quarta-feira, 4 de março de 2020

SENSIBILIDADE E ÉTICA - algumas considerações trabalhistas na primeira pessoa do singular e do plural




SENSIBILIDADE E ÉTICA - algumas considerações trabalhistas na primeira pessoa do singular e do plural
O 8 de Março, Dia Internacional da Mulher aproxima-se. Data essa que foi reconhecida em 1975 pela Organização das Nações Unidas (ONU). Esse dia, que mais que uma comemoração é uma reivindicação, tem na origem as lutas operárias. Segundo a historiadora brasileira Diana Assunção, integrante do coletivo feminista Pão e Rosa esta é uma luta pelo direito ao voto feminino e uma batalha contra o patriarcado e o sistema capitalista.
Ora o sistema capitalista é patriarcal. Chega até a ser uma redundância. Onde a única visão é produtividade, lucro, mão de obra barata e descartável tomando contornos sofisticados ou não de neo escravatura só que com direto a consumir mas sem qualidade a coisa é, além de capitalista, patriarcal. A mulher no meio dessa avidez toda, em que o ser vivo conta muito pouco ou quase nada, é que sai mais a perder. A maternidade é um empecilho, o direito a respeitar os ciclos menstruais e o que há de auto conhecimento em torno dos mesmos é ridicularizado e pisoteado, e o lugar comum de fazer parte do sexo fraco em que a sua fragilidade compromete a produtividade. Bom, as mulheres negras não entram no role das mulheres frágeis nessa lógica. Em países de fortes resquícios escravocratas, algumas mulheres podem se dar " ao luxo" de não trabalhar para assegurar o seu sustento porque o seu tutor, figura masculina normalmente, financia a vida com o seu trabalho ou os seus negócios mais transparentes ou mais turvos. Pessoalmente, nunca conheci tantos casos de mulheres que vivem nestas condições como no Brasil. Dá que pensar. Não sou fã do conceito Terceiro Mundo, mas no caso aplica-se: quando alguém não precisa de trabalhar porque explora descaradamente a força de trabalho de terceiros. Nesse caso a Europa também é Terceiro Mundista?... Vai que? Só que com aquele ar de quase politicamente correta, mas só para os "seus".
Antes de conhecer a obra da Simone de Beauvoir a minha tia já me dizia na adolescência: " Ancora-te pelo teu trabalho, faz te respeitar através dele." Tenho levado esse conselho por toda esta caminhada até ao momento presente. Até um dado momento da minha vida profissional não tive necessidade de ser produtora, marqueteira do meu trabalho, no caso artístico. Tive a sorte de por uns bons anos ser assalariada nesta profissão que tanto amo: atriz palhaça. Isto em contexto português.Porém nada é para sempre e mesmo sendo assalariada não havia um contrato que assegurasse o meu sustento em caso de doença, gravidez, licença de parto e despedimento. Uma prestadora de serviços. Agradeço a oportunidade de ter aprendido inúmeras coisas nesse lugar onde trabalhei, a formação artística e humana que me foi disponibilizada. Mas eu de facto não concordava, nem concordo com esse modo de tratar @s trabalhadores, sejam braçais, intelectuais ou artistas. O neo liberalismo inventou essa de sermos prestadores de serviços, micro empresários para desresponsabilizar quem contrata e assim não ter muitos vínculos empregatícios. Logo os direitos trabalhistas praticamente são inexistentes como foi dito acima.
Resumindo e concluindo, no meu ponto de vista mais do que enfiar o dedo na cara dos homens por comemorarmos ou lembrarmos que este dia Internacional da Mulher, cabe a todas, todos e todxs rever nas nossas vidas quando tentamos passar a perna a outra mana, na ânsia de ocupar o lugar da mesma ou de agarrar aquela oportunidade do gostosão machinho alpha que joga com a carência das mulheres para colocá-las umas contra as outras. Ou a patroa, a chefa que reproduz exatamente esse forma déspota, autoritária, insensível de agir nas relações de trabalho com quem emprega.
Por agora é isso, não deixando de agradecer a todas as oportunidades de trabalho e emprego, mesmo quando fui e/ou fomos descartáveis.
É NOIS NESTA NOVA ERA DE NOS RE INVENTARMOS COMO SERES HUMANOS PROVIDOS DE SENSIBILIDADE E ÉTICA!
A Piu
Campinas SP 04/03/2020



fontes:

https://www.brasildefato.com.br/2019/03/08/marco-das-mulheres-or-a-verdadeira-historia-do-8-de-marco

https://www.bbc.com/portuguese/internacional-43324887






















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