sábado, 22 de setembro de 2012

TI RAUL


Ninguém nasce ensinado, mas ele há uns que sim. Ou até parece que sim. Ti Raul falava que falava. De uma sapiência! Escutá-lo era como esfolhear aquelas revistinhas das Seleções Readers Digest.Histórias levadas da breca que nas suas cordas vocais eram uma verdade determinantemente determinista. E lá ficava o Ti Mário embevecido a admirar aquele palavreado, aquele jeito de poisar as mãos sobre a mesa, com um olho no horizonte e outro na bosta. Para o Ti Mário o Ti Raul era o máximo! E reconfortado com tanta intelectualidade lá enrolava um cigarrinho palha correndo o risco de cuspinhar a mortalha em demasia, de tão babado que ficava pelo palavrear do Ti Raul.
Ti Raul também era um bem feitor. Voluntário num hospital a sua beneficiência foi dispensado, pois Ti Raul levou à letra a tal da palavra benefeciência e debitava a sua ciência aos pacientes. Dentro sua bata branca Ti Raul incorporava o médico, o sô doutor. Confesso que guardo alguma curiosidade sobre os conselhos médicos ele daria às pessoas, e se estas seguiam as suas diretrizes, e se seguiam quais as consequências.
Bom, mas bom que o Ti Raul descanse em paz, ande lá por ele andar. Talvez seja o melhor lá da nuvem dele, como era cá por baixo. O melhor da sua rua. E até consigo imaginar o Ti Mário do lado dele, sentadinho na nuvem. Mas também consigo imaginar o Ti Mário "inocentemente" a roçar o seu cigarrito no braço do outro ou acidentalmente dar-lhe um toque que fizesse o Ti Raul cair da nuvem. E isto porquê? Porque se um dia o Ti Mário conhecesse realmente o Ti Raul e chegasse à conclusão que o Ti RAul era cá uma farsa de mau gosto!.. Utla! Tal num tá a moenga, moço do abrão!
#papelito de cigarrito

br, 22 de Set. 2012

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