sexta-feira, 15 de julho de 2022

PARO, REPARO E REPARO O QUE HÁ PARA REPARAR


 

Onde há alento há desalento e novamente alento e assim sempre. Penso eu. Penso logo não desisto,nem de mim nem dos outros. Isso dá alento, mesmo quando aquele desalento belisca o desaviso.
Uma querida amiga diz assim: " Eu sinto vergonha de falar que sou brasileira." COMO ASSIM TER VERGONHA DA SUA NACIONALIDADE OU ORIGEM? O lugar e o meio onde nascemos pode nem nos definir ou definir até um certo ponto. Honrar de onde viemos, mesmo com todos os desalentos possíveis, é no minimo fazer ou tentar fazer diferente. O desentendimento só existe quando não há escuta. Penso, logo insisto. A pessoa ao invés de escutar, processar, digerir e evacuar o que não lhe serve mais ou não lhe pertence pode tender a levar para o lado pessoal e ao limite colocar-se à defesa. Por isso os transitos entre seres humanos serem importantes. Quando bem aproveitados dão-nos saúde e fazem crescer.
Quando escrevo sobre algumas misérias humanas ocorridas nesses encontros intercontinentais entre brasileiros e portugueses é com a esperança de que pelo menos com os meus amigos queridos de nacionalidade brasileira não haja mais equivocos que poderão dar fruto a cordialidades manhosas, vulgus amizadezinhas meia boca com mentirinhas rançosas que não beneficiam ninguém e que ao limite fazem-me grunhir, uivar. Sim, eu uivo e grunho e também reviro os olhos. Não sou só luz e ainda bem. Muita luz sobre aquece, ofusca e cega. A sombra não é necessariamente ruim. Ela permite-nos colocar limites ao que não abre caminhos para um entendimento maior que as nossas pequenas vidas individualistas e formatadas no piloto automático.
Pensar pela própria cabeça é muito fixe legal, dá saúde e faz crescer. A pessoa em chegando ali a uma certa parte da vida também já precisa de conectar a fiação entre a voz do coração e da voz da mente. Se fica só na voz da mente esta mente porque é tagarela para xuxuxuxá e pode-nos levar para narrativas oficiais que servem a uns poucos ou que já não servem a ninguém, mas fica naquele saudosismo caduco do tempo da Trisavó Donalda com uma torta de maçã que já nem o bode consegue engolir.
Sim, nem todos os brasileiros são mal intencionados e equivocados ( assim como os portugueses). Não será essa discusão infértil? Quem é melhor ou pior? Ufa! Que perda de tempo. O que é certo é que a narrativa oficial em Portugal, embora haja quem não a subscreva, é que Portugal deu novos mundos ao mundo e não se questiona a dimensão da invasão, escravatura e genocidio em outros continentes. Por outro lado, no Brasil como essa invasão, genocidio e exploraçaõ do trabalho alheio ainda está em curso por vezes fica mais fácil de atribuir culpas ao passado, que existem claro, mas sem fazer diferente no presente e ainda inventando maliciosamente realidades sociais em Portugal para justificar relações de vantagem e desvantagem.
Como os meus amigos de verdade, brasileiros ou portugueses ou de outra nacionalidade qualquer, não são assim, embora possam reproduzir alguns equivocos aqui e ali é para vós outros que eu escrevo. Para pararmos, repararmos que precisamos de reparar velhas atrocidades históricas e seus equivocos.
Beijus e abraçus
A Piu
Brasil, 15/07/2022

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