quinta-feira, 6 de março de 2014

E AÍ, GATINHA?

Ao escrever este título mesmo, mesmo agora por lapso escrevi gatunha. Renhauuuuu! A gata que se usa da unha. Pois, aviso já que alguns de entre nós se sentirão unhados. Até eu, eventualmente, me sentirei unhada. Mas bora lá! Que se o Carnaval é pura ilusão, merece pelo menos alguma reflexão.
Dizem que quando é Carnaval ninguém leva a mal. Que pode tudo! Eu cá acho, eu também acho muita coisa, que pode quase quase tudo desde que ambas as partes concordem. O pessoal beija a boca de quem não devia. Se se arrepende ou não no dia seguinte isso já é com cada um.
Ora no segundo dia de folia começa na Vila São João que lembra o bairro da Pipi das Meias Altas mas em versão tropical e segue até à Praça do Coco. As palhaças e os palhaços combinaram sair à rua.  Na verdade, depois de duas semanas intensas de oficina tanto de mulheres palhaças como de Labirintos Urbanos apetece-me relaxa e ser simplesmente eu na folia. De vez em quando coloco o nariz vermelho para brincar, mas quando sou eu no meu corpo que não extra cotidiano tiro o nariz.
Estamos num grupinho de mulheres, de vez em quando e por acaso até. Que quanto a mim andar na folia é ir e voltar, sou selvagem demais para estar sempre em grupo. Porém é bom reencontrar o grupo. Como tudo na vida.
Um grupo de uns 3 ou quatro jovens rapazes acercam-se de nós, de mim e de uma amiga, ou eu acerco-me deles. Já não lembro. A conversa entre nós não é sim nem não. É nim. Sem problema! Estamos na folia!
A uma dada altura os jovens de 20 e poucos anos retiram-se ligeiramente ao que parece combinam quem fica com quem. Aproximam-se de olhar brilhante e sorriso cúmplice entre eles. "Aiiiiii santa Engrácia da Aparecida do Axé do Murungá Cum Escamartilhãoooooo! Qu'esta m..... ? Moçalhada, prontus!" Nem dá luta! Aiiii! Por favor! Pensam o quê? Que é estalar os dedos e bora lá que se faz tarde! Aiiii! Amigos, conhecidos, eventuais leitores desconhecidos as coisas não funcionam assim! Se há quem curte ser carne para canhão força!
Enfim, nem falámos mais e eu acho que involuntariamente um sorriso cinico estampam-se-me no rosto e afasto-me. Pensando bem aquele pessoal podia ser meu filho. Vixeee má ria! Mas isso num é pruglema! A sedução e o amor não escolhe idades. Ah pois! Sim! Porque tem muito maduro por aí que ainda não amudereceu. Acha que não precisa de tratar bem o seu "objeto" de amor, que ao invés de valorizar desvaloriza assim que acha que ganha um pouco mais de confiança, faz do ciúme um joguete de sedução. Eh pá! Quanto à parte que me toca considero deprimente disputar homens com outras mulheres ou até mesmo com outros homens. Não considero as pessoas como troféus, muito menos bibelôs. Na verdade, verdadinha já cheira a alho tanta virilidade mal canalisada, tanto macho latinidade fora de prazo. Não dá para se acavalheirarem um cadinho e já agora não dar razão ao Vinicius quando ele canta:"que quem não vai porque tem medo de sofrer, porque a vida só se dá para quem se deu, para quem amou, para quem chorou, para quem sofreu. Quem nunca curtiu uma paixão, nunca vai ter nada não!"? 

Quanto ao sofrimento aqui a Doroteia Verborreia coloca algumas reticências. Que sofrimento? Gratuito não! Podemos até sentir achaques de saudade da ausência do ser amado. Mas a Doroteia Verborreia considera que podemos nos poupar uns aos outros no sofrimento e realmente nos entregarmos. E Brutus e Popeys do meu coração o pessoal cansou de fazer o papel de Olivias Palito. Caso contrário, mais vale só que mal acompanhad@s. Num é mesmo?

pipiripipiu
Ana Piu
Brasil, 6.3.2014

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