Por falar nisso! Onde anda a cadeira do Salazar? Sim, volvidos quarenta e dois anos há que fazer uma pergunta desse calibre. Essas perguntas, bem sei, não são muito agradáveis de fazer. É o mesmo que perguntar por aqui o que é feito dos desaparecidos entre 1964 e 1985. É tabu. E porque é que é tabu? Porque ainda existem muitos coniventes com o que aconteceu e outros muitos traumatizados por isso.
O que revira as vísceras é saber que entre coniventes e coniventes haviam os bufos, aqueles que bufavam, que delatavam, que espiolhavam a vida alheia para meter no rego dos mandões o que as pessoas pensavam e sentiam e deixavam de pensar e sentir. A cultura da desconfiança e do medo.
Quantas gerações passarão até que essas marcas profundas no agir de todos os dias se diluirão? É sinistro alguém espiolhar a vida do outro, acrescido ao facto de compactuar com um regime opressor. Seja este fascista, autoritário, totalitário ou falsamente democrático.
Vejo comigo a refletir qual a resposta que esses sanguessugas, esses abutres da vida alheia no individual e no coletivo merecem. Muitas vezes é mais fácil não recorrera um discurso de paz e dizer: "Merecem que façam o mesmo a esses espectros, essas sombras sem luz!"
Eu sou da opinião que esses seres viventes, que se focam negativo, merecem alguém que os guie espiritualmente, no silêncio e na escuta mais profunda de si e da mãe natureza para que se libertem das suas próprias algemas e correntes.
Ana Piu
Br, 11.03.2016
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