segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Desejos, inquietações e impulsos

Somos culturalmente agitados. A sociedade ocidental contemporânea, com suas especificidades locais, imprime, incute um ritmo, uma aceleração que de uma maneira ou outra leva-nos a sair do nosso centro vital; a sair do nosso eixo, onde o cor
po e a mente estão intimamente ligados entre a tensão e a harmonia. Por outras palavras, onde a auto escuta e a disponibilidade de escutar o meio ambiente. A nossa opinião sobrepõe-se à escuta. Sofremos da síndrome de antecipação. Há como que uma recusa de nos mantermos no mesmo lugar e deixarmo-nos afectar, impregnar por aquilo que nos rodeia. Há como que uma fuga da nossa própria existência. Optamos, assim, para viver em estado de zapping. Os pensamentos jorram em catadupa, não sendo obrigatório que os mesmos sejam consistentes e consequentes.
Por medo do vazio preenchemos a nossa respiração, as nossas batidas cardíacas, de ruídos, de actividades que nos fazem acreditar que estamos conectados com nós mesmos e com os demais. Amedrontamo-nos com a ideia de abismo, do nada, do vazio. Como se o vazio fosse algo que se esvazia-se em si mesmo. E seu o vazio for exactamente o contrário? Dentro da imobilidade habita um universo imenso de vontades, desejos e inquietações e impulsos.
A Piu

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