Nas costas leva a mochila com o necessário para que o peso seja leve. Debaixo do braço direito leva o pano com brincos, colares e pulseiras. Tudo feito na ponta do alicate. Tem também um colar com dentes de macaco, outro com dentes de jacaré, brincos com escamas de pirarucu.
No meio do caminho encontra um cachorro morto. Deve ter sido atropelado recentemente. Olha para a sua dentição e resolver aproveitar para catar material para futuros colares e brincos. Um homem passa de moto. Passa direto e sente pena do mochileiro. Meia hora mais tarde volta com um marmitex de arroz, feijão e alguns pedaços de carne e farofa para dar ao mochileiro. O mochileiro surpreende-se. O homem da moto explica que achou que ele quisesse comer o cachorro morto no meio da estrada. O mochileiro aceita o marmitex, mesmo tendo dinheiro no bolso. Oferece para quem ofereceu o marmitex. "Bom proveito!" fala o motoqueiro. O mochileiro, como forma de agradecimento, oferece o colar mais caro que tem no pano. Um colar de dentes de macaco lá de outras paragens, lá para os lados da selva. Despedem-se. Cada um no seu caminho. Um a pé, o outro de moto.
a na Piu
Brasil, 28.3.2014
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