outros países em que os nativos do Condado Portucalense e suas extensões andam lá fora a lutar pela vida. Traduzido para várias línguas, este livro é um best seller.
A partir de histórias verídicas, Maria Armanda do Amaral Savaresi Telles vai discorrer sobre o conceito de identidade e aculturação. Viajar como turista não é o mesmo que migrar. Ter uma ideia sobre o lugar e suas gentes não é o mesmo que vivenciar com continuidade esses lugares e essas gentes. Como não esquecer de onde se vem, de quem se é, mas imprimindo-se na paisagem com flexibilidade? Como ser aceite, acolhido, reconhecido quando o dinheiro é escasso e o agente social não cumpre com a lógica de mercado que é a competição? Estas são as perguntas de Savaresi para analisar o conceito de vulnerabilidade e sua importância para os laços que se estabelecem, assim como o conceito de alteridade. A colocação no lugar do outro e o encarar a vulnerabilidade não como uma fraqueza e sim como uma força plena de energia vital e compreensão do outro e de si mesmo.
Ana Piu
Brasil, 30.07.2016

CORAÇÕES AO ALTO: E SE O FADO FOSSE DANÇADO


“O fado é para os fracos?” (Saidafossa 2008)
Saudade é uma palavra que em muitas línguas não tem tradução. A partir dum conto ibero escandinavo sobre as lágrimas serem a origem do mar, neste livro, Maria Armanda Savaresi Telles vai-nos oferecer uma visão ampla do sentimento que o fado gera no âmago do ser. Maria Armanda faz algumas experiências práticas para compreender se o fado se dança ou não e em que medida isso influência no ímpeto, na energia vital de quem escuta fado.
Ana Piu
Brasil, 30.07.2016

“ ATIRA-TE AO MAR E DIZ QUE TE EMPURRARAM” ( Condado Portucalense, 2007)

Desde a pré-história que a humanidade é nómada. Umas vezes por necessidade, para fugir às intempéries e à escassez de recursos, outras porque viajar é satisfazer a curiosidade de conhecer o que está para lá do horizonte e por consequência transcender-se.
Volvidos sete anos, depois do tão esperado fim mundo, dá-se um fluxo migratório no Condado Portucalense e suas extensões já antes visto, mas desta vez por motivos inéditos na história da humanidade. Instala-se uma crise financeira que nada tem a ver com a falta de recursos, visto ser o momento de consumismo mais compulsivo gerado por grandes consórcios, hipermercados, grandes superfícies, multinacionais e os ditos bancos. Mas no cerne da questão está a milenar China, de tradições espirituais e recentemente maoista, esfrangalha o livre mercado aperfeiçoando a escravatura.
Savaresi Telles vai etnografar e analisar a importância do corridinho e dos cantos gregorianos dos dançarinos e cantores sociais que tem de se pôr a andar das suas terras por falta de emprego e para fugir à neurose coletiva de que o mundo acabou, mesmo parecendo que não, e que o sonho dum futuro mais digno é algo que é devaneio de sonhadores insanos e loucos. Savaresi Telles, em diálogo com a psicanálise e o misticismo, faz uma reflexão da loucura da normalidade e dos que são considerados loucos por não aceitarem as normas que os enlouquecem, por não respeitarem o valor do seu trabalho, como um ganho não só económico mas também como cultural e espiritual.
Ana Piu
Brasil, 30.07.2016

MARIA ARMANDA, UMA FOLCLORISTA QUE FAZ DO POPULAR ERUDIÇÃO, E DA ERUDIÇÃO POPULAR

Maria Armanda do Amaral Savaresi Telles, etnógrafa, folclorista e analista de contos populares ibéricos de influência escandinava e sufista. Dança num rancho folclórico que funde o corridinho com cantos gregorianos . Auto didata de sânscrito. Tendo como pano de fundo a questão dos fluxos migratórios nos últimos nove anos, Maria Armanda é autora de ‘Atira-te ao mar e diz que te empurraram” ( Condado Portucalense, 2007) “O fado é para os fracos?” (Sarafossa 2008); “A vida lá fora tem outro sabor” (Portela 2009); “ Lembrando o presente: se não fosses tu o que seria de mim? (Ponta da Cana, 2010); “Oh ai oh linda: a tradição entre os que migram” ( Bugio, 2011) “Oh it’ very typical: ser castiço numa capital. O impacto da chegada dos turistas com a debandada dos nativos. ( Lizaboina, 2012); “Cantas bem, mas não me alegras: práticas do oba oba” (Rio de Fevereiro, 2013); “ Nem tudo o que é luz é ouro: a honra como uma prática na palavra dada” ( Alto Astral, 2014); “ Amor: um constructo milenar” ( Santa Bárbara do Agreste, 2015); “ A vida dentro de mim é uma vida aqui: a fundação do eu numa conjetura macro” ( Campos Euristidos, 2016), “ E se o antes fosse depois: conexões transversais nas práticas telepáticas entre seres que se querem bem” ( Zuruparé, 2017)

Ao longo destas sessões vamos nos debruçar sobre a obra de Maria Armanda do Amaral Savaresi Telles com suas interfaces entre o popular que se torna erudito e o erudito que se torna popular, fluxos migratórios e aculturações É preponderante na obra da autora a indicação que a cultura popular não é propriedade duns poucos assim como a dita erudição.


Ana Piu
Br, 30.07.2016

quinta-feira, 28 de julho de 2016

OFICINA "DRAMATURGIA E COMICIDADE" COM ANA PIU E HERICA VERYANO

Lembrando que a inscrição será feita através do email: contato@paguproducoes.com.br
Cada turma tem capacidade máxima de 15 pessoas, então a garantia da vaga está ligada a ordem de recebimento do e-mail.

CONVERSA DE AMIGAS SEM ESPECISMO


Morgana Sideral Vaz Van Kusa olha nos olhas de sua cadelita Alvorada do Amanhã Indigo Vaz Van Kusa sem os óculos de plástico verde choque, pois dá aquela pontada no cérebro que deixa a pessoa numa espécie de barato, de Lucy in the Ski with Diomonds.  Morgana olha no olhito de sua cadela como quem diz: " Viver em comunidade não é fácil, pois há uns que confundem viver à custa dos outros com o viver em coletivo. Acham que não é preciso fazer nada, que alguém vai fazer. Ai Alvorada, Alvorada! Uns exploradores alternativos que apregoam que são contra o capitalismo. Ai mundo cão com os seus parasitismos! Só tu me compreendes, com o teu cintinho vermelho cor de coração. Já volto! Vou até à India pegar uns tecidos e umas almofadas para revender por aqui num desses retiros de um qualquer um magnata da espiritualidade. Mal por mal ele trabalha! E tu, minha Alvorada Indigo, és coerente? Olha-me no olho e sê sincera! Não tamos  aqui para julgar ninguém! Estamos entre amigas".

Roupa: vestido da Natura, uma rede de lojas de artesanato industrializado que se encontram nas grandes superfícies lusas; casaco new age do mundo mix; echarpe da feira hippie de Copacabana.
Penteado: Antoni cabeleireiros

Cintinho vermelho: Pet Shop Dog Chic

Ana Piu
Br, 28.07.2016

MORGANA E SUAS EXPERIÊNCIAS PERMA CULTURAIS E AMOR LIVRE

Diante daquela planície imensa, onde seus avós nasceram, Morgana encantou-se à primeira vista. Já em Lourenço Marques, atual Maputo, escutara histórias o tórrido sol e das suas noites alentejanas, aparentemente calmas, e da época que fugiram num navio à pressa na virada sombria da década de quarenta para cinquenta. Disseram adeus à Europa e ao Portugalito que queria continuar a ser imperialmente grande. Fugiram para uma das colónias, mas a vizinhança comentava à boca fechada que eles eram da oposição. Gente simpática e de bem, mas não confiável. Pois estavam do outro lado. Logo os seu avós refizeram as suas vidas com os respectivos criados, embora tivessem pensamentos vermelhos. Assim foi e assim é com os seus pais, após a independência. Continuam com criados, mas alegam que assim criam postos de trabalho. Se pagarem dignamente, contrapõe Morgana, está tudo bem. Mas quanto a estudar… Morgana concorda que as escolas devem ser mistas, misturadas. Mas para quê a criadagem querer estudar se pode trabalhar, ganhar o seu? Enfim, Morgana tem as suas paradoxalidades. Acontece.

Porém, quando chega a Portugal na década de noventa qual não é o seu espanto e percebe que praticamente ninguém tem criados. Isto é, só as pessoas muito ricas que vivem num mundo paralelo ao do cidadão comum. Diante desta informação as suas faces ficam vermelhas. E ela que achava que a sua família era da resistência e que criticava os tugas por serem isto e aquilo. Nascida em Singapura, e tendo vivido em vários lugares, até à década de 90 nunca conhecera a terra natal de seus avós e pai.

Agora estava diante daquela imensa planície. Decidiu que faria ali algo inovador, que nem a própria reforma agrária se lembrara. Fundaria com uns amigos seus que conhecera em Hannover para fundarem um centro de permacultura e amor livre. Chamariam pessoas do mundo inteiro para cursos de permacultura e tudo o que estivesse relacionado à mesma. Bem sabia que o preço para participarem nos cursos seria relativamente alto, mas sairiam dali com muita bagagem e poderiam se orgulhar de dizer que ajudaram a construir a Eco Vila de Relíquias do Alentejo! Ah! E para lá viver em comunidade só quem acreditasse no poli amor. Casais não seriam aceites. A liberdade e a emancipação tem as suas regras, defendia e defende Morgana.

Roupa: vestido da Natura, uma rede de lojas de artesanato industrializado que se encontram nas grandes superfícies lusas; casaco new age do mundo mix; echarpe da feira hippie de Copacabana.
Penteado: Antoni cabeleireiros

Ana Piu
Brasil, 28.07.2016



quarta-feira, 27 de julho de 2016

MORGANA IN E OFF

Fundadora de várias comunidades, Morgana muito tem para partilhar dessas experiências várias de tentativas várias com pessoas várias.
Primeiramente vamos saber um pouco mais sobre Morgana. O seu percurso, a sua trajetórica referencial e vivencial. Filha de diplomata da esquerda caviar, candidato a deputado, Morgana do Sideral Vaaz Van Kusa passou uma parte da sua infância entre África do Sul, Macau e o Brasil. Na África do Sul estudou na escola Waldo Off, cuja pedagogia prima pelo contato com a natureza e vida saudável com brinquedos de madeira e comida sem agro tóxicos. Porém o Waldo, o nativo, o pobre, o negro, o mais ou menos negro que já é negro por ser pobre estava off da dita pedagogia. Porém, Morgana guarda boas memórias dessa sua época da introdução à escrita e à leitura e à aprendizagem fluente da língua alemã. Em Macau frequentou um colégio de freiras, onde a elite portuguesa colocava os seus filhos. Pois na época não havia escola Waldo Off nesse lugar, do qual nã guarda recordações muito queridas, pois a mentalidade dessa elite era mais retrogada, como se pode imaginar, ainda que a da elite sul africana. Já no Brasil voltou a frequentar a escola Waldo Off. Dessa época guarda a surpresa dos seus colegas e professores dizerem que a África o Sul é muito racista e segregadora. Durante muito tempo perguntava para si e para os demais intrigada: “ Ué! Mas aqui é tão diferente assim? Ainda não consegui encontrar muita diferença!... Me ajudem a entender onde querem chegar.”
Fez a graduação em ciências politicas, para seguir as passadas de sua mãe, que hoje esta renega tudo o que escreveu e publicou há vinte anos atrás acerca das políticas públicas e da democratização o que levou Morgana a rever sobre o amor maternal de sua mãe em relação à humanidade e à coerência dos seus posicionamentos.
Como desde menina já se vestia duma forma exótica e era um pouco selvagem no pensamento para as regras académicas impostas não conseguiu se enturmar verdadeiramente. Era tolerada por ser filha dum diplomata e duma cientista política e de falar várias línguas, mas nenhum post seu nas redes sociais era curtido pelos seus colegas. Resultado: pôs uma vez mais o pé na estrada e foi para o mundo fundar várias comunidades alternativas.
Roupa: vestido da Natura, uma rede de lojas de artesanato industrializado que se encontram nas grandes superfícies lusas; casaco new age do mundo mix; echarpe da feira hippie de Copacabana.
Penteado: Antoni cabeleireiros
Óculos: Sempre em festa, shopping Amoreiras
Ana Piu
Br, 27.07.2016

terça-feira, 26 de julho de 2016

MORGANA, UMA CHIQUE ALTERNATIVA MAIS QUE DEMAIS

Morgana Sideral Vaz Van Kusa é uma hippie chique cheia de estilo, Adora contactar com a natureza e é inseparável de sua cadela Alvorada do Amanhã Indigo Vaz Van Kusa. Morgana Sideral é filha dum diplomata esquerda caviar, candidato a deputado. Morgana tem vindo a recusar o conforto da sociedade capitalista, mas só até um certo ponto, pois ninguém é de ferro. Viaja muitas vezes para Goa quando comemora o seu aniversário. Tem umnegócio de revenda de sedas indianas das suas inúmeras viagens inter continentais.
É fundadora de um par de comunidades alternativas. E é nesse ponto que vamos discorrer ao longo de algumas publicações, adiantando desde já que Morgana Sideral é mais que demais.
Roupa: vestido da Natura, uma rede de lojas de artesanato industrializado que se encontram nas grandes superfícies lusas; casaco new age do mundo mix; echarpe da feira hippie de Copacabana.
Penteado: Antoni cabeleireiros
Ana Piu
Br, 26.07.2016


Morgana Sideral Vaz Van Kusa com a cadela inseparável Alavorada do Amanhã Indigo Vaz Van Kusa.

Num estado "EU SOU", Morgana não hesita em se desapegar da sua falsa modéstia. Alvorada venera Morgana.


segunda-feira, 25 de julho de 2016

O RIO DE JANEIRO CONTINUA LINDO!

O Coletivo Joaquina está programado no festival ESSE MONTE DE MULHER PALHAÇA com a oficina: ' Dramaturgia e comicidade', orientado porAna Piu e Herica Veryano. Apareçam no Rio de Janeiro para prestigiar Esse Monte de Mulher Palhaça!
É NOIS! É NOIS! MIL VEZES É NOIS!
Ana Piu
Br, 25.07.2016

KODAK, PARA MAIS TARDE RECORDAR


A fotografia, o retrato vá!,  tem como legenda: Os três Primos, entrada da casa Maio 1976, Poderia ser: Os três Porquinhos na entrada da casa de tijolo Maio 1976. Já que era uma história que muito eu gostava, pois o lobo mau tomava cá uma lição quando tentava invadir a sólida casa que Prático construíra!... Mas essa história também saiu-me cá uma história... Parece aquela propaganda em que o que é ser civilizado é ter uma casa de tijolo, que o resto é rudimentar e ao limite selvagem. 

Aqui estou eu de sacoleta duma qualquer loja da baixa lisboeta, ou de Cascais ou da Parede. Na época as grandes superfícies não faziam parte da rotina do cidadão, pois não existiam, mas o consumismo já galopava, enquanto outros tantos cidadãos saiam à rua reivindicado "CASA PARA TODOS!"

Atrás de mim este o mê irmão Pedro e mê primo João com os seus chapéus à cow boy. Bom, nesta parte vamos combinar que estávamos na década dos filmes de "Indios e cowboys" aos domingos à tarde no televisor a preto e branco. E vamos também combinar que todos nós quando brincávamos aos "Indios e cowboys" queriíamos ser cowboys. Essa consciência de que ser índio é muito mais ético veio muito depois. Isto cabe também para os revolucionários da época que apregoavam que nunca tinham sido a favor da guerra com as ex colónias africanas até 1974. Rá Rá Rá. Mais vale assumir que o fascismo do Salazar lavou o cérebro à maioria do pessoal para matar 'pretos'- passo a expressão com todo o respeito pelos ditos africanos que eram tratados como ' turras' ( que causavam o terror por lutarem pela independência).  E que era uma guerra inglória em que muita gente morreu estupidamente. A consciência veio depois, mas há ainda uns que defendem que "deveramos" continuar com as colónias.  Bilhaque caria de pensamento escatológico!

Pronto, nesta parte quem se  deu ao trabalho de ler e não fez um likezinho, uma curtida ainda vai a tempo de não dar esse passo e se arrepender. Ainda pode comentar: "Lá tás tu, Ana! Tava tudo a correr tão bem! Tinhas uma carinha tão querida e falas como se a tua vontade fosse bater em nós todos!" Ao que respondo: " Nã! Nada disso! Eu sou da paz! Nunca bati em ninguém, pois isso demonstra falta de argumentação e um produzir de toda essa violência física e moral que se reproduz há séculos e séculos! Mas, de facto, não fora eu trabalhar teatro físico onde falamos  com o coração talvez emane essa intensidade da subjetividade do objetivo do ser objetivado no sentir e no defender dialogante- NÃO PASSARÃO! E assim o estar de bem com a vida é não nos pisarmos e aniquilarmos uns aos outros.

Ah! Por falar nisso! Neste canteiro da entrada da casa a nha mãe e nha avó plantavam flores, rosas e cravos. Quando nascia uma, uma qualquer vizinha que elas sabiam que era furtava a dita flor. Elas desistiram de plantar flores, para não serem furtadas. Sou de opinião contrária. Devemos continuar  a plantar flores no nosso jardim e quando alguém quer vir usufruir das nossas flores sem mais nem quê, expressamos e verbalizamos olho no olho e peito aberto (talvez isso assuste um pouco, mas paciência. O tempo é sábio): ALTO E PARA O BAILE! QUERES UMA FLOR NA TUA MESA? VEM PLANTAR COM A GENTE!

Ana Piu
Brasil, 25.07.2016

sábado, 23 de julho de 2016

ANITA SOBE AO PALANQUE E CRISTALEIRA MANTÉM-SE INTACTA


Esta foto é muito enigmática.... Pode-se observar uma criança dos seus seis anos, que no caso sou eu, em pé em cima duma cadeira como se dum palanque se tratasse. Ninguém olha para ela, pelo menos quem está na mesa. De vestido vermelho, feito por sua mãe a partir dum modelito da revista Burda, traz uns binóculos vermelhos ao peito, oferecidos pelo seu avô que está em frente á cristaleira com cabelo de nuvem. Para via das dúvidas, deve-se explicar que o vestido vermelho tem a ver com o facto do morango e da cereja serem os frutos preferidos da petiz, logo um vestido cor de morango é um dever. Já os binóculos vermelhos devem ser porque não haviam cor de rosa, que também era uma cor que muito agradava a petiz. Será a foto enigmática porque profética?  O olhar está pousado para lá da mesa e a mão imprime um gesto como quem diz: " Separar o trigo do joio!" ou " Trabalho é trabalho, conhaque é conhaque ( em contexto nacional bagaceira velha)" ou como quem diz " 1980 é mais um ano como todos os outros, antes deste meu aniversário, e outros ainda virão, a cristaleira fica a salvo, mas virar de vez em quando uma cristaleira é libertador."

Ana Piu
Br, 23.07.2016

Esta é uma daquelas fotos de escola, que se tiravam por ocasião do Natal para desejar um feliz Natal e um próspero ano novo e a escola ainda ganhava uns trocos, mais o fotógrafo.Esta é a primeira foto tirada, aos seis anos, de tantos outras na caminhada escolar. Não por ser do contra ao pedido do fotógrafo em sorrir, mas não sei sorrir forçadamente. Um amigo aqui no Brasil disse que estou com cara de brabinha. Olha! Nunca tinha pensado nisso! O olhar é um pouco melancólico. Talvez esteja a pensar se o ano correu todo bem para merecer os presentinhos na árvore de Natal.  O penteado é um must, não fora eu da geração cabelinho à tigela.

Uma próspera vida para nós todos é o que é sempre bom desejar, para aqueles que celebram o Natal e para os que também não. Prosperidade dá saúde e faz crescer. Prosperidade no trabalhinho que é libertador, nas amizades que é base de tudo, e do amor, esse magano que é igualmente a base de tudo.

Ana Piu
Br, 23.07.2106



SUSTENTAÇÃO CÓSMICA

Das raízes se fizeram asas
Das asas o voo seguiu rumo ao centro da terra
Lá, onde se encontra o grande mistério do cosmos
Energia flutuante vinda do fundo dos tempos
Num abraço profundo a águia beijou a terra
Beija flores dançaram em alto mar
Por mais densas que as nuvens sejam, são transitórias
Lá no alto a lua nos espera, contempla-nos
Lembrando que somos sonho
Somos asas enraizadas quando assim compreendemos o cântico cósmico do fundo dos tempos em que beija flores descansam nas asas das águias atemporais
Somos pele macia rugosa que aparecemos em sonho quando partimos, tornando-nos uma vez mais atemporais.
Somos ancestrais e contemporâneos homenageando quem já partiu e voltou em voos circulares desde o fundo dos tempos.
Ana Piu
22 de Julho de 2016
foto: Anita Piuzita com su abuelita Rosarinha caminhando juntas. Estoril, Portugal 1975

sexta-feira, 22 de julho de 2016

UMA PORTUGUESA EM TERRAS DE BARÃO- quando o marketing de si mesmo vale muito mais do que SER simplesmente

ODIN WEEK 2011, Holstebo, Dinamarca. Da esquerda para a direita: Elena (México), Augusto Omolu ( Brasil in memoria), Laura ( Espanha), A Piu ( Portugal)

Ser estrangeir@ e qualquer parte do mundo tem as suas vicissitudes. Podemos ser estrangeiros no nosso país de  origem. Para assumirmos o papel de estrangeiros temos de ter muita presença de espírito, sejamos nós dos ditos países de primeiro mundo, daqueles em vias de desenvolvimento ou dos ditos de terceiro mundo.
Ser saltimbanco é um estilo de vida, que tanto pode ser admirado como segregado. Os saltimbancos apreciam encontrar outros saltimbancos. Quem não aprecia encontrar a sua familia? Quem não aprecia ser acolhido, poder dialogar e ser valorizado e a no final, como meta primeira, viver dignamente do trabalho ao qual se dedica?

Um lugar instigante é um lugar onde se cruzam saberes, vivências, curiosidades. Partir do principio que o outro não é interessante revela o desinteresse por si mesmo ou a inflamação dum ego que não tem lugar num espaço compartilhado. Sem precisarmos de fazermos marketing de nós mesmos sobre quem somos, de onde viemos e o que fazemos. Diálogos são fios sensíveis de comunicação.

Se um meio acadêmico, ou artístico ou outro meio profissional qualquer, tem como politica ser resistente à entrada de estrangeiros significa que é resistente ao crescimento de si mesmo.
De alguma forma os artistas já estão habituados a sere vistos com estranheza, pois para os que pouco contato tem com a arte consideram os artistas uns preguiçosos devaneantes. Desconhecem o trabalho  e a dedicação que está por trás e como a arte pode ser algo transformador na vida  social. Mas isso assusta a quem almeja poder ou não abre mão  do seu lugarzinho ao sol.

As instituições são feitas por pessoas. A unicamp é mais uma ente muitas no mudo. Existem seres humanos, como existem os seus sucedâneos que seguem a pedagogia do autoritarismo e da meritocracia, que não passa duma falácia para perpetuar desigualdade de oportunidades à educação e ao mercado de trabalho. Obviamente que a unicamp, universidade estadual de Campinas,  tem aspectos positivos, mas as relações viciosas de produzir conhecimento descurando as relações humanas são uma lacuna para fazer desta nossa passagem por este plano algo emocionalmente mais sustentável.

Ana Piu
Brasil, 22.07.2016

DORA HOSSMAN DISCORRE SOBRE A SEDUÇÃO E SUAS VICISSITUDES

Seduzir é um ato latente ao reino animal. Entre os biólogos foi observado que na maioria dos casos é a fêmea que escolhe o seu parceiro. Na espécie humana, especismos à parte, estatisticamente há mais seres do sexo feminino do que do masculino. Deixemos agora de lado a questão de género e suas mutações que tem sido debate e bandeira nas últimas décadas. Debate esse pertinente mas que não vem agora ao caso.
Entre os humanos seduzir não é meramente  um ato de acasalamento para dar continuidade à espécie, ressalvando que todas as espécies existem e que não desligitima o respeito que se deve ter por estas.
Seduzir, para Hossman, pode tanto ser uma prática libertadora como reprodutora de relações de pequenos poderes.

Foi observado que existem seres humanos que são sedutores mas só para um lado. Isto é, seduzem vários seres ao mesmo tempo ou um só mas não se permitem  serem seduzidos. Segundo a pesquisadora, esse padrão de comportamento revela insegurança de caráter. O agente social deseja imprimir um impacto, mas não se entrega nem acarreta com as consequências desse ato, que para ser prolifero terá de ser dialogante.

A partir de entrevistas qualitativas foi detectado que os mais sensíveis gostam de sedução mas quando são igualmente seduzidos e quando se sentem valorizados e especiais.

Quanto aos sedutores, seduzidos e carentes de sedução- e caso se depararem com o horário invertido 13.31, que significa que algo não o irá agradar, não é motivo para alarmes! Para Dora Hossman o prazer do ego vem da libertação do mesmo, pois tudo não é fruto do acaso e sim consequência dos atos e das vibrações energéticas que os agentes sociais imprimem no tempo e no espaço.

Ana Piu
Br, 22.07.2016

quinta-feira, 21 de julho de 2016

VAMOS OLHAR PARA DENTRO E COMPREENDER O SENTIDO DO AMORE

Desde há uns anos a esta parte, Dora Hossman concilia a parte do emocional com o respirar assim como posturas físicas que libertem os chacras.  Expirar e inspirar é o principio básico para todo e qualquer movimento imprimido no tempo e no espaço. Primeira soltar todo o ar contido no interno do ser, depois sim receber. Receber o ar, receber as ondas energéticas e magnéticas envolventes. Só se pode receber quando se está disponível. Esse é o principio básico da generosidade do ser.

Caso o olhar se bata no coincidir das horas invertidas não se alarme! O destino está sempre nas mãos do ator social. Por exemplo, olhou as horas e viu 10.01 e depois 12.12?... Se a primeira diz que o teu amor está com outro (a) e o segundo significa que estão a falar mal de você não se alarme!

Hossman analisa e discorre: se o seu amor está com outro\(a) das duas uma ou das duas duas: não é para ser o seu amor, porque se fosse haveria um laço de confiança entre ambos que não deixaria ninguém alarmado; por outro lado se alguém está com o seu amor é porque existem pessoas com o mesmo gosto que você. Você sabe lidar com isso? Vamos juntas: expira e inspira, expira e inspira e siga a intuição se vale a pena dedicar o seu tempo amoroso a esse amor. 

Quanto a falarem mal de você. das duas uma ou das duas duas: você já falou mal de alguém? Quem nunca o fez? Nesse caso é um sinal para não fazer aos outros o que não  gosta que façam a você. Por outro lado, vamos pensar juntas, alguém admira tanto o teu ser que desdenha e ao limite difama. O que fazer? Vamos juntas: expirar, inspirar, expirar, inspirar, expiraaaaar.

E a vida sorri! AH! E NUNCA ESQUECER DE PERDOAR! PERDOAR E PERDOAR-SE. Não precisa de nenhuma religião especifica para o fazer, basta SER e ESTAR. E respiraaaaaar.

Ana Piu
Brasil, 21.07.2016
Expira
Inspira

UMA PORTUGUESA EM TERRAS DE BARÃO- quando testemunha a lógica de vassalagem com um dos seus conterrâneos que por acaso (?!) é seu progenitor

Os últimos tempos tem sido conturbados em termos socio politicos. Talvez não haja nenhum momento histórico que não seja conturbado, embora atualmente a crise de valores está na ordem do dia acrescida a uma despolitizaçãozite galopante. Os tempos são de mudança. Mudança planetária, diria. Urge voltar ao coração. ESSE É O PARADIGMA. Escutar o coração percepcionamos intimamente o valor da nossa vida e dos demais. E ISSO NÃO É UTOPIA. É uma prática. Silenciarmos-nos e escutar o coração. Essa prática exercita a escuta efetiva em outros contextos.

Julho é o mês de férias. Férias de "inverno" por aqui e férias de verão além mar. Mês de viagens para quem as pode fazer e mês de visitas para quem as pode ter.

Tem uma praça em Barão que é a praça do Coco. Aos sábados de manhã tem a feirinha e uma programação cultural na rua, além de eventuais encontros de baixo de árvores para se discutir questões politicas e sociais. Ora, numa destas ocasiões de visita do meu progenitor e querido amigo que é, passamos por uma das reuniões do PT, em que se discutia o risco dos movimentos sociais serem, na sequência do golpe, incriminalizados.

Primeiramente, o impeachement foi uma vez mais um cenário de mau gosto, mas desta vez em direto para o mundo. Em Portugal foi passado em direto na tv em tempo integral.... Enfim, já que a Suiça em relação a Portugal tem mais estilo, embora seja um pais desonesto, os brasileiros foram vaiados em parlamento, Posso ainda partilhar que alguém que defenda um golpe anti democrático carece de amorosidade, bom senso e respeito pela vida. Mas posso ainda acrescentar que talvez, em alguns casos, não se trate disso mas duma forte alienação fruto da ignorância.

Mas ao  passar por aquele agrupamento do PT deu-me uma grande preguiça. Eu e o meu progenitor que é é meu companheiro, camarada da vida olhamos um para o outro e seguimos caminho. " Ai porque a nossa faxineira lá na sede tem a consciência disto e daquilo e nós estamos com ela" , falava um petista, !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Cara! O QUE É ISTO! Não há uma consciência de classe e sim um perpetuar de relações de vassalagem, em que a faxineira é peça fundamental neste resquício de colonialismo. Que perguiça com este discurso raso... É RASO! Agora já não estranho as disputinhas entre coxinhas e petralhas...

Primeiramente descalçar a bota secular do colonialismo de senhores e criados. É ou não é? Estou errada ou nem por isso?

Ana Piu
Brasil, 21.07.2016

Assim foi e assim não queremos que continue a ser

Envergar uma bandeira não significa fascismo e sim desejar realmente um país progressista



quarta-feira, 20 de julho de 2016

A ANÁLISE DIALÉTICA DA DECLARAÇÃO DE AMOR

Nesta sessão, Hossman vai analisar o sentido do amor com uma dialética cujo sentido da palavra quando inserida numa construção frásica altera a representatividade para o interlocutor.
Vamos então a dois exemplos: quando alguém declara para outro alguém: “ Eu te amo, mas não sei porquê.” E um outro alguém ainda declara para esse mesmo alguém que já escutara a primeira frase do primeiro alguém: “Eu acho que te amo”.
Ora vejamos. Segundo Hossman, o primeiro declarante demonstra nitidamente uma falta de foco no seu sentir. Diante da injustificativa, o interlocutor retira-se sem consequências de maior para um sentir mais profundo. Para a autora, que trabalha com conceitos Zimelianos e Lorizistas, o amor é a consequência duma admiração nutrida a médio, longo prazo e consequentemente um cuidado fruto dum bem querer.
Relativamente à segunda declaração: “Eu acho que te amo” . Estamos perante uma vacilação no sentimento. O interlocutor ama, mas não quer assumir. Fica em cima do muro observando as ondas temporais, correndo o risco de se dispersar facilmente, pois lhe é difícil assumir para si mesmo que ama. Nessa dificuldade a admiração está presente, assim como o cuidado mas numa espécie do tipo do género de ambiguidade interrompida e recuperada de quando em vez.
Se no primeiro caso a declaração é inconsequente, no segundo a consequência dá-se através das ondas temporais, do amadurecimento do sentir. Finalizamos assim a sessão de hoje citando Hossman: O amor é um gajo maduro.
Ana Piu
Br, 20.07.2016


UMA PORTUGUESA EM TERRAS DE BARÃO- quando Portugal ganhou à França no futebol

“No Brasil, houve na metade do século XX mais um tempo de rasgar o coração da terra em busca do ouro, do seringal, da fundação das cidades, da catequização. Povos da Amazônia sonhavam com a dor da terra, os Xavantes sonhavam com a respiração do branco ansiosa de conquistas, explorações. (…)
A mentalidade usurpadora desta terra está prestes a fazer quinhentos anos, e os povos indígenas continuam o Sonho Sagrado e dançam e cantam para dissolver esse espírito mau.
Guerreiros de várias tribos saíram das aldeias para estudar esse tipo de pensamento que esquece o coração dos povos da floresta e pedra, aço e cimento. Na década de 1980 fundaram-se associações, entidades, uniões, confederações, organizações, para agir no meio da confusão que é a cidade urbana, correndo o risco de se perderem na batalha, mas com o objetivo de sensibilizar o humano, que e esqueceu do chão do seu nascimento e ficou em raiz, sem alma, coração.
JECUPÉ, Kaka Werá “ A terra dos mil povos, história indígena do Brasil contada por um índio” série educação para a paz, Editora Fundação Peiróplis, São Paulo: 1998
Há uns dias atrás, uma semana por aí, Portugal ganhou numa partida de futebol à França. Orgulho nacional. Pronto, ‘tá bem!... Porque não?... Também não vou ser desmancha prazer e eternamente do contra alegando que o futebol é o ópio do povo. Mas que é alienante é… Posso dar um exemplo breve que desmistificou aquela ideia que os europeus do norte são muito mais polidos, educados para a cidadania que nós, europeus do sul. Certa vez, durante um Agosto qualquer, penso que em 2010 a Holanda ganhou a Espanha. Eu aqui encontrava-me na Holanda em trabalho. Participávamos dum Festival de Teatro de Rua que acontecia ao longo de 3 ou 4 dias. Muita gente na rua. Um público habituado a ver e a apreciar a artes de rua. Quem valoriza a arte é porque de algum modo tem a sua open mind. Porém, no último dia do festival, logo a seguir ao seu fecho, o jogo aconteceu. Um enorme telão na praça. No final do jogo o lixo de copos descartáveis era tanto, assim como a respetiva cangalhada carnavalesca cor de laranja, que era impressionante. Além de uivarem e grunhirem rua afora no seu mau perder. Fizeram tanto lixo como ninguém fez ao longo de todos aqueles dias de festival de teatro de rua. Enfim, a minha idealização da Holanda totalmente open mind e educada foi por água abaixo…. Adiante.
No dia a seguir ao jogo em que Portugal ganhou à França tive de escutar logo pela manhã uma conterrânea aos berros que “nós, portugueses, somos os maiores e que sempre nos roubaram. Os ingleses, inclusive nessa história do império.” Enfim, uma certa confusão histórica que remete ao tempo de colonialismo. Como era de manhã e de manhã agradecemos pela oportunidade de acordarmos e sorrirmos para a vida fiquei calada, ainda para mais porque tenho consideração pela dita conterrânea. E ainda era de manhãzinha. Mas a conterrânea continuou em resposta a uma tímida pergunta dum brasileiro sobre o “nosso” roubar que no momento se localizava no Brasil, assim como nós:” Nós? Roubar o Brasil? Como assim? Como podemos roubar o que descobrimos? Como podemos roubar o que é nosso?” A sorte é que eu estava a beber café, porque se tivesse dado um penalty ( beber duma só vez; aquele passo no futebol que num chute a bola entra direto e GOOOOOOOOOL) num vinho do Porto tinha virado a mesa do café com as minhas palavras que muitas vezes são como um trator, levam tudo à frente que a pessoa nem sabe de que terra é e ainda se sente ofendida e até magoada! Olaré!
Resultado: escutei no meu canto, na mesa onde me encontrava e quando saí pedi desculpas para o rapaz, dizendo que como portuguesa não compactuo com essas ideias e sinto vergonha que alguém ainda pense assim e fale!... Pois roubar é roubar e o colonialismo é uma agressão, assim como o perpetuar duma mentira, no caso, histórica.
Brasil e seu povo desculpa aí!
Ana Piu
Brasil, 20.07.2016


UMA PORTUGUESA EM TERRAS DE BARÃO- algumas considerações sobre os conceitos de "cosmopolitanismo" e "provincianismo"

Ser provinciano não é obviamente viver fora dos grandes centros. Pode-se sim viver no centro da grande capital e ter um olhar tão estreito como quem nunca saiu do isolamento do alto da montanha. Viver no alto da montanha também possibilita um olhar mais abrangente e obviamente mais panorâmico. Já não lembrando que o silêncio é muito importante para ter um entendimento maior do que se anda por aqui a fazer, já que não viemos cá só porque sim.

Na mesa do lado uma conversa sobre o meio académico desenrola-se, entre uma jovem senhora dos seus 65 anos e um jovem moço dos seus 30 e tantos. Estou aqui vai que não vai para agradecer esse momento, em que como uma voyeur ouço a conversa. Rapidamente faço algumas anotações da mesma: "Não se restringir ao lugar. Fazer ligações com o que já se conhece. Você só É quando não se vincula por completo. / As pessoas só pensam em publicar e fazer carreira/
Amar sem amarras/ Sbjugar o conhecimento do outro é uma prática constante que é urgente erradicar. Não ter medo de questionar e enfrentar o provincianismo e as relações viciadas."

Nestas breves anotações praticamente tudo foi dito em relação ao que é ser provinciano e cosmopolita. Podemos dissertar acerca do assunto. Mas um pensamento enxugadinho com os seus devidos silêncios muitas vezes é muito mais efetivo.

Ana Piu
Brasil, 20.07.2016

A nau dos insensatos- Bosch



"സ്നേഹം പക്വമതിയായ ഒരു ഒര്" ou " O AMOR É UM GAJO MADURO"

Segundo Dora Hossman o amor é um sentimento maior transversal a todas as comunidades sociedades, onde há vestígios de vida construtiva. Este sentimento maior remonta a milhares e milhares de milénios de anos, desde que o ser humano se reconhece como ser.
Amar é natural ao ser humano, assim como aos outros seres vivos. Uma planta quando respeitada e cuidada floresce generosa e viçosamente.
Devido à lógica cartesiana, platónica e outras filosofias que se concentra apenas na massa cinzenta, vulgus cortex, que se situa acima do pescoço pesando ostensivamente sobre o resto do corpo e do coração há quem vacile em amar com corpo, alma e espírito. Hossman remata ainda que tudo é uma questão de foco. Parafraseando a autora, essa é a especificidade dessa missão que todos os seres viventes têm entre mãos e coração.
HOSSMAN,Dora Eliana do Amaral " O amor malalaio, suas semelhanças e diferenças com os restantes amores do mundo inteiro" Edições Horizontes de Desejo. Singapura: 2020
Ana Piu
Br, 20.07.2016


UMA PORTUGUESA EM TERRAS DE BARÃO

Ao que consta região de Campinas foi umas das últimas a erradicar por completo a escravatura. Isso não significa que outros módulos da dita escravatura não sejam aplicados, dada a lógica neo liberal vigente, em que a precariedade passou a ser algo quase natural nas relações de trabalho.
Barão tem uma especificidade, entre outras. Nela está localizada um campus universitário, suposto lugar de desenvolvimento do conhecimento. Já da sabedoria, vamos combinar que é algo que é em considerável parte menosprezado, visto a competição ser o mote.
Também podemos encontrar coletivos com espírito de cooperação. Obviamente os coletivos, assim como as instituições são constituídas por seres humanos, falíveis, com os seus egos por esculpir. Existem aqueles e aquelas que estão nesse caminho. No caminho do desapego do ego. Esse grande desafio duma vida inteira. Outros e outras ainda que em nome da transcendência exercem as suas pequenas relações de poder.
Como portuguesa, penso que tenho o dever de me posicionar e informar diante dos eventuais escárnios pela minha dita nacionalidade, assim como dos eventuais equívocos até respeitosos que o colonialismo foi e é exercido nas colônias com a lógica da vassalagem. Logo, existem outras frentes, outras resistências que não compactuam com essa lógica. Uma delas é compactuar com os latifundiários da cultura popular. “Ué! Como assim? A CULTURA POPULAR NÃO TEM DONO! POR ISSO É POPULAR!”, Dirá um senhorzinho lá do meu do sertão.
Assim deste jeito maneira, dedico este texto a todos nós que defendemos de corpo e alma a cooperação e a cultura, a arte como um bem essencial para todos. Sem latifúndios nem escravidões. E sim numa lógica de coletivo onde se troca construtivamente. Dedico em especial ao querido José Afonso, meu conterrâneo, pela integridade, anti fascista e anti imperialista que desde os tempos da dita dura reverenciou a liberdade.
Ana Piu
Barão Geraldo, 20.07.2016

terça-feira, 19 de julho de 2016

DORA HOSSMAN

DORA HOSSMAN vai abrir neste espaço algumas sessões e consultorias sobre o tema " O AMOR É UM GAJO MADURO", pesquisa essa que vem desenvolvendo há umas décadas a esta parte.
Dora Eliana do Amaral Hossman é graduada em Sentimentalogia aplicada pela Universidade de Rouchefelt, tem várias publicações em urdu e sudanês acerca dos laços familiares e relações de parentesco não biológico no Império Austro Hungaro na metado do século anterior ao que vem a seguir. Pós graduou-se no Alasca em Filosofia dos afetos. É doutora em Emocionologia pela Universidade de Rosenberg de Baixo. Dá também explicações em inglês da Austrália e sua língua mãe é o malaila, embora se comunique em português fluente com algo descaso aos acordos ortogrânficos.
Ana Piu
B, 19.07.2016

quarta-feira, 13 de julho de 2016

http://www.unicamp.br/unicamp/ju/660/aqui-e-agora-entre-o-comico-o-onirico-e-eternidade

segunda-feira, 11 de julho de 2016

VIEMOS PARA HOMENAGEAR AS NOSSAS ANCESTRAIS: ACERCA DA MINHA MESTRA E ORIENTADORA

Ali está ela vestida de preto. É a minha avó materna. Uma vida inteira ao serviço dos outros. Das patroas e patrões, depois das filhas, dos netos e bisnetos. Dificilmente se sentava. Uma espécie de ansiedade servil. Tinha que estar sempre em atividade. Ora limpando a casa, ora cozinhando, ora cuidando dos petizes.
Eu ainda sou do tempo em que a Rosarinha não se vestia de preto e cantava as suas música da dita cultura popular alentejana, enquanto lavava a louça ou outra atividade doméstica. Depois o coração silenciou-se nos seus cantares. Se perder uma mãe é duro, mais duro é perder uma filha.
Hoje a Ocidente está na moda os mestres e as mestras. Só que diferentemente do Oriente, a Ocidente proclamam-se mestres com uma facilidade que dá que pensar a legitimidade dessa proclamação. A auto proclamação de mestria dá também que pensar. Quem é, é. Não precisa e se auto proclamar, os outros proclamam.
A minha avó foi a minha mestra. Embora soubesse ler e escrever o seu sonho de ser professora primária nunca se concretizou, devido às suas origens humildes. E um dos princípios que a minha mestra me passou foi exatamente esse: HUMILDADE. Mas humildade não significa submissão. E nesse aspecto eu e a geração a seguir à minha, as minhas filhas, temos o dever de afirmar a nossa autonomia: o direito a pensar e agir com sensibilidade e sentido crítico. Viemos para homenagear as nossas ancestrais. Outro dos princípios que a minha mestra passou foi o de NÃO PEGAR O QUE NÃO NOS PERTENCE E DEVOLVER O QUE NOS FOI EMPRESTADO. E olha que aos 8 anos de idade passei a vergonha de ter de devolver um ovo de chocolate que trouxe da mercearia sem pagar, para oferecer a uma amiguinha. A Rosarinha não perdoava esses deslizes.
Aliado a esse princípio de NÃO ROUBAR está o princípio de NÃO MENTIR E ASSUMIR OS SEUS DESLIZES. Mentir é o equivalente a roubar, porque mentir é roubar o tempo e do outro, induzindo-o em erro e intriga. Assumir os seus deslizes é o exercício da humildade de nos sabermos seres humanos falíveis, porém focados em exercitar a amorosidade.
A minha avó alentejana foi a minha mestra, a minha orientadora. A ela lhe devo muito daquilo que sou e estou muito grata por isso, porque a gratidão é o combustível para a nossa energia vital. Que as nossas filhas e filhos possam se orgulhar das gerações anteriores e fazer ainda melhor para as gerações seguintes, que é viver a oportunidade de estarmos vivos em cooperação uns com os outros sem competição e sermos gratos por isso.
Ana Piu
Brasil, 11.07.16
texto dedicado à minha avó Rosária (1922-2014), à Nina (2000) e à Flor ( 2005) e à minha mãe Bia (1947-1985)

Ana Piu 6 h · AS GRANDES CAUSAS CUJOS EFEITOS SÃO FUNDAMENTALISTAS, acerca de Deus e Fidel, da fidelidade a Deus, da fidelidade a Fidel como um Deus, assim como o exemplo do Brasil e a sua resistência à verdade

O fundamentalismo é fundamentalmente fundamentar que todo e qualquer fundamento alheio a esse fundamentalismo é infundamentado. Grandes e nobres causas podem ser usurpadas e transformadas em fundamentalismo.
O fundamentalista pode ou não estar provido de argumentações aparentemente sólidas. Porém, essas argumentações não se sustentam porque obviamente são fundamentalistas, logo o oposto de dialogante.
Para defender essa nobre e grande causa, que é segundo o fundamentalista a saída para a Humanidade, toda e qualquer porém é refutado. Pode até haver provas que esse sistema fundamentalista, que dificilmente é proposto e sim imposto, tem as suas idiossincrasias. Mas! Como bom fundamentalista, este vai defender com unhas e dentes uma bela duma mentira aliado à injustiça causada por esta. E porque vai defender? Porque ou é conivente com essa mentira ou porque por desconhecimento defende uma causa maior. Normalmente as pessoas não querem ser desiludidas nas suas grandes causas. Veja-se o exemplo do intelectual de esquerda norte-americano que antes de virar costas à amiga cubana (de esquerda#, mas critica do regime de Fidel) do meu amigo respingou indignado que o que ela falava de Cuba era mentira. Que era mentira que as pessoas são iguais na escassez de bens básicos, que existe uma elite cubana e que o embargo é um álibi que já não serve. Mas para o convicto intelectual de esquerda dos States os 30 anos de vida num regime cubano não eram importantes diante das suas teorias e idealizações.
A mentira é um vício, um modo de operar. É muito fácil habituar um povo à mentira, à verdade como um tabu. Veja-se o caso do Brasil. É constrangedor a imagem que passam para o mundo. Em nome de Deus fazem um golpe anti democrático, incriminando uma presidenta injustamente por atos não cometidos, num consílio de torturadores da própria durante a ditadura militar que durou oficialmente entre 1964 e 1985. Isto é um exemplo da argumentação rasa que “vem de cima para baixo”.
Mais constrangedor ainda é perceber que muita gente no dia-a-dia comporta-se assim: na difamação, na mentira, no virar as costas ao que é justo que é vivermos do nosso trabalho com dignidade sem passarmos por cima uns dos outros. Podem até bradar a Deus, erguer o punho em nome dos trabalhadores do mundo inteiro, mas se o coração carrega mentira… Fundamentalmente é raso, com uma saída planetária muito estreita assim como para a Humanidade. Sim, porque não conheço nenhum outro animal fundamentalista, conivente com a mentira, além do bicho homem. E quando a base de tudo é o colonialismo secular temos de rever o karma individual e coletivo. Urge rever esse karma. É um direito e um dever que nos assiste. Porém! E esse porém é muito importante! O nosso trabalho, a sua qualidade, a sua honestidade fala muito mais alto que a mentira. Quando acreditamos no nosso trabalho nenhum artifício, nenhuma mentira pode derrubá-lo! Se o trabalho liberta, nós acreditarmos no mesmo e não permitirmos que o espezinhem ainda é mais libertador!
Ana Piu
Brasil, 10.07.2016
# Com brevidade, ser de esquerda é defender politicas públicas acessíveis a todos. A saúde, a educação, a habitação, assim como água potável e comida para todos. Assegurar a dignidade de todos aqueles que fazem parte dum sistema social e que trabalham para ele. O direito a ficar doente, envelhecer, engravidar e procriar com um respaldo social. Mesmo aqueles que querem estar fora do sistema, estão dentro dele duma maneira ou outra, embora possam propor para a sua vida algo mais sustentável. A questão da esquerda estar desunida é porque ainda não se erradicou as pequenas grandes relações de poder, fruto do ego.


quinta-feira, 7 de julho de 2016

ARTE E A CULTURA COMO UMA NECESSIDADE BÁSICA PARA TOD@S*

" Discutiu-se muito sobre as formas diretas de censura sob os diversos regimes sociais e políticos que no mundo existem ou existiram, a proibição de livros e jornais incômodos ou perigosos e o destino de desterro, cárcere ou cemitério de alguns escritores e jornalistas. (...)
Desconfiemos dos aplausos. Às vezes, nos felicitam os que nos consideram inócuos.
Escrevemos para despistar a morte e estrangular os fantasmas que nos acossam por dentro; mas o que escrevemos pode ser historicamente útil apenas quando, de alguma forma, coincide com a
necessidade coletiva de conquista da identidade. Isto, creio, é o que nós gostaríamos; que ao dizer "Sou assim" e oferecer-se, o escritor pudesse ajudar muitos a tomarem consciência do que são.
Como meio de revelação da identidade coletiva, a arte deveria ser considerada um artigo de primeira (...) necessidade, e não um luxo. Mas na América Latina o acesso aos produtos de arte e cultura está
vedado à imensa maioria."
GALEANO, Eduardo. A descoberta da América (que ainda não houve). 2ed. Trad. Eric Nepomuceno. Porto Alegre: Editora da Universidade/UFRGS, 1990. p.7 - 45. Série Síntese Universitária.
* Titulo de minha autoria

SER ETÉREO

Ser etéreo flutuante, nutrido pela força delicada de ser flutuante e etéreo numa delicada firmeza de estar.
Ana Piu
Br, 07.07.2016

terça-feira, 5 de julho de 2016

Não se pode escolher idéias esperando que estas mudem. É necessário escolher condições de vida e de trabalho.
Deve-se ser "a-social" se quiser criar um exemplo contrário à sociabilidade da injustiça.
Deve-se ser "a-social" se não quiser aceitar as regras do jogo no qual você está perdido e amarrado. Deve-se tornar alguém se quiser romper ao menos uma malha da rede e encontrar outro espaço, outras relações.
Deve-se ser "a-social" se quiser transmitir sua presença e sua ação aos que amanhã poderão se confrontar com suas experiências, a partir do seu rastro.
Não deve reduzir sua presença ao momento presente, a este lugar, às suas relações atuais, às perguntas que lhe fazem hoje.
Talvez por isto você é apolítico? O que é a política? Não é a arte do possível?
Deve-se ser "a-social" para realizar o seu possível.

imagem: Odin Teatret, Roberta Carreri 

in: BARBA, Eugenio "Além das ilhas flutuantes", Editora HUCITEC, Editora Unicamp SP- Campinas 1991

UM TEATRO A-SOCIAL?


Não se é a-social. Tornamo-nos a-sociais. Uma outra emigração uma outra emigração, semelhante à quela pelo pão, atravessa a geografia e a consciência da nossa sociedade. Está composta por desterrados, voluntários ou não, de uma país, duma religião, de uma ideologia, de uma classe. Muito pouco nos une em nosso passado, em nossa história, além do fato de que necessidades diferentes e distantes nos empurram à união. 

imagem: Odin Teatret, Roberta Carreri 


Nunca é possível estar "fora da sociedade". Apenas podemos divergir das suas normas.
A vontade se ser "a-social" é às vezes o sinal do mais profundo empenho para mudar. É girar a cabeça para outra direção, procurar o que possa ter de diferente desta sociedade que se quer recusar. Aquilo que se recusa se converte no que orienta, o Norte no qual se fixa seu olhar a fim de se afastar.  (...) Descobre em você uma imagem de vida diferente. Estuda-o como exemplo de um pequeno grupo que, mesmo vivendo no coração da sociedade, sem se desligar dela, constrói sua própria cultura: um organismo microscópico não-destrutivo, mas portador de outras formas de convivência.
imagem: Odin Teatret, Roberta Carreri


in: BARBA, Eugenio "Além das ilhas flutuantes", Editora HUCITEC, Editora Unicamp SP- Campinas 1991