sexta-feira, 20 de março de 2020

AMOR EM TEMPOS DE PANDEMIA


No momento em que escolhemos amar, começamos a nos mover contra a dominação, contra a opressão. No momento em que escolhemos amar, começamos a nos mover em direção à liberdade, a agir de formas que libertem a nós e aos outros."
bell hooks 


Vivemos um momento que podemos e devemos tomar como uma oportunidade de parar e olhar para dentro. Quando escrevo " vivemos" naturalmente cada uma e cada um estará vivendo as suas circunstâncias de vida. Falar para alguém que nem saneamento básico tem para lavar as suas mãos e não sair de casa, se é que tem casa, é no mínimo não ter noção de que mesmo que estejamos neste grande barco planetário nem todas as pessoas tem as mesmas oportunidades. Ler, escrever, ter um lugar de fala, ter acesso a teatro, a cinema são ainda inacessíveis para alguns. Infelizmente. Ontem vi um vídeo de um senhor negro trabalhador dentro do metro, talvez em São Paulo, com muita gente dizendo que ele e muitos não se poderiam recolher e que fecharam quase tudo, e que teatro e cinema é para rico. É mais que compreensível a sua fala e ele ter a oportunidade de usar o seu celular e falar para o mundo a sua dor e daqueles que estão na sua situação, condição. Também sabemos que uma grande parte da população indígena tem sido dizimada há séculos pela gripe "comum", aquela que nós tratamos em casa ficando debaixo dos lençóis a transpirar com todos os cuidados que ela requer. E depois adeuzinho até à próxima gripe na virada de estação. Porém, o que estamos a viver mundialmente é uma chamada de atenção para abrirmos a consciência e mudarmos de frequência vibratória. Não sei se é um último aviso à Humanidade que chegou neste ponto em que o capitalismo selvagem tem demonstrado que é emocionalmente insustentável, que o neo liberalismo e privatização dos serviços públicos não é de todo viável, que é urgente repensar o consumo desenfreado, o o egoísmo associado a esse consumismo e também ao carreirismo de não olhar a meios para atingir o fim. Que é mais que tempo de erradicar o racismo, a xenofobia,o sexismo, a homofobia, a misoginia, o classismo.

É tempo de olharmos para dentro para expandir a consciência. Silenciarmos-nos para enxergar com mais clareza e solidariedade. Vibrar no pânico, no medo e deixarmos-nos arrastar por ideias apocalípticas promovidas pelo excesso de informação não nos liberta e a liberação de negatividade é possível. Ah e rever as nossas falas, pensamentos e sentimentos que reproduzimos de forma a nos oprimir e oprimir os outros, olhando-nos com preconceito. Não nos deixarmos arrastar pelas mentiras que nos são convenientes e assim compactuar com a calúnia e a difamação, mesmo que nos consideremos os mais esquerda da esquerda. Termos consciência de classe é muito importante. Termos consciência de onde vem a nossa fonte de rendimento e como, para assim também estarmos cientes que existem seres humanos que tem mais privilégios que nós e outros não. E que uns parecem estar na mesma situação que nós, devido a estereótipos, mas não é bem assim. Enquanto não vivermos em sociedades igualitárias, se é que algum dia isso será possível, pelo menos essa consciência terá de estar presente só assim a expansão da consciência ao nível espiritual que é vibrar amor, compaixão e também perdão será efetiva.

Acabei o livro da bell hooks " Ensinar a transgredir A educação como prática da liberdade" trazido duma biblioteca pública do sesc que todos ( ou quase todos) podem ter acesso. Procuro aquela passagem em que ela escreve que no meio universitário quem não segue o modelo hegemónico do pensamento ocidental do homem branco da elite é considerado baderneiro. Não encontro agora a citação diante de tantos lembretes que fiz no livro, mas esse termo ainda soa aqui dentro, pois a primeira vez que o conheci foi no Brasil nesse mesmo contexto acadêmico. Fui chamada de baderneira. Como desconhecia o termo associei a taberna, que na minha terra é o equivalente a boteco. Ir para a taberna ou tasco é o mesmo que ir para o boteco. Não é que eu dispense um boteco, mas de facto nunca me ocorreu fazer do conhecimento uma revolução de boteco, como se diz na minha terra revolução de café, que é só para causar confusão, bagunçada mas deixar tudo igual.

Enfim, nós somos a cura de nós mesmos e quanto mais vibrarmos no amor, quanto mais ancorad@s estivermos em nós mesm@s mais imunes estaremos às pandemias e a poder ajudar os outros, caso necessitem e queiram.

VITÓRIA AO AMOR! SÓ AMOR CURA POR INTEIRO!
Ah! Muita gratidão a escritoras negras como a bell hooks que desnaturalizam as narrativas vigentes e impostas. Que alento no coração! Agora siga para a escritora negra brasileira Sueli Carneiro.

A Piu
Campinas SP 20/03/2020



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