" Qual a diferença entre botarmos para fora e nos expormos?". Aquela pergunta feita ao meu lado, onde o meu ouvido estava entupido há vários dias pela água do mar e da cachoeira o que dava um zumbido permanente, ecoou como um "Aha!"
Essa pergunta cada vez é mais pertinente, principalmente na Era da Tecnologia, das relações virtuais muitas vezes sem nenhum contato a não ser o virtual. A internet é a revolução das revoluções. Uma ferramenta que pode tanto ser benéfica como nociva, dependendo como esta é usada.
Para cultivarmos pacifismo precisamos de olhar de frente o que precisamos de reprogramar na nossa memória celular, o que nos fere, quem ferimos, porque isso acontece. Não nos silenciarmos é muito importante e cada vez observo mais que a opinião pública é importante para sabermos com quem contar, quem pode contar com a minha pessoa e aqueles que passam como voyeurs. Vivemos na Era da exacerbação do voyerismo. Uma espécie de meter o nariz na vida alheia e expor a nossa vida muitas vezes desnecessariamente. Ainda estamos a aprender a usar esta ferramenta poderosíssima que é a internet. Antes de tudo não julgarmos se está certo ou errado como as outras pessoas usam as redes sociais, aplicativos e afins duma forma distinta de nós. Essa é a primeira, pois cada uma e cada um de nós tem necessidades diferentes. Podemos sim refletir juntxs o que pode ou não fazer mais sentido.
Faz sentido criar o kit polémicas com os xingamentos em cima de noticias parciais, já nem digo fakes, acerca das nossas opiniões muitas vezes infundamentadas? Faz sentido expormos os detalhes da nossa vida privada para o mundo? Qual o objetivo? Qual o interesse de alguém saber que eu comi um prato y no lugar x com com a pessoa z? Qual é o interesse de mostrarmos ao mundo quem beijamos arrebatadamente? Ihihih Não sei, talvez seja interessante, excitante para terceiros aprovarem com um like que estamos bem, que superamos o nosso medo da solidão, que queríamos estar com a pessoa k, mas agora estamos com a pessoa w. Eu vejo muitas pessoas queridas e amigas fazendo isto e eu fico aí a pensar que é como tatuar o nome de alguém de que nos apaixonamos e até amamos, mas um dia a coisa já não é mais a mesma. Acabou por algum motivo sem a necessidade daqueles conflitos melodramáticos. Acabou. Ponto. E fica lá aquele nome no braço, de baixo da língua ( eu já vi Elsa tatuado debaixo da língua no tempo em que as tatuagens não eram moda e faziam-se em casa de qualquer maneira brrrrrr lhaca p'ra mim não!)
Daí eu penso muitas vezes o que quero contar ao mundo, o que quero partilhar. E na verdade quando partilhamos algo estamos nos a expor, talvez isso não agrade a toda gente. Paciência. Um ex amigo, vou considerar assim, várias vezes me expunha a outras pessoas, nomeadamente muito próximas e familaires que eu escrevia demais. Talvez isso o incomodasse. Incomodasse a ideia que faz acerca da sua masculinidade e da sua auto realização. Isso não é ser amigo. Um amigo compreende-nos, mesmo que não concorde e não zomba diante de terceiros acerca do que nos realiza e em que o propósito para nós de escrever, atuar, criar cada vez se torna mais claro.. Mas outros seres ficarão inspirados em compartilhar alives, audios, poemas, prosas, pinturas, esculturas, obras artísticas e cientificas, engenhocas, estilos de vida ecologicamente mais sustentáveis. Há gostos para tudo.
Mas onde é que eu queria chegar mesmo! Ah! Comecei por querer escrever para a página AR DULCE AR sobre "Os rapazes também choram" e acabou nisto!!! Agora que o ouvido está desentupido de água, água são sentimentos estagnados ou fluidos, escreverei sem parar ao som dos The Cure. Quem apreciar ler belezura, quem não pode passar pelas vidas dos you tuber que está tudo certo ou simplesmente contemplar o movimento duma árvore. Cada um com a sua vida, uns em prole dos Big Brother da vida outros em prole de outras coisas que superem isso.
A Piu
Br, 22/01/2020
Br, 22/01/2020
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