sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

OH ENTRUDO! OH ENTRUDO DO CHOCALHEIRO, QUE NÃO DEIXAS ASSENTAR AS MOCINHAS AO SOLHEIRO!

Poderia citar Bakthin, Verena, Bergson, Turner, Platão e outros para falar do Carnaval e toda e qualquer manifestação popular que serve para celebrar a vida, abrindo e fechando ciclos de colheita em que  o riso, a alegria e os códigos e papeis sociais são colocados do avesso.

O Carnaval vem dos fundos dos tempos, mesmo antes da escrita. Vamos até aos Egípcios 4000 a.c., mas bem sabemos que o que fica na História é o que se perpetua por registros. Seja  através da escrita, das pinturas e outros vestígios arqueológicos.

O Carnaval no Brasil veio nas caravelas. O Carnaval é uma manifestação pagã que a Igreja Católica se apropriou, com é seu costume para evangelizar. Outrora denominado de Entrudo. É uma entre tantas estratégias de colonização e imperialismo.

 Para todos os efeitos o Carnaval é uma promessa de igualdade, de abolição de classes sociais e o desejo imenso de de alegria e prazer onde a folia fazem-nos revisitar o prazer de brincar, de nos divertirmos.

Getúlio Vargas, como todos os ditadores da sua época de discurso nacionalista e patriótico, fez do Carnaval uma imagem de marca do Brasil.

As manifestações populares, as pessoas reunidas na rua, os happenings são acontecimentos que apavoram os poderes vigentes. Então mecanismos  de controlo e repressão muitas vez são acionados.

Só me pergunto porque é que na era da tecnologia, com tanta informação, o preconceito continua em relação aquele que vem da periferia e subúrbio para festejar o Carnaval. Que ainda está na ordem do dia a cultura do medo e da repressão policial em conivência com alguns comerciantes, não todos. Começo a entender o porquê de falar da comissão de Verdade seja ainda tabu e haver mesmos professores afirmarem com todas as letras que quem sofreu a ditadura militar foram meia dúzia de intelectuais e acadêmicos. (?!?!?!?!.....)

 Já é tempo de estarmos juntos na rua fora dos condomínios, das favelas, dos  nossos umbigos e olharmos uns para os outros com olhos de gente. E celebrar a vida com liberdade onde as crianças possam estar presentes sem  ter que fugir a sete pés.

Os  que são  libertinos... que sejam. Cada um sabe da sua felicidade. Embora eu não encontre felicidade na libertinagem que é muito diferente de liberdade, assim como putismo ser muito diferente de amor livre. Mas cada um está no seu caminho. Não vale é arrancar olhos nem amassar os miolos uns dos outros. De resto... FESTEJEMOS!


Ana Piu
Brasil, 05.02.2016


Carnaval de Getúlio Vargas no Rio de Janeiro

careto é um personagem mascarado do carnaval de Trás-os-Montes e Alto DouroPortugal

Carmen Miranda aos 4 anos, 1913



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