Não sou pessoa de homónimos, como o Pessoa. Nem de escrever a alguém anónimamente. Tampouco falo pelos outros. Quando escrevo ou falo responsabilizo-me pelo feito. Assino A Piu porque acho cool. Ihihh OH YÊ! Dá aquele ar androgeno e muitas pessoas conhecem-me só por Piu.
Olha esta a comparar-se com o Nando! Porque não? Ele era algum deus? Um sujeito comum, um funcionário público, que há 100 anos atrás deambulava pelas ruas lisboetas. Era publicitário, astrólogo, crítico literário e comentarista politico e escrevia prosa, poesia, filosofia, dramaturgia, Escreveu a " Ode maritima" e " O banqueiro anarquista", entre muitas coisas. Nacionalista místico, individualista radical e conservador liberal de " estilo inglês" foi adverso ao comunismo e ao fascismo. Criou o slogan publicitário para a cueca cuela, a considerada água suja do imperialismo norte americano pela oposição, nos anos 20: " Primeiro estranha-se e depois entranha-se. " Com a chegada do fascismo em 1932 a cueca cuela foi censurada e proibida até 1974 em Portugal. Já o Pessoa encharcou-se de alcool, vindo a falecer em 1935 de cirrose. Um dia antes de desencarnar escreveu: " Não sei o que o amanhã trará". Quem sabe? Eu não. E no fundo também não quero. Viver o tempo presente já está valendo. No dia seguinte faleceu, livrando-se mesmo assim de quarenta e muitos anos de fascismo português e da segunda grande guerra. Ele foi um homem do seu tempo como tantos outros. Ele é referência obrigatória para pensar a sociedade atual? O jornalista e escritor uruguaio Eduardo Galeano ou ex presidente uruguaio Pepe Mujica precisram de ler Fernando Pessoa para se formarem politicamente? O Pessoa é uma referência para pensar uma sociedade igualitária? Para pensar o Brasil atual oou outro país? Não encontro ligação, mesmo que " O banqueiro anarquista" seja uma provocação em estilo literário.
Por outro lado, quando coloco um poema do Galeano sobre a cultura do medo que o sistema promove esse mesmo poema tem várias camadas que não só as lutas populares ou reforma agrária e tudo o que o mesmo defendia. Esse poema fala dos nossos medos e coragens. Dos nosssos alentos e desalentos individuais e que mesmo assim há que seguir caminhando em direção à vida, à utopia. As pessoas que se dão ao trabalho de ler o que escrevo são obviamente livres de comentar, mas existem uns combinados:
comentar com educação, sem desdenhar de quem escreve sem se quer conhecer pessoalmente; depois não precisa de mandar o Galeano ou quem escreve ler Fernando Pessoa. Se não concorda com o que está escrito pergunta qual o propósito daquelas palavras e pode contra argumentar que não concorda com as suas próprias ideias e palavras.E assim se faz também a democracia. Ou não? Por outro lado, depois a pessoa escrever: " Não a sigo mais e também não me siga nas redes sociais"... Eh pá! É preciso isso tudo? Não somos pessoas adultas, pá? Depois olhando melhor a pessoa continua a seguir por que afinal desbloqueia-se mas já não mostra o que publica que por acaso até é um trabalho de bonecos bonito. Que disparateira. União não é só concordarmos uns com os outros a toda a hora, nem partir de suposições e contra ataques. Pelo contrário! É trazermos vários pontos de vista e dialogarmos. Ou pensar uma sociedade melhor é como um jogo de futebol? Uns dum lado e os outros do outro? A isso chama-se polaridade que até parece que rima mas não rima com democracia participativa.
Bom, assim vou indo sempre pronta a abraçar uma árvore e a vida mesmo que com todos os mal entendidos.
A Piu
Br, 20/07/2022
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