terça-feira, 11 de março de 2014

O KISPO, O CASACO VINTAGE, O CAPUCHINHO VERDE COM AS SUAS BOTAS ORTOPÉDICAS


Do lado esquerdo está o mano velho com o seu Kispo bestial. Sim! Porque um Anorak não é resistente aos dias invernosos madrilenos. No meio está a mãe Bia com um casaquinho, pá! que se eu o visse agora no armário faria o mair sucesso nas noites frias de Buenos Aires e até mesmo de São Paulo! Grande estilo! Gosto das golas! Depois estou eu com aquela capinha verde que durou anos até chegar à cintura. Um ponche e peras! Já as botas... ortopédicas... Fizesse chuva, sol, calor, Verão, Inverno... Enfim... Acho que depois desse calvário nunca me habituei a toda e qualquer coisa que fosse ortopédica!!!... Já não falando daquele aparelho para os dentes cuja fala saia cuspida...

Esta foto data de 1979. Madrid.  Penso que foi a minha primeira saída ao estrangeiro. Memorável. Ficamos vidrados, eu e  aquele ali do Kispo, colados numa vitrine a olhar para uma tv color! Não desgrudávamos tal era o entusiasmo! Também comi pela primeira vez yogurtes da Danone e recebia cromos em troca, cromos do Ursinho Jackie. A Fanta e a Coca Cola também era um" tu cá tu lá" nunca antes visto. Enfim, o consumo galopava em Espanha muito, mas muito mais que no Portugalito. "Nós" somos sempre os últimos, mas depois não nos ficamos atrás! Temos os maiores shoppings da Europa e uma árvore de Natal muitaaaa grande que se vê via satélite!

Hoje penso que curto mesmo é o calor! Em todos os lugares do mundo há maluqueiras, a vida e a morte convivem de perto. Na Colombia o cidadão comum tem de levar com as maluqeiras dos narcotráficos e outras indústrias de armamento financiadas pelos Big Brothers, na Dinamarca entre a plataforma e a linha do metro tem uma uma parede fibra de vidro para as pessoas não se suicidarem ali, no Brasil a desigualdade é tão grande que o perigo espreita em cada esquina ora das forças da autoridade ou ora pelo segregado, em Portugal algumas pessoas morrem aos poucos num slogan "No future", em Paris quando lá vivi a linha de metro para minha casa foi alvo de atentado bombista. Naquele dia e naquela hora tinha ido ao cinema, caso contrário não estava aqui a escrever estas babozeiras.

Enfim, não temer viver! Não temer aceitar que mais tarde ou mais cedo voamos para o espaço sideral. Enquanto isso aproveitemos para aquecer alma com Kispos, com casacos vintage, com folhas verdes de bananeira com abraços sinceros. E mais! Não esquecermos que podemos ser muito bacanas sem sermos bananas! Bananas no sentido de andar por cá só por andar. Porque andar por cá é muita boooom!


Pipiripipiu
Brasil, 11.3.2014

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