Então, o caroço descarnado,
ressequido pelo tempo cai ao chão. Uma fina membrana que o envolve
estala. Uma racha abre-se. Um turbilhão lá dentro. Mistérios que se
encontram. Que se chocam. Quebrado o caroço a escuridão espalha-se,
dilui-se no ar, esbate-se. O caroço quebra-se e o dia surge. Uma longa e
grande madrugada rompe o espaço. É de dia e o caos instala-se. Os
mistérios da vida andam à solta. Alguém tenta ordenar, religar. É de dia
e há quem anseie a noite. Há também quem tente dormir um longo sono na
esperança que toda essa confusão passe. Mas a luz do dia insiste em se
propagar. Há quem se sinta perplexo com tanta contradição. A luz do dia
que inaugura o caos? Mas o caos está lá, exactamente para nos obrigar a
ordenar, a religar o que antes era um mistério que se encerrava em si.
Agora o mistério reside no desafio de procurar caminhos possíveis para a
compreensão desses mesmos mistérios da vida.
A piu
br, 30 de Setembro de 2012
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