Existem muitos muros e véus que nos separam e nos unem. Nem todos os muros e véus são ruins, como nem todas as sombras são tóxicas. Quem não gosta da sombra fresca duma árvore no meio do deserto ou duma longa extensão de terra árida? Muitos de nós outros nunca atravessou um deserto de areia, mas acredito que muitos dos outros nós que somos nós outros já atravessamos desertos interiores e, lá está, como cantava o Zeca Afonso " Há quem viva sem dar por nada e há quem morra sem tal saber". Esta frase pode ter muitos e inúmeros sentidos. Mas pensemos, por ora, nos muros internos que temos e se os queremos derrubar ou mantê-los, por uma questão de existência e também sobrevivência.Muitas vezes passamos uma vida inteirinha sem os reconhecer, logo não os podemos derrubar ou cuidar deles adequadamente.
De origem germânica achtung! servia como interjeção chamativa para perigos e paisagens deslumbrantes. Mais a norte, nos países escandinávos,ACHTUNG!! é considerado o espirro oficial dos vikings. Em terras lusas utiliza-se a expressão "Arre!!" quando alguém está arreliado. "Arretung!" é uma espécie de grito de guerra dos trabalhadores da classe precária, que desunidos nunca vencerão.
terça-feira, 30 de março de 2021
MUROS E VÉUS PARA QUE SERVEM?
Existem muitos muros e véus que nos separam e nos unem. Nem todos os muros e véus são ruins, como nem todas as sombras são tóxicas. Quem não gosta da sombra fresca duma árvore no meio do deserto ou duma longa extensão de terra árida? Muitos de nós outros nunca atravessou um deserto de areia, mas acredito que muitos dos outros nós que somos nós outros já atravessamos desertos interiores e, lá está, como cantava o Zeca Afonso " Há quem viva sem dar por nada e há quem morra sem tal saber". Esta frase pode ter muitos e inúmeros sentidos. Mas pensemos, por ora, nos muros internos que temos e se os queremos derrubar ou mantê-los, por uma questão de existência e também sobrevivência.Muitas vezes passamos uma vida inteirinha sem os reconhecer, logo não os podemos derrubar ou cuidar deles adequadamente.
sábado, 27 de março de 2021
DIA DO TEATRO E DO CIRCO
Iniciei o mês de Março homenageando as mulheres brasileiras, pois é nesse território nacional que me encontro e estas muito me têm inspirado e apoiado. Muitos nomes ainda serão proferidos, mas desta vez homenageio com profunda amizade e agradecimento uma querida amiga e grande artista portuguesa, filha de emigrantes em França. Não é mais nem menos que a Judite da Silva Gameiro. Diretora de cena, escritora, figurinista, pintora, ceramista, escultora, produtora, mãe, mulher, ser humana.
Trabalhamos juntas neste seu projeto Teatro Ka com o espetáculo ' Uroboru ' entre 2003 e 2010. Um espetáculo em andas/ pernas de pau que viajou pelas ruas e festivais de teatro de rua em Portugal, Itália, França, Holanda e Alemanha. Porque afinal a poesia pode e deve também estar na rua.
Ao longo desses anos de parceria, 'Uroboru' contou com três elencos de atores: Jean Pierre Billaud ( em memória), Nicolas Brites e Sérgio Fernandes.
É um espetáculo poético e cómico cheio de mal entendidos do que é paixão, amor e desejo entre uma florista e um pintor. Algumas histórias posso contar desde os seus ensaios, onde fomos expulsos da sala de paroquia pelo padre enquanto ensaiávamos, porque a Judite não frequentava aquela paróquia e era muito provável que estivéssemos a ensaiar algo politico subversivo... O Jean Pierre ficou sentado com as perninhas de pau a baterem no chão para não se erguerem bruscamente diante do absurdo. Eu não liguei, pois ao mesmo tempo que era surpreendente e previsível esse episódio confirmava-se a tacanhez de lugares e mentes pequenas e a grande coragem da Judite em regressar à santa terrinha, vinda de Paris, depois de tantos anos.
Uma das memórias mais presentes foi num festival na Alemanha em que o público chegou com meia hora de antecedência para marcar o lugar de pé, debaixo de guarda chuvas. Esperamos que a chuva abrandasse e a organização secou o chão. Atuamos debaixo duma chuva fininha de Verão. Penso que é o mínimo que podemos fazer pelo público, pela arte de viver: acolher e sermos acolhidos e vice versa e toca o passo sempre levantado os joelhos para não escorregar no chão molhado nem tropeçar nas próprias pernas altas. Técnicas... ;)
BOM DIA DO TEATRO E DO CIRCO!!! Podemos viver sem muitas coisas mas sem sonho, poesia e re significação quem somos nós?
A Piu
Campinas SP 27/03/2021
quinta-feira, 25 de março de 2021
TIVE UM AVÔ VISIONÁRIO!
A pessoa mais antiga que eu conheci foi o meu bisavô, a quem eu chamava de avô, Manel. Sim, Manuel com U. É o único português na minha família que eu conheço com esse nome. Também tenho um Ti Jaquim ( Joaquim). Fora isso, são Joões, Josés, Pedros, Nunos, Diogos, Benjamins, Tomases, Hugos - estes dois últimos são os meus sobrinhitos que são os mais novitos da árvore. Quase impossível de conhecer este sujeito que nasceu em 1899. Sempre senti orgulho de conhecer alguém que nasceu ainda no século XIX. Achava uma preciosidade, uma relíquia. Este sujeito viveu até aos oitenta e tantos anos. Teria as suas coisas, mas era uma piada. Um visionário!!!! UM VISIONÁRIO!
Ao lado dele, do pai da minha avó paterna, está a minha mãe. Não editei a foto porque gosto de mantê-la presente com o seu sorriso. Mas histórias icónicas com ela fica para um outro momento.
Voltemos a este ícone que atravessou o século XX num meio rural entre a serra de Sintra a costa do Estoril, tão longe e tão perto de Lisboa principalmente há umas décadas atrás. O avô Manel criava cabras, ovelhas, tratava da terra e era vaidoso. Não perdia uma oportunidade de ir à feira anual do gado na Malveira da Serra para comprar o seu chapéu de feltro. Um saloio com estilo. Também usava um colete, que eu na minha adolescência usei aberto em estilo descolado. Mas ele, o visionário, usava com aqueles relógios de bolso com uma corrente. À antiga. Para mim estar diante daquele ser era estar diante de uma memória ainda viva de outros tempos.
Ora este sujeito, que veio a conhecer a televisão já em idade avançada, acreditava que as locutoras ( aquelas que apresentavam a programação nos idos anos 70/ 80) o viam. Mandava beijinhos, piscava o olho, oferecia um copinho de vinho e comentava que a Isabel Bahia era muito amiga dele. Falava sempre com um ar muito simpático a sorrir. Muito simpática e decente. A Isabel Bahia e outras devem-se lembrar perfeitamente do avô Manel!
Já com as telenovelas, que na época eram só brasileiras, aquilo confundia-lhe os miolos! Achava que eram histórias reais e não entendia quando a mesma atriz fazia outro papel e que ele já não estava a assistir à mesma telenovela. " Esta aqui!... Esta aqui é uma velhaca! Desavergonhada. Estava casada com um e agora já 'tá nos braços de outro! Parecia ser tão boazinha e está completamente diferente!"
Porquê um visionário? Mal sabia ele que umas três décadas mais tarde as pessoas conseguir-se-iam ver umas às outras na tela. Não uma audiência televisiva de milhares de pessoas, mas talvez para lá caminhamos. Também nunca assistiu às chachadas dos reality show, melodramas encenados da vida real.
Em suma, um saloio galã até ao final da vida este avô Manel. A Isabel Bahia ainda se deve lembrar dele perfeitamente, como toda a equipe da Rádio televisão portuguesa.
A Piu
Campinas SP 25/03/2021
quarta-feira, 24 de março de 2021
SAINDO DO MOLDE
Deslocarmo-nos, nos deslocarmos, deslocarmos-nos é sempre aquele tal de movimento de ímpeto, de folego do tal do rumo ao desconhecido algumas, se não muitas, vezes encontrando o já conhecido com aquele cheiro a mofo fruto da friagem, das correntezas de ar que se enfiam na coluna, vulgus espinha.
Eta verborreia danada! O que queres dizer e exatamente?
O que eu quero dizer assim a modos que resumidamente é que temos muito mas muito que caminhar. Hmmmm querias falar sobre aquela viaja de mochilão de comboio/ trem até Budapeste, parando em Viena de Austria em 1991. Mais a húngara feliz da vida em pose sensual de seriado yanki num qualquer bar de Buda ou de Peste com com as suas pernas alvas sobre a mesa de bilhar enquanto empunha orgulhosamente uma cueca cuela. Tu tens 18 anos e tudo o que esperas da emancipação do leste da Europa é tudo mas tido menos renderem-se ao consumismo norte americano. BALDE DE ÁGIUA FRIA. DEPOIS DISSO TUDO É CONVERSA. CONVERSA E CARTILHA PARA BOI DORMIR ZZZZZZZ Dois mundos num só com um muro, uma cortina de ferro caindo gradual e bruscamente. Queres falar do síndrome da gostozice e como isso te enjoa e levas tempo, e esperas, refletes, respiras fundos, ris-te mas ris-te sozinha a bandeiras despregadas com tanto absurdo com o teu próprio absurdo de não compreenderes os códigos mas quando entendes um pouco mais não 'tás a fim desse jogo que ilude ambas as partes e ilusoriamente favorece uma destas. Favorece quem se mostra mais forte e insensível, impenetrável e capacitado para substituir um crush por outro amor temporário e isso enjoa-te, porque forçado esem escuta? És uma romântica? Uma inadaptada? Uma utópica? Uma anti sociedade do consumo que desfalece quando entende que até as relações são auto marketing? Ai miúda! O que esperas da vida? Bem dito resgate do feminino! Gratinados!!! ( seá que os meu amigos komunas vão entender o que falo ou vão mechamar isos histérica? Ai e agora? Sorrio e aceno com o sorriso namasté nº 33. É isso! Bola p'ra frente!)
UP! UP! Foca-te! Sim, ti foca, menina!O que queres falar mesmo para continuar o próximo texto e assim as pessoas não se saturarem nem acharem que é com elas em especifico, mas até é. Mas não é, mas é.
Queria dizer que uma vez ris-te muito com cumplicidade com uma cidadã brasileira quando esta dizia que adorava o Brasil e que tinha voltado da Austria porque mesmo assim adorava a bagunçada brasileira e que o povo brazuca aqui sofre daquele síndrome da gostozice que os confere num lugar um tanto ou quanto adolescente. Olá! Rimos muito. Não sei se ela é rica ou privilegiada por ter morado na Austria, nunca lhe contei o dinheiro e tinha acabado de conhece-la. Talvez tenha passado os seu apertos. Ou não. Fez camas em hotéis para pagar as contas porque a bolsa não chegava... Será? Teve um casamento incrível que durou enquanto durou? Trabalhou no corporativismo e hoje é artesã empreendedora por conta própria? Cri cri. Não sei. Não sermos videntes da vida alheia é muito importante. Não fazermos juízos de valor é im-pres-cin-di-vel.
Bom, mas naquele momento ela me aliviou de algo que eu já desconfiava mas não conseguia verbalizar, principalmente por vir dum dum povo igualmente reprimido no seu desejo mas dum outro jeito.
Bom, até ao próximo texto. Espero-vos aqui de peito aberto, esperando que vós outros não tomem nada como pessoal e sim como um estimulo para sairmos do engodo dos achismos que ser comedor(a) com ou sem exotismos ou do ai credo é que o caminho da luz... Crack crack crush puf paf zzzzzzzzz
VITÓRIAS AOS RESILIENTES!
Ciao ciao ragazzos e ragazzias! Inté!
A Piu
Campinas SP 24/03/2021
domingo, 21 de março de 2021
DO QUE PRECISAMOS DE NOS LIBERTAR
Antes de nascermos já trazemos aquela bagagem que veio antes de nós, ou de nós mas de outras vidas - para quem se prestar a acreditar ou pelo menos a não negar, quando desconhece, o mistério da re encarnação. Com uma vida ou muitas nós carregamos no DNA memórias antigas recentes ou muito, mas muito, muito, muito, mas muito mesmo antigas.
O planeta terra é redondo e não é nem um disco unidimensional nem uma bola redondinha. É uma laranja batida aqui e ali que ora dá sumo/suco docinho ou um pouco amargo ou mais ou menos. Mas sempre dá qualquer coisa. Por vezes não confiamos nessa tal de mãe terra, na sua abundância e na capacidade de distribuir o sustento. Essa não confiança ou desconfiança vem do medo, da crença limitante da escassez, da sovinice de assegurar só para si, da sede de poder, de querer destacar-se pelo status e bens materiais. Da subjugação e meritocracia.
Nós trazemos muita bagagem dentro de nós que precisamos urgentemente de rever e descartar. Bagagem essa que nos últimos milhares de ano é patriarcal. Eu ainda estou a estudar e a entender o que é o matricentrismo, os sistemas matriarcais,. Como tal ,vou deixar para depois esse partilhar de entendimentos.
Vou agora introduzir um assunto EX-TRE-MA-MEN-TE DE-LI-CA-DO: o poder da libido, a libertação sensual e sexual. Como existem tantas , mas tantas e e tantas e tantas distorções acerca dessa energia vital que vai para lá dum assunto teórico e comilão de ocasião promovida pelas mídias que vislumbram o lucro e alienação- eu chamo de delicado e anuncio que vou passo a passo.
Vou passo a passo para entender com mais profundidade o que é auto estima, poder de se entregar e liberdade para que não seja confundido com síndrome da gostozice, onde disputas de ego e vaidades vãs com carência se confundam com a leveza da liberdade.Assim como a reprodução de estereótipos capitalistas, neo liberais que dá a ilusão de liberdade e libertação... Quando confrontados chamam os confrontadores uns caretas, moralistas e cacás. Liberdade não é o mesmo que sacanagem. Sacanagem é aquela liberdade carnavalesca (sub) urbana que zomba do acanhamento moralista da santa terrinha ou do desconhecido mas que vai dar ao mesmo. O chamado consome e joga fora cheio de ai credos ora (sub) urbanos, ora aldeãos mas com a mesma partitura de equivoco e desentendimento. Porquê?
Até ao próximo texto e bom domingo!
Que bárbaro é olharmos com honestidade para nós mesmes e nos revermos. E confiar no poder do amor sem carência nem gula. Piú belo, diria!
NÓS SEMPRE COM AMOR. ELE , o equivoco e obscurantismo, NÃO! LIBERTAÇÃO SIM!
A Piu
Campinas SP 21/03/2021
sábado, 20 de março de 2021
PAI DO PAI É GRANDE PAI - porque 19 de Março é dia dos país lá no sul do hemisfério norte
Não se falava mais isso. O que passou, passou. Não se sabe ao certo o que se passou, porque não se falava mais nisso. Mas pode-se imaginar o que se passou para não se falar mais nisso. Foi um mês de ausência. Menos mal que foi um mês e não um ano ou uma ida sem regresso. Ao que consta não pertencia a nenhuma organização clandestina da oposição, mas o punho formigava há um bom tempo. Para se manter naquele emprego teria de pertencer à Legião Portuguesa, mas ter de aguentar as cuspidelas mandonas dum milili que neste texto vai ser de porte pequenito e empertigado para dar aquela imagem daqueles canitos nervosos que correm atrás das rodas das motos. Também podemos colocar um porte altivo e espadaúdo que se desmorona numa puxada atrás ( vulgus murraça) bem no meio da testa. " Na próxima vez que o gajo vier cuspir fininho vai levar uma nos cornos!', pensou.
Não demorou...Ou era porque as botas não estavam engraxadas ao ponto do mandão se ver refletido, ou a farda não estava impecável, ou não tinha feito continência com a mão certa, o aquele balde de água sobre o chão não tinha sido jogado quando essa não era sua função ao qual tinha sido contratado para aquele emprego. Qualquer pretexto servia para humilhar e falar com o seu hálito de sopas de cavalo cansado em cima dos subalternos. ZÁS! Em cheio! Sabia que iria pagar por isso, e caro. Mas soube-lhe bem. Nunca soube o que era meditação e por vezes não há meditação que segure, porque afinal de contas a paciência é uma mocinha que também se cansa. Provavelmente nunca se arrependeu daquela descarga elétrica, ou provavelmente sim porque fez a sua esposa e filho verem-no a ser levado para a pildra, Atrás das grades um mês em plena ditadura por ter dado uma socalhada a um superior. Acontece... Talvez tenha dado um berro e cobardemente disseram que ele esmurrou o outro. Isso também acontece. Você nunca viu isso acontecer? Eu já. Mais vale alguém que corajosamente assume os seus atos que um cobarde que distorce os factos.
Os guardas republicanos faxixi e fazcócó vieram-no buscar a casa. Anos mais tarde, muitos anos mais tarde - uns trinta, vá - ele na brincadeira diz a umas visitas que da sua casa até ao mar há uma passagem subterrânea da época dos romanos. As visitas acreditam e nós todos rimos por dentro, não porque ele diminui as visitas. Nada disso. É uma brincadeira de algo tão inusitado que as visitas acreditam, mas que talvez naquele dia nos idos anos 50 teria dado muito jeito. Uma fuga pela passagem subterrânea arqueológica desde o seu quintal até ao mar. 'Granda' estilo! Esse sujeito, esse gajo foi o meu avô Cunha, pai do meu pai.
A Piu
Campinas SP 20/03/2021
quinta-feira, 18 de março de 2021
VOU NU MEU VOO
Uma imagem, por vezes, vale mais do que mil palavras. Dizem uns. Como uma imagem, mil palavras vão ser interpretadas de milhares de formas, consoante aquele que a contempla e digere. Algumas vezes as opiniões seguem em jorros sem se quer haver uma digestão. Logo uma compreensão.
Aqui eu vejo uma mulher tentando levantar voo e/ou olhando com assombro ou entusiasmo para as raízes que estão cobertas pelo soalho. Também vejo um rosto com um nariz e uma boca aberta e os cabelos ao vento.
Muitas vezes alguém lê-nos, creio que não contempla nem digere realmente, e não entende muita coisa porque fixou-se às suas ideias, às suas referências e padrões de comportamento. Pode até viajar no espaço físico, para grandes cidades cosmopolitas, mas se não viaja para dentro de si e não se contempla como vai contemplar as outras pessoas?
Ai... Eu queria escrever sobre a importância de andarmos informad@s para assim sermos solidários com os emigrantes, com as mulheres, periféricos e segregados. Também queria escrever sobre a urgência de investir mais na comunicação não violenta em que as pessoas escutam as necessidades umas das outras sem julgamentos, assim como do sexo inapropriado que tantas linhas espirituais falam e que muitos seguidores dessas linha distorcem, uns achando que é para levar tudo à frente e assim não saem do lugar aprisionante de comedores e comidos e outros cheios de ai credos que isso é pecado. Enfim, uma série de equívocos que podemos desfazer neste momento de confinamento onde as oportunidades são múltiplas para nos silenciarmos, respirarmos profunda mento e auto conhecermo-nos. Como pretendo conhecer e entregar-me a outro ser se não me conheço e não me entrego a mim?Ao voar para dentro de mim desnudo-me e voo, porque me torno leve. Bora sair do lugar de quem dá mais e marcar um encontro com nós mesmos onde quem sai vitorioso somos nós mesmos e assim a vida, além de sorrir, flui para o lugar onde estamos olhando com entrega e escuta?
Oxê! Eu também queria escrever sobre sororidade. O mês de Março, mês das mulheres ( e dos homens que apoiam e se entregam à desconstrução do patriarcado) ainda vai a meio!!!
Até ao próximo e texto e imagem!!!
A Piu
Campinas SP 18/03/2021 2021
SE ESTOU AQUI É PORQUE CURTO ESTAR AQUI
Na Grécia Antiga, coturnos eram aqueles sapatos enormes que se usavam no teatro para os atores serem vistos, também dá aquele porte divino e altivo dos deuses da tragédia grega, As mulheres estavam excluídas das andanças teatrais. Só lhes era permitido participar de manifestações populares. E olha lá! Uma democracia, mas só para alguns, onde mulheres e escravos não tinham os direitos democráticos assegurados. Bom, já não falando que democracia e escravatura não é uma rima muito certa... Um tanto destoante. Assim como machismo e democracia também dá uma mistura duvidosa.
A Grécia fica num enclave intercontinental. Continuarmos a afirmar que a Grécia é o berço da civilização é desconsiderar tudo o que vem antes, tanto da Ásia, como da África e mesmo da Europa. O continente Americano talvez esteja incluído, mas como não tenho conhecimento suficiente para remontar histórias de milhares de anos atrás e possíveis contato não vou especular.
A especulação é uma bactéria que se não tomamos cuidado vira uma verdade, muitas vezes difamatória e caluniosa. Quando não sabemos procuramos saber ao invés de reproduzir ideias feitas que não passam de preconceitos com base em algumas verdades, mas lineares.
Existe, com certeza, teatro produzido no continente Africano, mas precisa de ser mais divulgado. Os artistas e as artistas africanas ou afro descendentes mais conhecidos são aqueles que andam pelo mundo. Existem lugares mais propicio às trocas e estímulos. Como a Grada Kilomba artista multidisciplinar afro lusa ou luso afro, nascida em Portugal afro descendente diz: ' Para desenvolver o meu trabalho precisei de sair de Portugal." Ela mora em Berlim e é (re)conhecida internacionalmente. Questionadora do racismo, machismo e atitudes ainda colonialista não assumidas ou mesmo assumidas em Portugal ela faz parte duma geração, que é a minha, de pessoas que assistem e vivem uma transição histórica que é o fim do fascismo em Portugal e do Império Português em África.
Quem mora ou já morou em Portugal e principalmente nasceu e cresceu lá conhece os contornos do povo português. As suas lutas, os seus lutos, as suas tacanhices, as suas rebeldias, perseguições, torturas, mortes, desistências, re existências. Por isso não me parece justo, principalmente depois de tantos portugueses anti fascistas,, muitos com filhos, terem que emigrar por vontade própria ou não serem chamados de colonialistas ou burrinhos ou sei lá o quê. E de repente Portugal ter virado o país bom de mais para se viver e nem os portugueses tinham percebido isso...
Nós, portuguesas e portuguesas, sabemos que o país é pequeno, muitos com uma mentalidade provinciana e moralistas. Sabemos tudo isso. Há uns que até podem fingir que são muito á frente e Portugal é muito moderno. Modernizou-se um pouquinho, mas a caminhada é longa
Pessoalmente, quando decido mudar-me para um país tem de haver vários aspectos que eu admire nesse país. Eu admiro o povo brasileiro, e aprendo muito com este povo de diversidades múltiplas e complexo, reconhecendo as suas tacanhices e libertações. Por vezes eu me pergunto o que faz um brasileiro ou uma brasileira mover-se para Portugal, principalmente depois duma crise financeira e de desemprego que se viveu profundamente em torno duns 10 anos. Pergunto se realmente se se adaptam ao astral português. Mesmo sendo portuguesa, aliás por ser portuguesa, eu tenho a minhas sérias dúvidas se voltaria a me adaptar a Portugal.Mas sinto carinho e afeto pelas pessoas que lá vivem, além de família e amigos. Quando uma pessoa não se sente a gosto precisa de se perguntar se realmente é ali que quer estar e viver ou então procurar parcerias à altura. O que pode levar algum tempo. Em mim eu observei no Brasil: ao me despir dos meus próprios entraves e crenças limitantes as parcerias porreiras legais foram acontecendo, porque eu também as valorizei de facto. Com todos os desafios que é ser mulher, estrangeira... E quando isso acontece as coisas fluem, porque também deixamos de encontrar defeito em quase tudo e passamos a celebrar as coisas fixes bacanas que a vida nos oferece quando nos abrimos para receber. E aí somos vistas e vistos sem a necessidade de subir em coturnos. Somos nós mesmes alinhades com o nosso propósito de vida.
A Piu
Campinas SP 18/03/2021
quarta-feira, 17 de março de 2021
VIVER COM ESTILO É NÃO JULGAR
:' Quem não tem colírio usa óculos escuros/ Minha vó já me dizia pra eu sair sem me molhar/ Quem não tem colírio usa óculos escuros/ Mas a chuva é minha amiga e eu não vou me resfriar/ Quem não tem colírio usa óculos escuros/ A serpente tá na terra e o programa está no ar (...) Solta a serpente/ Hare Krishna, Hare Krishna '
terça-feira, 16 de março de 2021
NÃO PISES OS CALOS À RUÇA DE MÁ PÊLO!!!!
Sim, é ajuste de contas com comportamentos menos salubres, digamos assim a modos que. .Antes que o mundo acabe façamos justiça, não pelas próprias mãos e sim pela consciência. Encontramos-nos no ano da graça das senhoras de 2021, no mês das senhoras mulheres que sinalizam o dia 8 de Março como um dia politico e não romântico. Neste mesmo mês, no dia 19 no meu meu país é dia do pai e depois logo de seguida o aniversário do meu pai que este ano completa 75 anos.
Quando penso, escrevo, falo e pratico a emancipação de ser mulher sempre contemplo o meu pai e agradeço-lhe por todos os diálogos, paciências, apoios e solidariedades. Ninguém nasce desconstruído. Nem eu nem o meu pai somos desconstruídos. Embora demos uns toques um para o outro, que até o sol se aconchega nas nuvens. Mas a gerência agradece machinhos armados em bons, sexistas e misóginos na terapia ocupacional.
Eu espero que amanhã e depois e depois de amanhã eu, o meu pai, o meu irmão que se encontra na foto, assim como você que está a ler estejamos vivinhos da silva. Porém escrevo, como se não houvesse amanhã. Existem muitas formas de resolver ou tentar resolver as coisas. Principalmente aquelas que encalham o caminho durante anos. Fingir que é tudo lindo e maravilhoso e que nada nos atinge e temos que aturar homens mal educados, estúpidos e sonsos é uma ilusão que nos aprisiona. Uma mentira que compactua com o que mais não se sustenta. E a cobardia é uma roupa muito justa.Passa para a frente.
Sim, eu não recorro a órgãos públicos, nem justiças e tribunais para me meter em enleios burocráticos onde passo a declarar institucionalmente inimizades por alguém que um dia confiei mas que não passa dum negligente e intimidador ainda mais à perna. A vida é muito curta, pessoal, e mesmo em tempos de confinamento há tanto edificante para nos focarmos que para novela mediocre já bastam as mesmas. Agora, não me pisem os calos. E escrevo, levo para cena sem falar em nomes. Só as pessoas envolvidas sabem que é com elas sem muitas ou nenhumas conversas paralelas. Ufa... Mais que fazer. Para mim é muito mais potente escrever e criar e assim denunciar duma forma construtiva, sem lavagens de roupa suja, do que ir para a justiça.Mas fica o aviso : se as mulheres com tpm são o que são, imagina juntas ou com o poder da criação?
Outro dia li uma frase um tanto ambígua... " Se não vai comer não esquenta". Essa frase dá pano para mangas... Mas por ora fica a minha frase: Não me tentes comer os miolos se não o meu coração dispara."
Aí entra o meu avô Mário: " É ruça de má pêlo!!! Quer se juntar e não tem cabelo!!!!" Ehehe
Rir é muito bom, se aceitar as próprias mancadas é ótimo rir das mesmas é transcendental.
A Piu
Campinas SP 16/03/2021
NA RESILIÊNCIA SENTIMOS QUEM É QUEM
Á medida que conheço melhor a trajetória da compositora e cantora autoral islandesa Bjork mais a admiro. Ela é inspiradora. Uma mulher. Artista. Empreendedora que toma a sua trajetória profissional nas próprias mãos, enfrentando sexismo e também as tais das resistência de ser uma mulher e também estrangeira quando decide mudar-se para Londres nos idos anos 90, num universal musical predominantemente masculino. Em Londres, as primeiras parcerias são com emigrantes. Fenómeno comum e observável quando somos estrangeiras, nem que seja por sermos da cidade ou Estado vizinho. Imagina de país e até continente, mesmo com a mesma língua!!! ???? Urgências, entendimentos, solitude e solidão. Na resiliência faz nos sentir quem é quem.
domingo, 14 de março de 2021
REINAR COM A CRIANÇA QUE FOMOS NÃO TE DÁ O DIREITO DE NOS INFANTILIZAR
UM GRANDE VIVA ÁS MINAS MANAS!!!!!
Eu não disse? Eu não falei que são muitas as mulheres e suas iniciativas para homenagear e agradecer? Podemos começar por lembrar as percursoras, aquelas que num cenário masculinizado e muitas vezes inóspito elas dão o pontapé de saída para se afirmarem enquanto, mulheres, artistas, cidadãs. Falo no feminino, mas acredito que existem pontos em comum com as pessoas homossexuais e trans. Mas estas terão pautas especificas de afirmação. Elas, melhor que ninguém, as defenderão. E quem for solidário à causa que escute ao invés de se apropriar para beneficio próprio como se dum modismo se tratasse. Os direitos dos seres vivos não deveriam ser moda e sim algo que se toma consciência em prole do coletivo sem nunca esquecer quem somos, de onde viemos, por onde transitamos e onde nos colocamos e nos colocam e onde permitimos que nos coloquem fazendo nos respeitar - mesmo quando não é tão evidente, mas vamu ki vamu.
sexta-feira, 12 de março de 2021
QUATRO MINUTOS E SEIS SEGUNDOS DE PURO ÊXTASE
Os homens o admiram, e sabem que não são como ele. Há uma passarela como a do George Michael no 'Wake me up before you gogo'. Só que o Sidney veio antes! A morena caminha pela plateia ciente do lugar que ocupa. 'Teu, todo teu. Minha, toda minha!' canta com a sua boca sensual de fotonovela, bem da época. Agora vem a loura de olhos verdes que caminha igualmente pela plateia mas não tão certa que todo o amor do Sidney será para ela. Mas a esperança é a última a morrer e o que a move é a competição. Sim, nós as de olhos verdes somos "inbajosas", as de azuis traiçoeiras! ZZZZZZ Há um casal enterteiner do show business só para adornar o cenário. Ele, tipo Al Pacino e ela loura frisada teatral. Sorriem de felicidade pela oportunidade de estar diante daquele galã latino tropical. Ele dança sensualmente com a roupa coladinha ao corpo de lantejoulas reluzentes. A mulher grisalha tem um ar jovial e sorri para o empregado de mesa. A plateia é vasta e ele contagia com a sua sensualidade. A senhora com ar que trabalha na repartição finanças comove-se e cai aquela lagriminha. Deve ser desquitada ou solteirona nos seus trinta e tantos anos mas com uma joviliadade conservadora. O homem cheio de correntes e uma argola numa orelha olha à volta orgulhoso, como interpretação de atores um pouco duvidosa. Deve interpretar o produtor do Sidney. Este, por sua vez, reluz com a sua atuação lantejoulada. A loura olha com desdém para a morena. Mas a morena coloca as mãos na cintura ciente do seu lugar e que a música é para ela. A morena está encantada, já a loura está confiante da sua beleza e dança. Um homem na plateia, em cima dos ombros de alguém tem a camiseta arregaçada. O casal teatral está orgulhoso e controla-se. O suposto produtor está orgulhoso na sua interpretação um tanto fajuta. A loura e a morena entreolham-se em disputa. O Sidney faz o seu show mostrando os seus dotes de ginga de cintura. Um casal tipo revista vip delira. Ele mais idoso está estarrecido. Não se sabe ao certo se se inspira no Sidney ou se tem um uma fantasia de ir com o Sidney. Mas a sua parceira está muito feliz com a felicidade do seu parceiro. Existem crianças na plateia. Nada de pornográfico se anuncia. A disputa das duas continua, enquanto o Sidney é afetuoso com a sua plateia. Há uma fonte que jorra água próprio das inutilidades cenográficas da época, mas dá glamour. Um bigodone, homem de negócios obscuros aproxima-se do senhor idoso de desejos bissexuais não assumida mas leva um fora com um apertão no nariz. O Sidney é a estrela da noite! E lá estão as duas. Sidney canta para a morena. A loura ri com desdém. 'Inbajosa' até à última casa. A morena está encantada. A loura sabe que perdeu a jogada mas prevê o que se segue. Sidney é o cara que nem um bigodone corrupto se sobressai e se dilui na plateia extasiada. O casal teatral comemora de forma exagerada. A loura aplaude. A morena está na expectativa. A plateia feminina invade o palco. As duas rivais ficam para trás e Sidney Magal eleva-se nos ombros das fãs e é levado como uma corrente forte dum rio. Ele olha para trás um pouco impotente mas entregue à sua vaidade. Faz um gesto com um braço como quem diz:' É mesmo assim!" A loura está com o seu orgulho ferido ao passo que a morena deixa cair uma pequena lágrima. Sidney olha para trás como quem diz: " Ai eu te amo, mas agora não vai dar.'
Moral da história: O Sidney é um artista da cena. Separar a vida artística e profissional da privada e intima é fundamental. O homem agora está em trabalho e é levado pelas fãs e até pode amar a morena. Mas será que ele é assim tão leal? Talvez sim. Talvez não. Mas isso a morena já tem que se conhecer a si mesma para saber onde se vai meter e com quem se vai envolver. Logo, nós sermos responsáveis por nós mesmes e à leitura dos sinais com mais profundidade É FUN-DA-MENT-TAL!!!!
Isso também se adequa para uma mulher artista da cena e outras. Você confia e é confiável ou não. Para enganações já temos uma grande parte dos governos.
A Piu
Campinas SP 12/03/2021
ALTO E PÁRA O BAILE!!!!
quarta-feira, 10 de março de 2021
A TODAS NÓS!!!!
A TODAS NÓS!!!!
Crédito: Amanda Dumont |