sexta-feira, 27 de março de 2020

E AÍ GAROTADA? COMO VAI A VIDA?

Passei a minha infância e juventude a escutar da minha avó: " A saúde é o bem mais precioso que nós temos! Saudinha é o que é preciso!" Ora, eu garota gozona pela imaturidade da experiência de vida anterior ao meu ser experiente que já viu muita gente enferma e partir nos entre tantos, sempre caçoava, sem perder o respeito à minha querida avó que partiu numa sexta de Carnaval de 2014 para um outro plano.
" O que é preciso é saúde!", dizia eu quando encontrava uma grande amiga até hoje. Os amigos de verdade são para a vida inteira, mesmo que as nossas vidas sigam rumos muito diferentes. É ou não é? E fico feliz que ela se esteja a cuidar com o seu filho lá do outro lado do oceano. Quando queremos bem é para a vida inteirinha, as palavras e os sentimentos não se expressam nem se jogam fora como latas dum refrigerante de composição duvidosa.
Todos nós temos de partir daqui deste plano e dar lugar a outros. Assim é a lei da vida. Uns ficam mais tempo, como ela que partiu aos 92 anos de idade e outros que partem mais cedo, como a minha mãe por exemplo que partiu aos 37 anos de idade por questões de saúde. E assim é a vida. Aprender a aprender a amar e a deixar ir, deixando no coração um espaço amplo de homenagem a quem nos quer bem e a quem queremos bem. E principalmente fazer de tudo para passarmos por aqui reverenciando a nossa existência, no individual e no coletivo.
Reverenciar significa confiar que a grande cura se dá pelo amor, a si mesmo e ao próximo. Não somos obrigados a conviver com quem nos desconsidera, nos maltrata,que encara a vida com cinismo ao ponto da empatia para consigo mesmo ser nula ou quase nula quanto mais para com a dos outros! Vou dar um exemplo bem concreto, para nos atentarmos se algumas vezes não reproduzimos boçalidades semelhantes no nosso micro sistema: alguém que representa uma nação, que viaja com uma comitiva para o exterior e ao voltar alguns estão infetados pelo corona vírus e esse representante da nação que muitos o elegeram por variadíssimos motivos alega publicamente que esta pandemia mundial é uma gripezinha fruto duma histeria coletiva que afeta a economia e que os negócios não podem parar e que se lixem as famílias dependentes da força do seu trabalho... Que ser é este? O que ele diz de nós? Que posicionamento ele pede que as pessoas tomem? Um representante da nação que convida todos ao corredor da morte só pode ser um teste para todos nós acerca do valor da vida e quem se elege. Vamos dar 30 segundos de reflexão quanto às estupidezes que cometemos e repetimos de sorriso no rosto sem assumir que são estupidezes ou mesmo sabendo que são não pedimos desculpa ou tentamos oprimir por outros meios, que é boicotar o amor e até a sua felicidade e a felicidade alheia. Quem ama fica feliz pela outra pessoa sem disputa. Essa é a grande diferença entre os que amam e os que acham ou gostariam de amar mas sem abrir mão do seu orgulho.


De volta, depois dos 30 segundos:
Aí também temos de nos atentar a quem invoca constantemente a desgraça, que em tudo vê provocação maliciosa e desdenha da simples alegria de viver com inocência. Aqui não se trata de escolhas partidárias, embora quem se assume abertamente de direita ou com valores de direita eu sempre fico um tanto ou quanto... observadora? Apreensiva? Há aquele exercício de manter um diálogo democrático, mas a afinidade é um frágil fio que se deve manter firme pelo respeito a distintas visões do mundo. Não é que não haja um perfil de esquerda que é só fachada, mas com esses mesmo assim consigo lidar melhor pois apelo para os seus grandes valores, de justiça, fraternidade e igualdade, que também são os meus mas acreditando que o despotismo é nefasto e que o totalitarismo é para lá do nefasto. É sinistro. Assim como o esquerdo machismo que temos que nos avisar constantemente uns aos outros, já que o querer bem é uma das pautas principais. Considero eu, pelo menos. Já não falando do seguidismo, essa imensa necessidade de seguir seja lá o que for, mesmo que de nobres causas se tratem. Normalmente o seguidismo é uma necessidade de suprir uma carência ou substituir, uma figura paterna e/ou materna. É um afirmar de: "Pensem por mim. Digam-me o que eu preciso de pensar e o que é para eu fazer." Ok, existem pessoas, penso que é a maioria, que prefere não ter o trabalho da auto gestão. Porque a auto gestão dá trabalho. E auto gestão não significa empresário em nome individual, que é o que se chama aos trabalhadores precários. Auto gestão não significa defender um anarquismo capitalista. Na verdade nem tenho propriedade para falar sobre anarquismo capitalista porque nem estou interessada em aprofundar o que à partida já não me seduz. O capitalismo não me seduz e tudo o que isso acarreta: competição insana - quem é competente não precisa de competir porque todos temos lugar quando nos olhamos e nos valorizamos.
Por agora é isso, porque na verdade quero escrever um outro texto para a página Ar Dulce Ar sobre este dia mundial do teatro e nacional do Circo. Enquanto isso deixo esta imagem absurda, por isso risível. Dum trágico cómico sem precedentes.
Beijus e abraçus!
A Piu
Campinas SP 72/03/2020







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