terça-feira, 7 de janeiro de 2020

MAIS PERTO DA TERRA E DO CÉU - relatos de viagem

Ora sendo eu uma sujeita que viveu grande parte da sua vida junto ao mar é sempre um rejubilo encontrar esse velho companheiro de descargo de energias e reestabelecedor de energia vital que nos faz ter ânimo para enfrentar as caminhadas com os seus inúmeros desafios. Porém todavia, no entanto, contudo na minha terra natal não existem as faustosas, proeminentes, indescritíveis cachoeiras como nesta terra tropical em que me encontro, Brasil. Sim, na serra do Gerês existem umas quedas de água mas como estas eu vim conhecer aqui. E é DI-VI-NO, TRANS-CEN-DEN-TE. Pois é mesmo isso que eu sinto neste território ameríndio, brasileiro com afro descendências que nos lembram que somos filhos da terra, do mar (água), do céu (ar), das estrelas (fogo). Somos filhos da mãe natureza, pachamama, que nos dá tudo o que precisamos e desafios para sabermos lidar. Ter gratidão com esta e estar em conexão com a mesma é lembrarmos quem somos, sem distrações que nos fazem sair do caminho de volta a casa. Isto é, de volta a nós mesmos e ao ventre da nossa mãe que é sagrada. Mãe que nos pariu, mãe natureza. E as mães não se compram nem se vendem, não é mesmo? Logo, as mulheres como a terra não deveriam ser mercadoria em situação nenhuma. Muito menos de cobiça. O Amor e o Desejo não se vendem nem disputam, pois antes de tudo é uma conexão espiritual. Um encontro energético nos nossos corpos subtis. Isto quando sabemos que nos comprometermos em fazer o caminho de volta para casa. Isto é, estarmos conectados com a nossa essência, com a nossa verdade antes de conceitos e preconceitos, assim como de suposições que são meras armadilhas do ego.

A caminhada, desde a praia, até à cachoeira do Veloso ( Ilha Bela SP) é de aproximadamente de 50 minutos. Para lá ir é preciso realmente querer, principalmente depois duma manhã de chuvisco que enlameia o caminho. Assim sendo, aconselho a deixar na praia ou em outro lugar à escolha a filharada, quem a tiver, para dar os seus mergulhos sem caminhar com reclamações. Da minha parte "num tenho proglemas " nenhuns de caminhar sozinha e tentar fazer aquele esvaziamento duma mente tagarela. Oh desafio hercúleo! Bla bla bla bla bla! ESCUTA O SOM DA MATA, MULHER! ESCUTA O SILÊNCIO, A PASSARADA e com concentração o espírito da mata vem te abraçar docemente e com firmeza. Caminhar solitariamente não é solidão, aquela coisa coitadinha. Nã!!! É sim solitude na trilha da plenitude.

Fazer uma trilha a pique escorregadia é como caminhar pelo mundo, precisamos de olhar para onde pisamos, encontrar pontos fixos par nos apoiarmos e aceitar que algumas vezes podemos escorregar, cair. E depois erguermos-nos e continuar, focando na respiração. E assim vamos nos silenciando deste mundo louco de cacofonia e imagens, mais imagens e mais imagens que pela sua quantidade perdem a sua força.

Nunca fui muito menina de tirar fotos nas minhas viagens e/ou caminhadas, sejam solitárias como esta, sejam em pequenos grupos. Na minha sensibilidade de desfrute de viagens até 4, 5 pessoas está bom a partir daí são muitos egos, quereres e opiniões que podem acabar por poluir o ambiente.
Esta foto tirei da internet, pois diante de tanta grandeza senti que a transcendência não se fotografa e dificilmente se representa. Nem mesmo esta foto é representativa desse momento que estive mais perto de... (esta agora fica entre nós, eu sempre tive uma daquelas bronquinhas com o Vaticano e outros pais omnipresentes barbudos castigadores atrás das nuvens), mas desta vez e como em outras de cunho espiritual indígena estive abraçada a Deus, à Pachamama, a uma energia divina que está dentro de nós, a uma luz cósmica da qual nós somos materialização da mesma por breves instantes desta imensa existência. Muito bom ter esta oportunidade de estar comigo mesma, num gesto de auto amor e auto cuidado e poder compartilhar aqui com vocês esta experiência, entre outras, de Amor incondicional pela Vida. Muita gratidão, muito haux território ameríndio milenar por esta e outras oportunidades de conexão para um outro plano de entendimento que só pelo Amor e Respeito à natureza podemos evoluir e amarmos incondicionalmente colocando um basta ao desamor e à ignorância,. Longa caminhada essa, não? Cada um terá de fazer a sua parte como melhor lhe aprouver. A caminhada é longa até desencarnarmos. Uma vida inteirinha e mais alguma, diria.

A Piu
Brasil 07/01/2019


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