domingo, 30 de setembro de 2012

ESCURO

Dentro daquele caroço está o escuro do universo. Um imenso escuro. Um escuro sem fim. Por isso é escuro, porque não se vê o fim. Um escuro muito escuro onde os mistérios da vida deambulam, brincando à cabra cega. Dentro daquele caroço tem um coração. O coração do universo. Um coração que palpita ora com vitalidade ou cansado. E um escuro imenso. Uma imensidão de escuro.
Então, o caroço descarnado,
ressequido pelo tempo cai ao chão. Uma fina membrana que o envolve estala. Uma racha abre-se. Um turbilhão lá dentro. Mistérios que se encontram. Que se chocam. Quebrado o caroço a escuridão espalha-se, dilui-se no ar, esbate-se. O caroço quebra-se e o dia surge. Uma longa e grande madrugada rompe o espaço. É de dia e o caos instala-se. Os mistérios da vida andam à solta. Alguém tenta ordenar, religar. É de dia e há quem anseie a noite. Há também quem tente dormir um longo sono na esperança que toda essa confusão passe. Mas a luz do dia insiste em se propagar. Há quem se sinta perplexo com tanta contradição. A luz do dia que inaugura o caos? Mas o caos está lá, exactamente para nos obrigar a ordenar, a religar o que antes era um mistério que se encerrava em si. Agora o mistério reside no desafio de procurar caminhos possíveis para a compreensão desses mesmos mistérios da vida.
 
A piu
br, 30 de Setembro de 2012
 

Sem comentários:

Enviar um comentário