quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Quando eu for grande


      Quando eu for velhinha, bem velhinha... Aliás, quando eu for mais idosa... Aliás, quando eu for maior. Maior de idade. Aliás quando eu for grande e ainda mais desbocada. Quando eu for grande, tão grande que olharei para o lado, para a frente e para trás e poderei respirar de alívio e pensar com os meus botões: "Meninada tá bem ou pelo menos faz por isso; seguindo o seu caminho. Quando precisarem estou aqui". Quando eu for grande e de tão grande mirrarei e que não terei de provar mais nada a ninguém para além daquilo que sou e sonho... viajarei de mochila às costas. Se as forças me permitirem farei grandes caminhadas pela América Latina, pela Índia, pelo Nepal. E o tempo se dilatará. Sem pressas. E que me importa que me chamem velha gaiteira!... E que me importa que com aquela idade deveria deixar-me dessas coisas e procurar mais conforto!Quando eu for grande e de tão grande mirrarei espero poder conseguir viver e subsistir sem muito dinheiro, mas com muita imaginação lúcida para perpetuar a arte do encontro e da reciprocidade. "Velha gaiteira! Perdeu o juízo de vez!" murmurarei de mim para mim. Porque quando eu for tão grande que nem os 100 anos estremecerão, quem diz 100 diz 110, espero poder ainda rir de mim. E quando a morte chegar abraçá-la apaziguadamente.

a Piu
br, 26 de Stembro de 2012

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