Ninguém nasce ensinado, mas ele
há uns que sim. Ou até parece que sim. Ti Raul falava que falava. De uma sapiência!
Escutá-lo era como esfolhear aquelas revistinhas das Seleções Readers
Digest.Histórias levadas da breca que nas suas cordas vocais eram uma verdade
determinantemente determinista. E lá ficava o Ti Mário embevecido a admirar
aquele palavreado, aquele jeito de poisar as mãos sobre a mesa, com um olho no
horizonte e outro na bosta. Para o Ti Mário o Ti Raul era o máximo! E
reconfortado com tanta intelectualidade lá enrolava um cigarrinho palha
correndo o risco de cuspinhar a mortalha em demasia, de tão babado que ficava
pelo palavrear do Ti Raul.
Ti Raul também era um bem feitor.
Voluntário num hospital a sua beneficiência foi dispensado, pois Ti Raul levou
à letra a tal da palavra benefeciência e debitava a sua ciência aos pacientes.
Dentro sua bata branca Ti Raul incorporava o médico, o sô doutor. Confesso que
guardo alguma curiosidade sobre os conselhos médicos ele daria às pessoas, e se
estas seguiam as suas diretrizes, e se seguiam quais as consequências.
Bom, mas bom que o Ti Raul
descanse em paz, ande lá por ele andar. Talvez seja o melhor lá da nuvem dele,
como era cá por baixo. O melhor da sua rua. E até consigo imaginar o Ti Mário
do lado dele, sentadinho na nuvem. Mas também consigo imaginar o Ti Mário
"inocentemente" a roçar o seu cigarrito no braço do outro ou
acidentalmente dar-lhe um toque que fizesse o Ti Raul cair da nuvem. E isto
porquê? Porque se um dia o Ti Mário conhecesse realmente o Ti Raul e chegasse à
conclusão que o Ti RAul era cá uma farsa de mau gosto!.. Utla! Tal num tá a
moenga, moço do abrão!
#papelito de cigarrito
br, 22 de Set. 2012
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